Foto: Paulo Lanzetta

Nova variedade de pessegueiro tem colheita depois da safra

Tatiane Bertolino
Tatiane Bertolino
Foto: Paulo Lanzetta

Pesquisadores desenvolveram uma variedade de pessegueiro que permite colheitas após o período da safra, o que vem suprir uma lacuna de suprimento da fruta no mercado. A BRS Sarau é própria para o consumo in natura e apresenta alta qualidade, firmeza de polpa, sabor doce e baixa acidez. Com produtividade estimada em 20 toneladas por hectare, ela é indicada para ser cultivada nas Regiões Sul e Sudeste do País, tradicionais produtoras de frutas para consumo de mesa. A Embrapa procura agora viveiristas, para que reproduzam a cultivar, as multipliquem e as vendam aos fruticultores. Por isso, a nova fruta ainda levará um tempo até chegar às gôndolas dos mercados.

Apresentação e oferta a viveiristas
A apresentação da cultivar está marcada para ocorrer durante o 28º Congresso Brasileiro de Fruticultura, entre os dias 6 a 10 de novembro, no Centro de Eventos Fenadoce, em Pelotas (RS).

Os viveiristas interessados já podem se candidatar, por meio do edital de licenciamento aberto no site da Embrapa, para multiplicar esse material. O comunicado de oferta nº 15/2023 de material propagativo de pêssego BRS Sarau está aberto. A manifestação de interesse nos lotes deve ser feita por e-mail até às 17 horas de 17 de novembro de 2023. Serão contemplados os produtores que enviarem e-mail com o assunto “Comunicado de Oferta nº 15/2023” para [email protected], por ordem de recebimento, até o esgotamento dos lotes, contendo as informações detalhadas no edital.

A nova cultivar
A BRS Sarau inicia a maturação dos frutos, em média, dez dias após o início da cultivar mais usada atualmente, na região de Pelotas (RS), e, embora produza frutos de menor tamanho, eles são de melhor sabor, o que, aliado à época de maturação, faz dela excelente opção para continuidade da colheita e oferta de frutas de qualidade ao mercado consumidor. O novo material deverá substituir a antiga cultivar de pêssego Chiripá.

“A cultivar BRS Sarau tem como meta ocupar 3% da área plantada nacionalmente com pêssego de mesa, quando consolidada no mercado, após cinco anos do lançamento”, estima o pesquisador Elbio Treicha Cardoso, responsável pelo acompanhamento nas negociações das tecnologias da Embrapa Clima Temperado (RS). Ele informa que só o Rio Grande do Sul, o maior estado produtor de pêssego, apresenta uma produção de 110,2 mil toneladas anuais.

Segundo os dados da pesquisa, a variedade tem alta produtividade, possuindo uma ampla faixa de adaptação no Sul e Sudeste do País. O tamanho e a forma do fruto atendem às exigências do mercado. “Uma das questões necessárias no mercado de frutas de caroço, no caso do pêssego, era ofertar um fruto com uma época de maturação tardia. A BRS Sarau vai permitir que o consumidor possa ter acesso à fruta por mais tempo dentro da sua dieta, já que ela amadurece bem depois, em uma época em que não se tinha oferta de frutas de alta qualidade”, declara o pesquisador Rodrigo Franzon, que participou do trabalho.

A pesquisadora Maria do Carmo Bassols Raseira, líder do estudo, disse que uma das grandes vantagens da nova cultivar é o fruto de qualidade em época tardia, quando já não se tem muitas opções de frutas no mercado. “Ela é uma cultivar apropriada para as festas de fim de ano, com frutos vigorosos no mês de dezembro, quando chega o Natal e as comemorações de Ano Novo”, comenta.

A BRS Sarau é uma cultivar com bom estado sanitário, tendo relativamente baixa incidência de doenças e fungos. A cultivar apresenta suscetibilidade à bacteriose, quando cultivada em áreas expostas a ventos fortes, para as quais os estudos recomendam o uso de quebra-vento.

Na avaliação econômica, a BRS Sarau está apta à produção voltada aos empreendimentos rurais dedicados à cultura do pêssego, aos produtores de base familiar e às empresas do setor de atacadista de frutas de caroço. “Há uma projeção para que o fruticultor fature em torno de 30 mil a 40 mil reais por hectare, com a utilização da nova cultivar”, projeta Cardoso.

O pêssego no Brasil
Mesmo havendo uma redução na área cultivada com pêssegos, entre os anos de 2008 e 2017, de 21 mil hectares (ha) para 17 mil ha, a produção permaneceu estável, em torno de 240 mil toneladas anuais. “Isso é resultado da adoção de melhores técnicas de manejo e novas cultivares ofertadas ao mercado”, considera Cardoso.

O País vem num movimento crescente de importação de frutas de caroço. De acordo com os dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, para consumo in natura foram importados, nos anos de 2016, 2017 e 2018, respectivamente, 11 mil, 9 mil, e 10,6 mil toneladas de pêssegos frescos. Só em 2018 o valor dessa importação ultrapassou os US$ 13 milhões.

“A quantidade importada indica que a demanda por frutas de caroço é crescente. Por isso, o desenvolvimento de uma cultivar de pêssego contribui para reduzir a importação e, por consequência, aumentar a renda dos produtores. Impacta ainda a cadeia de fornecedores da fruticultura, provocando uma movimentação positiva na economia”, avalia o pesquisador. Mas, segundo ele, tudo irá depender da adoção da cultivar e de como o mercado de frutas de caroço se comporta nos próximos anos.

Com Embrapa

(Tatiane Bertolino/Sou Agro)

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