Alguém com quem contar: é isso que a Epagri representa para as famílias do campo e do mar quando eventos climáticos extremos atingem Santa Catarina. Fenômenos como secas prolongadas, chuvas intensas, vendavais, tornados, granizo e fortes geadas são cada vez mais frequentes na vida dos catarinenses.
Os profissionais da Epagri, presentes em todos os municípios, são os braços do Governo do Estado e da Secretaria da Agricultura e Pecuária (SAR) para levar soluções rápidas e fôlego para dar a volta por cima.
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Na primavera de 2023, o Estado foi colocado à prova com repetidos episódios de fortes chuvas, granizo, vendavais e tornados que devastaram áreas urbanas e rurais. Com base nos levantamentos da Epagri, cerca de 96 mil famílias da agricultura e da pesca, em 202 municípios, sofreram prejuízos. A estimativa do total das perdas com os eventos climáticos extremos chegou aos R$2,97 bilhões.
O Alto Vale do Itajaí e o Planalto Norte foram as regiões mais prejudicadas. Em vários municípios, os volumes de chuva de outubro e novembro superaram 200% da média histórica para o período.
As principais perdas aconteceram em culturas anuais, como fumo, arroz, cebola e também no trigo, que, na maior parte das regiões, estava em fase de colheita e pré-colheita. “Também tivemos perdas em pecuária de leite, pastagens, olericultura, fruticultura de clima temperado, estoques de produtos, benfeitorias e maquinários”, enumera Hoilson Fogolari, gerente do Departamento Estadual de Extensão Rural e Pesqueira da Epagri. Houve também muitos prejuízos indiretos, em função de doenças nas lavouras, perda de produtividade por atraso de plantio, problemas de floração e polinização, além de perdas de solo difíceis de mensurar no curto prazo.
Levantamento nas propriedades
A primeira ação da Epagri, sempre que ocorre um evento extremo com impacto no setor, é levantar as perdas nas propriedades rurais. Nesse trabalho, os extensionistas recebem apoio da Cidasc, das Secretarias Municipais de Agricultura e dos Conselhos Municipais de Defesa Civil e de Desenvolvimento Rural e Pesqueiro. É também com base nesses relatórios que o Governo do Estado formula as políticas públicas de resposta à crise.
Em 2023, a Epagri criou um novo sistema para fazer o monitoramento de perdas que tornou esse processo ainda mais ágil. E quando a primavera chegou, trazendo os fenômenos extremos, a empresa estava preparada para responder à altura da urgência da situação.
“O novo sistema é on-line, com informação instantânea e crítica de dados. Ele pode ser visualizado e monitorado pelos nossos gestores e pela SAR, permitindo um acompanhamento muito mais ágil”, explica Dilvan Ferrari, analista do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Cepa) da Epagri, responsável pelo sistema.
A partir desses levantamentos, o Governo do Estado disponibilizou programas de auxílio ao setor agropecuário que beneficiaram, até abril de 2024, 25.962 produtores rurais. No total, R$105,5 milhões estão sendo disponibilizados para a recuperação das propriedades rurais.
Solução para as famílias
Na hora de levar o apoio porteira adentro, a Epagri também entra em ação. Em cada município, os extensionistas elaboram os planos de recuperação das propriedades e realizam os projetos de crédito que dão acesso aos programas. Na execução desses projetos, os profissionais seguem prestando assistência técnica aos agricultores.
Para apoiar as famílias atingidas pelos eventos climáticos extremos em 2023, a Epagri elaborou, até abril de 2024, 8,3 mil projetos de crédito que deram acesso a programas apoiados financeiramente pela SAR. Destes, foram elaborados 6.465 projetos do Programa Pronampe Agro SC Emergencial Custeio Agropecuário, 1.824 projetos do Programa Reconstrói SC, 45 do Programa Investe Agro SC Emergencial e 27 do Programa Pronampe Agro SC Emergencial. Além disso, foram atendidos 17,6 mil produtores no Programa Terra Boa, por meio dos projetos Calcário Emergencial e Semente de Milho Emergencial.
