Arrendamento de áreas é o principal componente do custo de produção do arroz

Fernanda Toigo

Fernanda Toigo

Foto: Epagri

Um levantamento coordenado pelo Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa) mostra que o principal componente do custo de produção do arroz em Santa Catarina voltou a ser o arrendamento de terras.

Na safra 2023/2024, cerca de 57,10% da área plantada com o cereal era arrendada ou cultivada em sistema de parceria. Conforme a economista e analista de Socioeconomia e Desenvolvimento Rural da Epagri/Cepa, Glaucia Padrão, esse tipo de sistema de produção é comum para a cultura, mas ganhou mais importância nos últimos anos e tem sido um dos responsáveis pelo aumento do custo de produção.

Industrialização da soja deve receber R$ 5,76 bilhões

Energia solar: piscicultores reduzem custos e aumentam produção

A Epagri/Cepa acompanha a evolução do custo de produção referencial do arroz desde 2019. Essas informações estão disponíveis no site do Observatório Agro Catarinense . No período de 2019 a 2023, o custo do arrendamento de um hectare para o plantio de arroz, em valores nominais, praticamente dobrou.

Passou de aproximadamente R$2,1 mil para R$4,1 por hectare, um crescimento de mais de 95%. Para a safra 2024/2025, a estimativa é de mais um aumento significativo nesse valor, que deve chegar a R$5,3 mil por hectare, de acordo com os dados levantados pela Epagri/Cepa no mês de julho.

Segundo ela, um aspecto que tem sido observado é que, de maneira geral, as áreas arrendadas alcançam menores produtividades médias do que aquelas que são de propriedade do produtor. Uma das possibilidades para esse resultado é a degradação do solo, que não recebe cuidados permanentes; outra é que, ao aumentar a área, alguns produtores optam por um pacote tecnológico mais barato, já que o montante total de recurso investido é maior.

Motivo do arrendamento

Conforme a economista, os motivos para a crescente participação do arrendamento na área plantada com arroz, em Santa Catarina, são diversos. Após o encerramento da safra 2023/2024, os extensionistas da Epagri aplicaram um questionário a diversos produtores que, entre outras questões, sondou os motivos do arrendamento. “Percebemos que os motivos são diversos, mas na maioria das situações não parece haver uma avaliação aprofundada sobre a rentabilidade potencial com ou sem o arrendamento de áreas”, explica Glaucia.

Entre os motivos apontados pelos agricultores está o aumento do custo de produção. Isso porque, com margens menores de lucro, alguns produtores buscam aumentar o volume produzido e, dessa forma, melhorar sua posição no mercado. Ou seja, o custo de produção é um dos motivos e, também, um dos fatores influenciados pelo arrendamento.

Glaucia explica que outro motivo é a diluição de custos fixos, especialmente com a manutenção de maquinário. “Mesmo que o maquinário fique parado, há um custo de manutenção, por isso, é mais vantajoso utilizar esses equipamentos para a produção”, afirma.

Por último, a saída de produtores da atividade também é indicada como motivo para o arrendamento, já que disponibiliza áreas já preparadas para o cultivo de arroz.
Aspectos a serem considerados

Para a economista, três aspectos precisam ser considerados no momento da decisão sobre arrendar ou não uma área para plantio. O primeiro é avaliar se existem ativos (máquinas e equipamentos) subutilizados que justifiquem a diluição dos custos.

O segundo é a produtividade média que o produtor alcança, pois esse é um fator que, combinado aos preços, permite uma maior ou menor capacidade de pagamento pelo arrendamento. Por último, é importante avaliar a projeção de preços para a safra. Esses valores podem mudar, mas a projeção auxilia, ao menos, na avaliação do risco que o agricultor está disposto a correr.

(Com Epagri)

Autor: Fernanda Toigo

Fernanda Toigo

Fernanda Toigo. Jornalista desde 2003, formada pela Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Cascavel. Iniciou sua carreira em veículos de comunicação impressos. Atuou na Assessoria de Comunicação para empresas e eventos, além de ter sido professora de Jornalismo Especializado na Fasul, em Toledo-PR. Em 2010 iniciou carreira no telejornalismo, e segue em atuação. Desde 2023 integra a equipe de Jornalismo do Portal Sou Agro. Possui forte relação com o Jornalismo especializado, com ênfase no setor do Agronegócio.

Entre em um
dos grupos!

Mais Lidas

Notícias Relacionadas