Foto: José Fernando Ogura
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IAT busca convênios com universidades para ampliar cuidados com animais silvestres

Foto: José Fernando Ogura
Tatiane Bertolino
Tatiane Bertolino

IAT busca convênios com universidades para ampliar cuidados com animais silvestres e no Dia Internacional da Biodiversidade, celebrado nesta segunda-feira (22), o Instituto Água e Terra (IAT) comemora o sucesso das parcerias para contribuir com a conservação e proteção da diversidade da vida no planeta. O órgão ambiental, vinculado à Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável (Sedest), buscou em convênios com universidades alternativas para ampliar os cuidados com animais silvestres. As instituições, por meio de suas estruturas de ensino e atendimento veterinário, abrigam quatro Centros de Apoio à Fauna Silvestre (CAFS).

As estruturas funcionam atualmente em Londrina, Cascavel, Guarapuava e Maringá – o contrato com o órgão de Curitiba está em processo de renovação. O investimento global do Governo do Estado com os convênios, entre 2020 e 2023, foi de R$ 600 mil. Mais de 4,1 mil animais foram atendidos no período.

As parcerias são com o Centro Universitário Filadélfia (Unifil), de Londrina; Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná (Unicentro), de Guarapuava; Centro Universitário de Cascavel (Univel) e Unicesumar, de Maringá. A estrutura é complementada pelo Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS), em Ponta Grossa, em cooperação com o Instituto Klimionte Ambiental.

Os CAFS, explica a médica veterinária Fabiana Baggio, do IAT, são responsáveis pelo atendimento à fauna silvestre nativa e exótica resgatada no Paraná, com o objetivo de devolvê-las para a natureza. A intenção, destaca ela, é expandir o número de unidades pelo Estado.

“Os Centros de Apoio à Fauna Silvestre têm dado uma segunda chance para os animais que entram machucados, passam por tratamento e reabilitação, e ganham uma nova possibilidade de serem soltos novamente na natureza. É algo essencial para a fauna do Paraná”, afirma a veterinária.

Segundo a Resolução Conjunta Sedest/IAT Nº 3 de 2022, o Centro de Apoio à Fauna Silvestre é um local preparado para receber, identificar, marcar, triar, avaliar, e estabelecer tratamento veterinário para animais acolhidos por órgão ambiental em ações de fiscalização, resgates ou entrega voluntária por particulares. A permanência dos animais depende do tempo necessário para sua recuperação. O destino pode ser a soltura no habitat natural ou, quando é um risco devolvê-lo para a natureza, são encaminhados a criadouros habilitados pelo IAT, ou mantenedores individuais, igualmente habilitados pelo órgão ambiental.

Os atendimentos variam a cada caso, mas consistem na avaliação do animal, e se preciso, o tratamento de doenças, acompanhamento biológico, uso de medicações e curativos e procedimentos cirúrgicos – o que não é uma obrigação das CAFS, mas que podem ser realizadas no local. Esse tipo de atenção ajuda a proteger a fauna silvestre e prevenir o aumento de animais em risco de extinção.

Para isso, o Governo do Paraná destinou R$ 150 mil por instituição para que as universidades conveniadas possam manter a aprimorar as clínicas veterinárias-escola, além de possibilitar a compra de insumos para os animais.

Rede regionalizada

A presença do IAT no processo não é só no sentido financeiro. As regionais do órgão ambiental fazem o resgate de animais e a mediação de casos que surgem através da população e demais órgãos ambientais, além de definirem a destinação após a recuperação do animal.

Londrina, na região Norte, foi a primeira cidade a ter um Centro de Apoio à Fauna Silvestre, inaugurado em julho de 2021. Como o município faz parte da rota de tráfico de animais, o número de atendimentos é o maior dentre as quatro cidades. Só em 2022, único dado disponível, o centro recebeu 1.904 animais. Desses, 1.245 eram aves, grupo que mais sofre com o comércio ilegal de animais silvestres.

O CAFS de Maringá, na região Noroeste, é administrado por três pessoas: uma professora de Medicina Veterinária, uma gestora de alimentos e uma residente da Medicina Veterinária responsável pela medicação e atendimento dos resgatados. Participam e auxiliam nos cuidados também 15 estagiários que estudam na instituição.

De 2022 até este mês de maio de 2023, o CAFS de Maringá recebeu 298 animais. Segundo a médica veterinária Milena Cleis de Oliveira, após a triagem, avaliação e tratamento adequado aos ferimentos causados por ação humana ou natural, cerca de 25% retornaram à natureza. “Foram encaminhadas para a soltura 18 espécies, que juntas totalizam 78 animais”, diz Milena.

Na região Oeste, a Univel registrou a entrada de 527 animais entre março de 2021 até o mês de maio de 2023. “Infelizmente, o que mais recebemos foram casos de animais que possuem algum trauma, ou aqueles provindos de apreensão do cativeiro ilegal. Ou, ainda, situações em que foi necessário amputar alguma parte do corpo. Essas situações infelizmente impossibilitam a volta para a natureza”, comenta o estagiário e estudante de Medicina Veterinária da Univel, Brian de Deus.

Em Guarapuava, região central do Paraná, 762 animais silvestres precisaram de cuidados entre outubro de 2020 e maio de 2023, principalmente as aves (538). Puderam voltar ao seu habitat natural 222 até o momento.

Fabiana Baggio, do IAT, explica que é preciso identificar qual a ocorrência natural de cada animal para decidir onde será a soltura. “O sabiá-laranjeira e o bem-te-vi, por exemplo, vivem em praticamente todos os espaços. Mas existem espécies que sobrevivem apenas na região da Serra do Mar, ou só em ambientes que são de mata fechada, ou têm preferência por determinado tipo de água”, diz.

Para ajudar na rede de apoio, o IAT tem contato com especialistas como herpetólogos, pessoas que estudam répteis e anfíbios; ornitólogos, que são da área de aves. “Quando temos dúvidas sobre a biologia de determinada espécie, entramos em contato com esses estudiosos da área para determinar a soltura na região correta”, ressalta.

Com AEN

(Tatiane Bertolino/Sou Agro)