Participação feminina avança na fiscalização agropecuária

Fernanda Toigo

Fernanda Toigo

Foto: Anffa Sindical

O Dia Internacional da Mulher é uma oportunidade para reforçar a importância da participação feminina em todas as áreas da sociedade – e no serviço público não é diferente.

As mulheres têm conquistado cada vez mais espaço, mas ainda há desafios a serem superados, especialmente em posições de liderança. O Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical) defende a equidade de gênero na carreira e acredita que essa transformação reflete uma tendência positiva e necessária.

Em outubro, a entidade vai promover o VII Congresso Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (Conaffa), um marco para a categoria, que completa 25 anos. O evento, que traçará as diretrizes da profissão para os próximos três anos, será coordenado por uma mulher: a delegada sindical do Rio Grande do Sul, Beatris Sonntag Kuchenbecker.

Com o tema “Inovação e fortalecimento sindical na defesa e evolução da carreira”, o VII Conaffa discutirá os desafios do sindicalismo na era digital e a necessidade de modernização das relações entre os profissionais, que são vinculados ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). “O trabalho feminino está consolidado em todas as áreas. A força de trabalho da auditoria fiscal federal agropecuária no Brasil está praticamente dividida entre homens e mulheres. Não ficamos atrás deles em nada”, destacou Beatris.

A auditora fiscal federal agropecuária Gisele Leite Camargo, que é coordenadora do Conselho dos Delegados Sindicais do Anffa, também destaca que a participação feminina no setor agropecuário vem crescendo, mas ainda há um longo caminho a ser percorrido. Ela é a primeira mulher a ocupar a função. “Acho que melhorou muito, mas ainda encontramos barreiras. O trabalho parcialmente remoto ajudou a conciliar a maternidade e a família, mas as mães ainda ficam sobrecarregadas, uma dupla ou tripla jornada. São muitos desafios além dos intrínsecos às nossas atividades e lutas”.

As duas auditoras apontam as características femininas como aliadas nas ações de fiscalização agropecuária. “As mulheres, de maneira geral, dão muita atenção à segurança alimentar e à qualidade dos alimentos, estão mais acostumadas a um olhar colaborativo, de atenção à saúde e à família. Isso repercute na nossa abordagem e atuação, onde temos que organizar e conciliar opiniões diversas, a convencer por argumentos e persistência e não pela força”, afirmou Gisele.

Beatris segue na mesma linha. “Historicamente, as mulheres têm uma preocupação maior com a própria alimentação e com a alimentação de sua família, assim como têm mais cuidados com a saúde. Essa característica nos permite ter uma visão mais aguçada e pode impactar positivamente na execução das atividades relacionadas à qualidade e segurança dos alimentos oferecidos à população brasileira e mundial”.

Embora nunca tenha sofrido desrespeito no exercício de suas funções, ela observa que há poucas mulheres em cargos majoritários no sindicato e na pasta, apesar de o país já ter tido duas ministras da Agricultura. Para ela, essa realidade também passa pelo desafio da autoconfiança feminina.

Para Beatris, a presença feminina ainda tem muito a conquistar. “Precisamos identificar lideranças femininas, promover capacitações específicas e apoiar as auditoras fiscais federais agropecuárias que enfrentem qualquer tipo de assédio, desrespeito ou violência”.

Gisele também destaca essa participação. “As mulheres, por terem vivências e formações diversas, veem as coisas de uma outra perspectiva. Atualmente somos uma parcela significativa de servidoras no Mapa, e estamos ampliando nossa participação no Anffa também em diversas funções e cargos. Uma realidade bem diferente da que me deparei anos atrás, onde as oportunidades para as mulheres eram raras e restritas. Era um ambiente muito reticente à participação feminina”.

Autor: Fernanda Toigo

Fernanda Toigo

Fernanda Toigo. Jornalista desde 2003, formada pela Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Cascavel. Iniciou sua carreira em veículos de comunicação impressos. Atuou na Assessoria de Comunicação para empresas e eventos, além de ter sido professora de Jornalismo Especializado na Fasul, em Toledo-PR. Em 2010 iniciou carreira no telejornalismo, e segue em atuação. Desde 2023 integra a equipe de Jornalismo do Portal Sou Agro. Possui forte relação com o Jornalismo especializado, com ênfase no setor do Agronegócio.

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