Ferrovias podem reduzir custos de transporte do agro, diz CNA
A CNA destacou a importância das ferrovias para o setor agropecuário em audiência pública na Comissão de Infraestrutura do Senado, que reuniu instituições públicas e privadas para discutir as concessões e a ampliação das ferrovias brasileiras.
A assessora técnica da Comissão Nacional de Logística e Infraestrutura da confederação, Elisangela Pereira Lopes, explicou que o transporte ferroviário é mais sustentável e tem um custo menor em relação ao rodoviário, mas ainda é pouco utilizado.
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“Na balança comercial temos uma importância relevante. No entanto, utilizamos predominantemente o transporte rodoviário, que tem o maior custo e traz maiores externalidades negativas para toda a população brasileira. Não dá mais para transportar mais 60% da nossa carga em rodovia tendo potencial para utilizar outros modos como o ferroviário.”
Elisangela afirmou que o Brasil está dividido em dois, onde a produção já se consolidou, nas regiões sul e sudeste, e onde a densidade de linhas férreas é maior, e as novas fronteiras agrícolas, onde a densidade das ferrovias é quase inexistente, com alguns exemplos das ferrovias Norte e Sul, Carajás, Fiol (em andamento) e Transnordestina.
Segundo ela, a safra brasileira tem crescido 12 milhões de toneladas por ano, desde 2009, sendo que nas regiões de novas fronteiras como Matopiba, Mato Grosso, Rondônia, Pará a produção tem crescido 10 milhões de toneladas/ano.
Elisangela abordou ainda a questão dos custos para implantação de novas linhas férreas no país, em torno de 20 milhões de reais por quilômetro, e citou números da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) sobre as ferrovias existentes atualmente, que totalizam 30 mil quilômetros com apenas 15 mil em funcionamento real.
“E isso fica muito claro quando a gente observa os últimos números da Infra S.A sobre a movimentação do agro nas ferrovias. Isso causa um pouco de espanto porque somente 18,5% de tudo que foi movimentado nas nossas linhas férreas no ano passado correspondeu a produtos agrícolas, sendo 72% de minério e 9,4% de outros produtos como a siderurgia, por exemplo. Ao se analisar o histórico observa-se que houve um crescimento, porque em 2010 o agro representava 11% de tudo que foi movimentado e nós passos a 18,5%. Percentualmente, parece uma evolução, mas será que é mesmo?”
A assessora técnica disse que quando se faz a análise por tonelagem, é possível ver melhor a situação da movimentação de carga do agro por ferrovia.
“A produção de soja e milho em 2023 foi pouco mais de 280 milhões de toneladas, sendo que desses, 200 milhões correspondem às novas fronteiras agrícolas, ou seja, 70% da produção do Brasil hoje está nessas novas fronteiras.”
Movimentação nas ferrovias – Segundo Elisangela, em 2010 mais ou menos 20 milhões de toneladas passaram pelas ferrovias do país, correspondendo a 20% da produção de grãos. Em 2023, os mesmos 20% permanecem, porque, ela explica, a produção aumentou significativamente e a oferta ferroviária, embora tenha crescido, continua estagnada.
“Então, isso traz uma preocupação para o setor. Até quando ficaremos cativos do modo rodoviário, percorrendo de 1,5 mil a 2 mil km para chegar com a carga em um supermercado ou porto? Existem projetos em andamento e vemos uma tendência de crescimento nos investimentos, mas eles têm que alcançar a velocidade da produção e não ficar atrás.”
A especialista ressaltou que a CNA defende a construção da Ferrogrão porque irá reduzir os custos do setor com transporte de carga. A linha de 933 quilômetros ligará a região de Sinop (MT) e Miritituba (PA).
“O cálculo é em torno de 30% de redução com os custos de transporte com a Ferrogrão e existe carga para isso. Além disso, a Ferrogrão tem uma série de benefícios sustentáveis, como a redução das emissões de CO2.”
Elisangela encerrou pedindo aos parlamentares apoio do Senado em prol de maior celeridade na tramitação do processo sobre a Ferrogrão, que está em andamento no Supremo Tribunal Federal.
“Quando a gente vê a previsão do IMEA de que a produção de grãos chegará a 149 milhões de toneladas até 2034, a gente vê que tem carga para movimentar na Ferrogrão. O estudo está pronto, mas fica aí a indefinição se teremos leilão no ano que vem mesmo ou não. A ANTT se manifestou dizendo que o leilão pode acontecer até 2025, então pedimos o apoio para que se consiga um horizonte mais claro do que de fato vai acontecer com a Ferrogrão.”
(Com Assessoria de Comunicação CNA)