Prevenção, previsão e alertas
Mas, antes do apoio, vem a prevenção. O trabalho da Epagri começa antes mesmo de o evento climático extremo chegar. Sempre que há essa previsão, a Epagri/Ciram emite avisos meteorológicos com 2 a 3 dias de antecedência em conjunto com a Defesa Civil do Estado. O objetivo é alertar a população e as autoridades para que tomem as medidas preventivas. Esse esforço permite que muitas famílias se antecipem à chegada de uma enchente, por exemplo, saindo de casa, retirando móveis, levantando equipamentos e diminuindo as perdas.
A Epagri/Ciram também faz o monitoramento hidrológico de Santa Catarina, buscando diagnosticar diferentes tipos de impactos causados pela influência das águas superficiais nas bacias hidrográficas. Através desse serviço é possível monitorar, em tempo real, o nível dos principais rios que cortam o Estado, alertando sobre possíveis inundações e informando sobre a disponibilidade hídrica no território estadual.
A solução é sustentável
O caminho para mitigar os efeitos das mudanças climáticas e reduzir os problemas causados por fenômenos naturais extremos é a sustentabilidade. Por isso, a Epagri direciona seus esforços nas áreas de pesquisa agropecuária e extensão rural para a produção sustentável de alimentos e a preservação dos recursos naturais.
Nas lavouras, uma das práticas de maior impacto é o plantio direto, que prevê uso de plantas de cobertura, mínimo revolvimento do solo e rotação de culturas. Entre outras vantagens, esse manejo contribui para o sequestro de carbono, eleva as taxas de infiltração de água no solo e minimiza os efeitos da erosão.
Outra tecnologia em expansão no Estado é o terraceamento das lavouras. Construídos em nível, de modo a reter o escoamento da água, os terraços são estruturas capazes de disciplinar o fluxo da enxurrada. Esse sistema controla a erosão, promove a infiltração da água no terreno e pode até mesmo conduzi-la a áreas específicas para o armazenamento e escoamento posterior.
Esse trabalho se estende por todo o território catarinense. Em 2023, a Epagri foi responsável pela implantação de 15,3 mil hectares com manejo conservacionista do solo. Dessa área, 469 hectares foram destinados ao Sistema Plantio Direto de Hortaliças (SPDH) e 943 hectares foram terraceados. Outros 2.770 hectares foram implantados com pastagens perenes.
A preservação da água também é prioridade. Durante o ano, a Empresa apoiou a proteção de 389 fontes, a implantação de 49 hectares de mata ciliar, a instalação de sistemas de irrigação em 476 hectares de lavouras e pastagens e o aumento de 451 mil metros cúbicos na capacidade de reserva de água dentro das propriedades rurais em todo o Estado.
Programa emergencial ajuda famílias a reconstruir suas propriedades rurais
A propriedade de Marcos e Clarice Dalfovo, em Presidente Getúlio, no Alto Vale do Itajaí, foi uma das atingidas pelas fortes chuvas da última primavera. “Foi bem assustador. Moro aqui desde que nasci e nunca vimos um episódio desses, com tanta chuva”, lembra Marcos. A família recebe acompanhamento da Epagri há cerca de 20 anos e trabalha com foco na pecuária leiteira. A produção varia de 15 a 20 mil litros por mês.
Quando as fortes chuvas chegaram, a propriedade sofreu uma série de danos: bueiros e estradas foram destruídos, o acesso dos animais para as instalações ficou comprometido, além do prejuízo na produção de leite e nas pastagens. “No fumo, perdemos entre 30% e 40%. No milho silagem, perdemos em quantidade e qualidade. Além disso, o leiteiro não vinha buscar o leite e a gente diminuiu a ração dos animais por um tempo para reduzir a produção”, conta o agricultor.
Marcos teve que fazer os consertos imediatamente na propriedade para seguir com o trabalho. Mas no fim do ano, com apoio da Epagri, conseguiu financiar os materiais e serviços usados na recuperação através do Programa Emergencial Reconstrói – SC. Graças a esse apoio, dos R$12 mil investidos na obra, Marcos vai pagar apenas 50% num período de cinco anos.
Agora que a propriedade começa a voltar ao ritmo, a família está mais tranquila para seguir em frente. “A produção das vacas ainda não se recuperou totalmente, mas, aos poucos, vai voltar. Sempre traz tranquilidade saber que a gente pode ter auxílio em um momento desses”, diz o produtor.
Conheça essas e outras tecnologias da Epagri no Balanço Social 2023.
Por Cinthia Andruchak Freitas – jornalista da Epagri.
(Com Epagri)