Produção de fécula de mandioca recuou ao longo de 2022

Emanuely
Emanuely

#sou agro| Depois de avançar por dois anos consecutivos, a produção de fécula de mandioca recuou ao longo de 2022, conforme mostra levantamento anual realizado pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, em parceria com a Abam (Associação Brasileira dos Produtores de Amido de Mandioca), que mapeia e caracteriza a indústria e mensura a produção de fécula e sucedâneos no Brasil.

O estudo do Cepea/Abam evidenciou os desafios enfrentados pela cadeia produtiva no último ano, como forte restrição na oferta de raiz de mandioca no campo e menor rendimento de amido na extração industrial. Como resultado desse cenário, o volume de raiz processado diminuiu, e, consequentemente, a produção de fécula caiu – inclusive, a quantidade de fécula foi a mais baixa em três anos. Como a demanda se manteve relativamente estável em 2022, os preços de negociação subiram de forma expressiva.

O levantamento mostra que, em 2022, o esmagamento de mandioca pela indústria de fécula recuou 4,6%, somando 2,55 milhões de toneladas. Agentes consultados pelo Cepea/Abam relataram que algumas variedades apresentaram expressiva diminuição na extração de amido – na média, o rendimento industrial teve queda de 12,8% em 2022. Com isso, houve diminuição de 17,4% no volume de fécula produzido, que totalizou 525,6 mil toneladas, o menor desde 2019.

Também houve retração na produção de outros derivados, como misturas para pão de queijo, polvilho doce, polvilho azedo, amidos modificados e de tapioca. Os dados do estudo revelam que o baixo uso da capacidade e o menor rendimento industrial pesaram sobre a eficiência da indústria de fécula, em termos técnicos.

Diante da menor produção, os preços da fécula subiram ao longo de todo o ano de 2022 – a média nominal ficou 71,2% acima da de 2021. O VBP (Valor Bruto da Produção) nominal da indústria de fécula nativa totalizou R$ 2,49 bilhões em 2022, crescimento de 41,4% frente ao de 2021. Em termos reais (deflacionamento pelo IGP-DI), o avanço anual deste indicador foi de 28,2%.

E o cenário de oferta reduzida e de preço elevado alterou a dinâmica de comercialização da fécula no ano passado. Os segmentos de massas, biscoitos e panificação foram os principais destinos das vendas de fécula, seguido pelos setores atacadista, frigoríficos, papel e papelão, varejo, tapioca semi-pronta, indústrias químicas e entre fecularias.

No caso da raiz, houve acirramento na disputa entre agentes por volumes maiores e de melhor qualidade. Assim, o preço médio da raiz de mandioca em 2022 ficou 80,8% acima do de 2021, ou seja, a valorização da matéria-prima foi ainda maior que a observada para a fécula. Isso significa que a margem operacional das indústrias de fécula diminuiu.

EXPECTATIVA – Para 2023, agentes da indústria acreditam em recuperação na produção de fécula – a possibilidade é de avanço médio de 20% no volume. Quanto aos preços, agentes do mercado apontam que podem ficar em linha com os registrados em 2022. Ressalta-se que, entre março e abril de 2023, as cotações da raiz já cederam de forma mais expressiva, pressionadas pela oferta acima da demanda, tendo em vista que unidades industriais vêm evitando formar estoques.

DADOS – Para levantar informações sobre a produção de fécula no Brasil, o Cepea e a Abam tiveram acesso a dados repassados por 85 fecularias espalhadas em 60 municípios do País, dos estados do Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Santa Catarina, Pernambuco, Bahia e Alagoas. Na totalidade, as unidades industriais consultadas têm capacidade para esmagar mais de 23,1 mil toneladas de mandioca diariamente.

(Com CEPEA)

(Emanuely/Sou Agro)

Entre em um
dos grupos!

Mais Lidas

Notícias Relacionadas