Foto: Tom Jemski /University of Maryland Medical Center

O homem com coração de porco: um mês após cirurgia, paciente reage bem ao transplante

Débora Damasceno
Débora Damasceno
Foto: Tom Jemski /University of Maryland Medical Center

A evolução da medicina tem trazido resultados surpreendentes, como é o caso do transplante de coração de porco em humanos. Em todo mundo, apenas dois procedimentos assim, foram feitos até agora. O segundo foi feito por Cientistas da Universidade de Medicina de Maryland, nos Estados Unidos.

O paciente é Lawrence Faucette, de 58 anos, que já não estava mais na fila de transplantes tradicional por conta de complicações do estado de saúde dele, considerado em estágio terminal da doença cardíaca.

Fato é que a cirurgia realizada em setembro é considerada um sucesso. Segundo os médicos, o coração está funcionando por conta própria e não mostra sinais de rejeição: “Os médicos que cuidam dele acreditam que sua função cardíaca é excelente. Não tivemos nenhuma evidência de infecções e nenhuma evidência de rejeição no momento”, disse o Bartley Griffith, diretor do Programa de Transplante Cardíaco e Pulmonar da Escola de Medicina da Universidade de Maryland.

Os cuidados estão demonstrando que o coração do animal está funcionando muito bem em Lawrence: “estamos retirando todos os medicamentos que inicialmente apoiavam seu coração. Então agora o coração dele está fazendo tudo sozinho. Estamos trabalhando muito com nossa equipe de fisioterapia, que dedica muito tempo ajudando-o a recuperar as forças que perdeu durante o último mês de internação hospitalar”, disse Muhammad Mohiuddin, diretor do Programa de Xenotransplante Cardíaco da UMMC, em uma atualização.

Faucette é casado, pai de dois filhos e um veterano de 20 anos da Marinha. Ele foi internado pela primeira vez em 14 de setembro, após apresentar sintomas de insuficiência cardíaca. Enquanto estava no hospital, seu coração parou duas vezes: “Minha única esperança real é optar pelo coração de porco, o xenotransplante”, disse Lawrence ao hospital em entrevista internam dias antes da cirurgia.

“Não temos outras expectativas a não ser passar mais tempo juntos”, disse sua esposa, Ann Faucette, na época.

O CORAÇÃO

O coração de porco utilizado veio de um porco geneticamente modificado da Revivcor, uma subsidiária da United Therapeutics Corporation. O porco teve 10 genes editados, incluindo três genes “nocauteados” ou inativados para eliminar o açúcar alfa-gal das células sanguíneas do porco, o que pode desencadear uma reação grave no sistema imunológico humano, causando rejeição de órgãos.

Um gene suíno adicional foi modificado para controlar o crescimento do coração do porco, enquanto seis genes humanos foram adicionados ao genoma do porco para aumentar a aceitação pelo sistema imunológico. O FDA aprovou pela primeira vez os porcos com edição genética para potencial uso e consumo terapêutico em 2020.

Atualmente não existem ensaios clínicos que utilizem órgãos de suínos para transplantes em seres humanos vivos. Os médicos também trataram o paciente com um tratamento experimental com anticorpos para suprimir ainda mais o sistema imunológico e prevenir a rejeição. Ele continua a ser monitorado quanto a quaisquer sinais de rejeição ou qualquer desenvolvimento de vírus relacionados a suínos.

O porco doador também foi examinado de perto quanto a qualquer sinais de vírus ou patógenos. O hospital disse que Lawrence consentiu totalmente com o tratamento experimental e foi informado de todos os riscos. Além disso, ele passou por uma avaliação psiquiátrica completa e discutiu seu caso com um especialista em ética médica.

PRIMEIRA CIRURGIA

A primeira cirurgia experimental foi em David Bennett, de 57 anos, em janeiro de 2022. Bennett morreu dois meses após a cirurgia. Embora não tenha havido sinais de rejeição nas primeiras semanas após o transplante, uma autópsia concluiu que Bennett morreu de insuficiência cardíaca devido a “um complexo conjunto de fatores”, incluindo a condição de Bennett antes da cirurgia.

Bennett já havia sido hospitalizado e mantido em uma máquina de bypass cardíaco e pulmonar por seis semanas antes do transplante. No entanto, um estudo de caso realizado pelos médicos publicado no Lancet também observou que havia evidências de vírus suínos que não haviam sido identificados anteriormente.

(Com Agências e CNN)

(Débora Damasceno/Sou Agro)

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