Foto: Embrapa

Novas cultivares de pitaya são resistentes e têm ótimos resultados de produção

Débora Damasceno
Débora Damasceno
Foto: Embrapa

#souagro| A Embrapa Cerrados (DF) desenvolveu cinco cultivares de pitaya geneticamente superiores: BRS Lua do CerradoBRS Luz do CerradoBRS Granada do CerradoBRS Minipitaya do Cerrado e BRS Âmbar do Cerrado. Essas são as primeiras cultivares de pitayas registradas no Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e chegam ao mercado para uniformizar e organizar a produção desse fruto que a cada dia conquista produtores e consumidores pelo País.

Resistentes a doenças, as novas cultivares apresentaram bom desempenho nos pomares, mesmo sem a aplicação de químicos. Essa característica as torna aptas para o cultivo orgânico, além de gerar menor impacto ambiental e financeiro na produção. Os frutos são bem doces, de polpa firme e as plantas apresentam manejo simples, boa produtividade e baixo custo de produção.

Histórico da pesquisa

Os lançamentos são resultado de um trabalho que se iniciou na década de 1990, a partir da seleção de espécies com maior potencial comercial e, também, de cruzamentos realizados entre e dentro de diferentes espécies. No início dos trabalhos, a Embrapa Cerrados chegou a formar um banco de germoplasma (coleção de diferentes acessos da espécie) com 400 genótipos diferentes. “A maior parte dos materiais foi coletada no Cerrado e, outros, doados por colecionadores de cactáceas”, conta o pesquisador da Embrapa Nilton Junqueira, pioneiro nas pesquisas com pitaya no Brasil.

O banco de germoplasma continha diferentes espécies de pitayas de centenas de clones de plantas matrizes que foram caracterizadas e selecionadas. O objetivo das pesquisas foi selecionar espécies com maior potencial comercial e, dentro delas, as plantas com maior produtividade, maior resistência a doenças, e melhor qualidade física e química dos frutos. “Também foram selecionadas plantas autocompatíveis e autoférteis, ou seja, que produziam frutos sem a necessidade da polinização manual”, explica Junqueira.

Sem necessidade de polinização cruzada

O pesquisador Fábio Faleiro, chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Cerrados, enfatiza que a autocompatibilidade, ou seja, a capacidade de a planta produzir frutos sem a necessidade da polinização cruzada, foi um ponto importante da pesquisa. “Todas as cinco cultivares que estão sendo lançadas possuem essa característica. Isso representa um aspecto muito positivo no manejo da cultura. É ganho de tempo e de qualidade de vida para os produtores, que não precisam mais acordar de madrugada para fazer a polinização manual”, ressalta.

As linhas de pesquisa com pitaya seguiram durante esses últimos anos em duas frentes. A primeira relacionada ao desenvolvimento de variedades geneticamente superiores, ou seja, mais produtivas, mais resistentes a pragas e doenças, teor de açúcar que atenda ao gosto do consumidor, além da autocompatibilidade. Já a segunda frente desenvolveu o sistema de produção, cujos resultados geraram um conjunto de recomendações relacionadas a produção de mudas, plantio, podas de formação e produção, sistemas de tutoramento das plantas, adubações de plantio e de cobertura, além da irrigação, colheita e processamento dos frutos.

Curso on-line

A Embrapa oferece o minicurso “Pitaya: melhoramento genético e sistemas de produção” de forma on-line, gratuita e com certificação da Empresa. Para realizar o curso basta acessar a Plataforma e-Campo da Embrapa.

Validação de norte a sul do País

As cultivares desenvolvidas pela Embrapa foram validadas em todas as regiões do Brasil, com base numa rede de parceria público-privada. De acordo com Faleiro, os trabalhos são muito importantes para confirmar o potencial agronômico dessas cultivares em variados tipos de solo, de clima, e em sistemas de produção convencionais e orgânicos. “Nesse trabalho, são montadas unidades demonstrativas e de referência tecnológica em condições comerciais diversas. E os produtores e parceiros avaliam o desempenho agronômico das cultivares nas suas regiões”, explica.

Uma das empresas parceiras a testar os materiais foi o Recanto das Pitayas, de Turvo (SC). A validação no local começou em 2015. “Os resultados obtidos foram bastante promissores e atenderam à principal dificuldade que os agricultores vinham sentindo no cultivo, que é a questão da polinização manual”, destaca a engenheira agrônoma da propriedade, Cristine de Abreu.

“Essas cultivares possuem frutas mais lisas, com escama mais rala. São muito boas para se lidar. Além de serem 100% autoférteis. Elas vieram mesmo para ficar”, afirma o produtor Volnei Feltrin. Já o produtor Valmirei Feltrin destaca a resistência das variedades a doenças. “Nossas plantas estão sadias. Mesmo não tendo sido aplicada pulverização, não deu nenhuma doença. Esses materiais são excelentes opções para plantio orgânico”, indica. Ele e o irmão Volnei estão à frente do Recanto das Pitayas.

A experiência positiva com as novas cultivares tem se repetido de sul a norte do País. “As variedades da Embrapa têm se adaptado bem à nossa região e estão se tornando mais uma opção para os fruticultores do Vale do São Francisco”, destaca Éder Inácio, engenheiro-agrônomo e fruticultor em Petrolina (PE). O extensionista da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF) Geraldo Magela concorda. “A pitaya é uma alternativa para aumentar a renda da propriedade rural. As cultivares desenvolvidas pela Embrapa são mais produtivas e de sabor diferenciado; além disso, não necessitam de polinização manual, o que é uma característica muito buscada pelos produtores”, salienta.


 

(Com Embrapa)

(Débora Damasceno/Sou Agro)

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