Araucária Anã: Cuidado com o golpe! Mudas são vendidas em viveiros cadastrados na Embrapa
O desenvolvimento da araucária anã foi concluído em 2015 e desde então, a nova variedade tem ganhado adeptos no Estado. O recente plantio da espécie em Cascavel despertou a curiosidade geral e a busca por mudas virou febre.
Entretanto, o pesquisador que atuou no desenvolvimento da espécie alerta para evitar ir com tanta sede ao pote e agir com cautela na hora de adquirir a planta. “Para quem não quer produzir a própria muda e está em busca de adquirir é importante ficar atento com a procedência do produto. A variedade está disponível em viveiros, nós temos no site da Embrapa uma relação dos que tem à disposição. Mas existem vendedores que circulam nas propriedades oferecendo a muda, garantindo ser a variedade anã, mas muitos podem ser golpes. Por isso, a orientação para evitar comprar um muda que não seja a desejada é ligar para o viveiro que o vendedor diz representar, questionar qual a procedência do produto”, alerta o pesquisador da Embrapa Florestas, Ivar Wendling.
Você pode fazer a sua muda de araucária anã
Para quem não quer ou não consegue comprar a muda, o pesquisador aconselha que ela pode ser confeccionada. “A muda pode ser produzida, porque ela é um enxerto de uma araucária mais velha, mas é preciso ir em busca de literatura sobre o tema para aprender a técnica correta. O protocolo desenvolvido pela Embrapa para produção de mudas utiliza a técnica de enxertia a partir de brotos da copa da árvore. Estes brotos que serão enxertados têm a ‘idade ontogenética’ da árvore de onde foram coletados, então vão se comportar como árvores adultas, por isso as novas plantas começam a produzir o pinhão em muito menos tempo, além de reduzir o porte das árvores. Então precisa seguir o passo a passo certinho para chegar a variedade desejada e ficar atento também ao sistema de produção desenvolvido junto com a espécie, que prevê uma cova e espaçamento entre as plantas maior que o tradicional, adubação específica entre outros detalhes específicos”, explica Ivar.
Outra opção é a contratação de profissional com capacidade técnica para fazer o enxerto. Esse tipo de ajuda pode ser buscado também junto aos extensionistas do IDR-PR mais próximo da sua cidade.
- Alto custo de produção: o que pesa no bolso do avicultor paranaense?
- Do Brasil para o mundo: mais um país vai comprar nossa carne de frango
Vantagens da espécie
Além da produção de pinhão na metade do tempo das variedades tradicionais (em média 5 anos), a técnica também auxilia na garantia de cultivo pinhão com as características mais desejadas pelo mercado consumidor. “Quando você vai fazer o enxerto precisa escolher a melhor matriz (árvore onde vai coletar a muda), que se encaixa no seu objetivo. Que pode ser a época de produção, composição nutricional, produtividade, tamanho e formato do pinhão, entre outras “, detalha o pesquisador.
Outra vantagem da técnica de enxertia é a possibilidade de posicionamento estratégico de mudas macho e fêmea. “Como a araucária é uma planta dioica (possui árvores-macho e árvores-fêmea), também foram desenvolvidas técnicas que favorecem a fecundação das pinhas. Por meio da técnica de enxertia você consegue cultivar muito mais plantas fêmeas, responsáveis pela produção do pinhão do que macho, que são necessários para a fecundação. Se você plantar as sementes vai ter 50% de plantas fêmeas e 50% macho. Já na com a enxertia você consegue escolher qual vai cultivar e maior número. Então é possível plantar 83% fêmeas em uma determinada área e somente 17% de machos, e ainda posicioná-los de forma estratégica para favorecer a polinização. Com isso o volume de produção tem ganho significativo”, alerta o pesquisador da Embrapa Florestas, Ivar Wendling.
- Calculadora de sementes forrageiras está disponível para produtor rural
- Tendência: Cultivo do lúpulo cresce no Rio Grande do Sul
Como a variedade foi desenvolvida
A variedade de araucária que possibilita a produção mais rápida de pinhão começou a ser desenvolvida em 2002, pelo pesquisador da Embrapa Florestas-PR, Ivar Wendling, e na ocasião com outro foco. “Quando a pesquisa começou, o foco era fazer a enxertia para desenvolver uma espécie com foco na produção de madeira. Mas conforme o trabalho avançou, vimos uma potencialidade em aplicar a técnica na produção do pinhão, para assim aumentar a renda das famílias com a venda do produto. E em 2016, o meu trabalho se encontrou com um semelhante desenvolvido pela UFPR (Universidade Federal do Paraná). Nós já tínhamos conhecimento de outras espécies de árvores, em que se faz o enxerto pegando pedaços da copa alcançando produção precoce e fomos aprimorando a técnica. Assim chegamos a essa variedade que produz em média na metade do tempo da araucária tradicional. Ela precisa de pelo menos cinco anos para produzir porque o pinhão, independente da variedade, tem um ciclo de formação de 3 a 4 anos. Para se ter uma ideia, os frutos que vamos colher em 2026, estão sendo produzidos pela planta neste momento”, explica o pesquisador.
Mesmo com o sucesso da variedade, a pesquisa segue em busca de variedades que possibilitem a produção “fora de época”. “Estamos melhorando a técnica e desenvolvendo novas variedades. O foco é ter uma produção em épocas também de calor, garantindo uma oferta mais estável e contínua do produto, permitindo com que indústrias possam ter essa segurança e assim desenvolvam produtos à base de pinhão. A ideia é valorizar o que é nosso!” conclui o pesquisador da Embrapa Florestas, Ivar Wendling.