Febre do maruim começa a preocupar no Sul do País

Fernanda Toigo

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Foto: Reprodução

O mosquito maruim, que  tem tirado a paz dos catarinenses não tem nenhuma relação com Aedes aegypti e nem com o famoso borrachudo.  O Maruim é uma espécie que precisa de matéria orgânica em decomposição para se desenvolver. Os criadouros são diferentes tipos de matéria orgânica em decomposição, seja topo de bananeira, topo de palmáceas, esterqueiras e a própria lama.

“No caso do maruim, a partir do criadouro, ele pode chegar à pessoas que estejam a uma distância de até mil metros. Mas se observarmos que em todos os lados dos 360 graus tem matéria orgânica em decomposição, pode-se afirmar que o Maruim está presente na rotina. Basta ter temperatura acima dos 28 graus para estarem se reproduzindo e adultos aparecendo e picando. As fêmeas precisam sugar sangue. São hematófagas para produzir ovos e esse ataque se dá a qualquer mamífero: equinos, bovinos, animais domésticos  e humanos, causando alergia, coceiras e trazendo desconforto muito grande”, observa Wilson Reis Filho, Pesquisador da Epagri da Estação Experimental de Itajaí.

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Um dos temores é a febre do maruim, o que já é um problema no Norte do País e agora um receio também do Sul. Segundo o Ministério da Saúde, em 2023  832 pessoas foram diagnosticadas com a doença. Neste ano, o número de casos confirmados já subiu para 3.354. O estado do Amazonas concentra a maioria dos casos, com 2.528. Seguido por Rondônia 574, Acre 108, Bahia 31. Na região Sul, todos os estados já confirmaram casos, sendo quatro no Paraná, três em Santa Catarina e três no Rio Grande do Sul.

A cidade de Jaraguá do Sul ainda não registrou nenhum caso da doença, mas pelo nível da infestação de maruins, o medo é grande. Como a proliferação do mosquito está fora do controle, se a doença chegar, alcançará níveis proporcionais.

A infestação de Maruins não é um problema novo em Santa Catariana, mas se agrava em algumas épocas. “Isso acontece por influência de fatores de temperatura, umidade e sobretudo em algumas regiões onde bananeiras são mais comuns. O mosquito maruim também é chamado de mosquito do mangue ou mosquito pólvora. Ele se cria até na lama do mangue, em buracos de caranguejo. A medida que as cidades foram ficando mais próximas do mangue, as fêmeas do maruim foram tendo mais sangue a disposição, picar mais pessoas e se reproduzir mais. Ao mesmo tempo houve ampliação no cultivo da bananeira e na atividade de criação de gado, que oferecem aos mosquitos as esterqueiras como criadouro. Tudo foi contribuindo para aumentar a população”, explica o pesquisador da Epagri.

Sobre formas de controle, Wilson destaca a limpeza, redução de matéria orgânica, menos criadouros nas proximidades onde há concentração populacional . “Uma pesquisa feita em 2020 apontou que a larva de um maruim precisa de um PH acima de 9 para se desenvolver. Ou seja, qualquer coisa que se faça para deixar mais ácido, freia o desenvolvimento da larva. Mas ainda não existe nada oficialmente registrado para o controle do maruim. Tudo precisa ser estudado”.

O trabalho mostrou que 60% da população do maruim é proveniente dos cepos de bananeira, mas não justifica dizer que a cultura é culpada pela proliferação do mosquito. Ele estaria se reproduzindo em qualquer fonte de decomposição.

O pesquisador destaca ainda que todas as formas de controle que vierem a surgir, por mais eficazes que sejam, precisarão ser repetidas todos os anos. “A ideia é se estudar um componente biológico da natureza que fizesse voltar o equilíbrio populacional do maruim, são ações de implementação e um estudo a longo prazo. Agora o que se pode orientar à população é o uso de repelente, óleo de eucalipto, citronela, telas nas janelas até que se tenha solução mais definitiva”, observa Wilson Reis Filho.

Autor: Fernanda Toigo

Fernanda Toigo

Fernanda Toigo. Jornalista desde 2003, formada pela Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Cascavel. Iniciou sua carreira em veículos de comunicação impressos. Atuou na Assessoria de Comunicação para empresas e eventos, além de ter sido professora de Jornalismo Especializado na Fasul, em Toledo-PR. Em 2010 iniciou carreira no telejornalismo, e segue em atuação. Desde 2023 integra a equipe de Jornalismo do Portal Sou Agro. Possui forte relação com o Jornalismo especializado, com ênfase no setor do Agronegócio.

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