Carne artificial: o que é e como é feita?

Fernanda Toigo

Fernanda Toigo

fonte: Por World Economic Forum

carne artificial, carne de laboratório ou carne cultivada, é uma novidade que está cada vez mais perto de chegar aos mercados. A proteína animal cultivada in vitro está na mira dos investimentos de várias empresas. Ela já evoluiu muito desde que o pesquisador holandês Mark Post apresentou ao mundo o primeiro hambúrguer feito com carne artificial, em 2013.

O experimento, financiado por Sergey Brin, co-fundador do Google, foi resultado de 5 anos de pesquisa. Ele é produzido a partir de células-tronco bovinas e sua reprodução, cultivadas e alimentadas com nutrientes em laboratório.

Sem espinhos e resistentes a pragas: novas variedades de abacaxi 

Epagri adota escritórios da Emater do RS para ajudar agricultores

Professor de fisiologia da Universidade de Maastricht, na Holanda, Post desenvolveu a técnica de cultivar células-tronco de origem animal. Especificamente, células encontradas em nervos e na pele da vaca, que são retiradas por pequenas punções indolores aos animais. Assim, elas viram tecidos de gordura e músculos.

As células animais retiradas são colocadas em uma cultura rica em nutrientes e elementos químicos e vão se multiplicando, produzindo inicialmente pequenas tiras de músculo. Depois as tiras são unidas, coloridas e misturadas com gordura, formando um pedaço de carne artificial. Ao todo, o processo demora cerca de 21 dias.

Em paralelo, pesquisadores da Universidade McMaster desenvolveram uma maneira de fazer carne artificial empilhando finas folhas de músculo cultivado e células de gordura cultivadas em laboratório. A técnica é adaptada de um método usado para cultivar tecidos para transplantes humanos.

As folhas de células vivas, cada uma com a espessura aproximada de uma folha de papel de impressora, são primeiro cultivadas em cultura. Depois, são concentradas em placas de crescimento antes de serem removidas e empilhadas ou dobradas juntas. As folhas se ligam naturalmente umas às outras antes que as células morram.

Como é feita a carne artificial?

O primeiro teste de Post resultou em uma carne muito seca, pois não continha gordura. Aos poucos, o pesquisador foi refinando seu processo de produção, tanto no sentido de melhorar o gosto e a aparência da carne artificial quanto para diminuir o seu preço.

Em 2013, o hambúrguer de Post custou 325 mil dólares e atualmente já tem seu preço estimado em 11 dólares. Em 2015, o holandês se juntou com Peter Verstrate para fundar a Mosa Meat. Esta é uma empresa que vem trabalhando para lançar a carne artificial no mercado com um preço similar ao da carne moída convencional, meta comum a todas as suas concorrentes.

Qual é a vantagem de produzir carne em laboratório?

A produção de carne cultivada pode ser uma saída sustentável para alimentar a crescente população mundial. O processo usa bem poucos animais e reduziria drasticamente as emissões de gases do efeitos estufa provenientes das criações. Sua produção evita também os maus-tratos e o abate dos bichos. O consumo de água necessário para a produção também é muito menor que na pecuária.

Além disso, a carne de laboratório não necessita de hormônios para sua criação, o que evitaria contaminações e problemas de saúde. O objetivo dos cientistas é eliminar ao máximo a necessidade de usar elementos animais na produção da carne artificial. Dessa forma, ela é produzida com menor impacto ao meio ambiente do que a carne bovina, por exemplo.

Startups

Post ganhou concorrentes de peso, como a Memphis Meats, sediada em São Francisco, nos Estados Unidos. Com apoio de nomes como Bill Gates, fundador da Microsoft, Richard Branson, do grupo Virgin, e da Cargill, gigante da área de agricultura e alimentação, a empresa americana já conseguiu simular carnes de vaca, porco, frango e pato.

Eles chegaram a usar tecido fetal retirado do sangue de novilhos não nascidos para dar início ao processo de cultura das carnes artificiais, mas alegam não usar mais o fluido. O ramo conta ainda com outras quatro startups americanas: Hampton CreekBeyound MeatClara Foods e SuperMeat.

Um estudo da Escola de Psicologia da Universidade de Queensland, em fevereiro de 2017, analisou as opiniões dos americanos em relação à carne cultivada in vitro. 673 pessoas responderam um questionário on-line.

Nele, foram dadas informações sobre a carne artificial e feitas perguntas sobre suas impressões com relação a ela. 65% dos entrevistados disseram estar dispostos a experimentar a novidade. No entanto, apenas um terço pensa que poderia usá-la regularmente ou para substituir a carne tradicional.

Embora nenhum animal seja abatido para a produção da carne artificial, os vegetarianos alegam que são necessários recursos animais para a sua fabricação. Já os admiradores da carne veem o produto com alguma apreensão. Em especial por conta das possíveis diferenças de sabor e textura entre a versão artificial e a carne de verdade.

Bioimpressão

Mas os avanços da impressão 3D podem mudar isso. A startup israelense Aleph Farms revelou o primeiro bife cultivado em laboratório usando a bioimpressão que permite recriar qualquer corte de carne.

Usando um dispositivo semelhante a uma impressora, a empresa estabelece camadas de suporte, células de gordura, células sanguíneas e células musculares. Elas são colocadas em uma incubadora para crescer e se transformar em bife.

As células reais são usadas a fim de adquirir a textura e as qualidades de um bife real. No entanto, pode levar algum tempo para que esses bifes cheguem aos supermercados. Ainda não se sabe os custos de uma carne cultivada dessa maneira.

O grande desafio das produtoras é igualar os preços da carne artificial aos da indústria frigorífica. Afinal, os benefícios ambientais e para a sustentabilidade são muitos. Se conseguir ser acessível, a carne artificial é uma saída limpa para a alimentação do futuro.

Entretanto, o que se questiona é: seria uma opção saudável e sustentável mesmo? Há quem defenda que nenhum alimento de laboratório pode ser realmente sustentável. Por isso, uma alimentação saudável com base em vegetais precisa contar com a agricultura agroecológica.

Quais seriam as desvantagens da carne artificial?

Assim como a carne convencional, esse tipo de carne pode ser prejudicial à saúde. Apesar de ser mais sustentável, a carne de laboratório é mais barata e pode ser vítima da superprodução. Isso, consequentemente, pode levar à obesidade e outros problemas de saúde relacionados ao consumo da carne convencional.

Uma outra alternativa à pecuária são as proteínas plant based (à base de plantas). Conheça mais sobre essa opção na matéria “Entenda os benefícios e os possíveis riscos da carne vegetal”.

(Com MSN)

Autor: Fernanda Toigo

Fernanda Toigo

Fernanda Toigo. Jornalista desde 2003, formada pela Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Cascavel. Iniciou sua carreira em veículos de comunicação impressos. Atuou na Assessoria de Comunicação para empresas e eventos, além de ter sido professora de Jornalismo Especializado na Fasul, em Toledo-PR. Em 2010 iniciou carreira no telejornalismo, e segue em atuação. Desde 2023 integra a equipe de Jornalismo do Portal Sou Agro. Possui forte relação com o Jornalismo especializado, com ênfase no setor do Agronegócio.

Entre em um
dos grupos!

Mais Lidas

Notícias Relacionadas