Foto: Envato

Suínos sem estresse melhoram resultados da produção

Débora Damasceno
Débora Damasceno
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#souagro| O estresse é um dos problemas mais graves e comuns da sociedade atual. Além de comprometer a relação entre as pessoas, este mal, pode levar a complicações sérias de saúde, não somente na parte física, mas também psicológica. Na suinocultura não é diferente, um animal estressado pode ter desempenho comprometido, baixa produtividade, ser mais agressivo, afetando diretamente os resultados e ganhos de uma granja. Por isso é fundamental total atenção com o manejo dos animais.

O problema é tão preocupante que já virou tema de muitas pesquisas publicadas em renomados periódicos científicos no Brasil e no mundo. De acordo com o médico veterinário Adroaldo José Zanella, professor e especialista na área de bem-estar animal pela Universidade de São Paulo (USP) com atuação em diversos países, entre eles, Inglaterra, Alemanha, Noruega, Estados Unidos e Escócia, a questão do impacto do estresse na suinocultura é muito relevante.

 

Ele que coordena o grupo de pesquisa em bem-estar animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo, tem dedicado boa parte do seu tempo nas últimas décadas ao assunto. Segundo o especialista, o tema é muito mais complexo do que parece, pois pode desencadear problemas que passam de geração para geração. “Uma das pesquisas de nossa equipe na USP e uma das áreas que trabalhamos é relacionada com fenótipos robustos, ou seja, como podemos ajudar recém-nascidos a iniciar bem a vida”, diz.

O que já se apurou é que uma fêmea suína no final da gestão se ela está exposta a um bom ambiente com interações positivas, o recém-nascido tem menos medo e começa a vida melhor. Além de estudos conduzidos no Brasil, o professor e a sua equipe também estudaram situações na Itália de recém-nascidos cuja mãe tinha claudicação, com dores agudas ou crônicas, e descobriu-se que isso foi péssimo ao neonato, pois eles nasceram mais agressivos. “Não temos dúvida alguma que faz todo o sentido cuidar bem da fêmea com muita atenção principalmente na fase final da gestação, momento onde os mecanismos associados com resiliência são desenvolvidos justamente com o estresse”, apontou o médico veterinário.

Consequência do estresse

Os suínos têm comportamento social muito complexo, por isso é importante mantê-los em grupos estáveis. Eles têm capacidade de estabelecer relações com até 100 outros animais reconhecendo os indivíduos e também as pessoas. Portanto, a primeira coisa que pode ser feita para reduzir o estresse é mantê-los em grupos que se conhecem, isso diminui disputas e brigas por hierarquia e podem causar machucados e lesões. Uma fonte causadora muito caracterizada é a qualidade do manejo, ou seja, um tratador agressivo imediatamente cria uma resposta negativa ao rebanho.

Estudos mais específicos no problema apontam que o mecanismo de estresse libera um hormônio que se chama cortisol, que além de suínos, também existe em humanos, equinos, bovinos, entre outras espécies. Esse hormônio é importante, pois organiza várias ações do dia a dia, gerando, por exemplo, energia extra quando necessário. Contudo, quando liberado de forma elevada, por período prolongado, resulta em vários efeitos maléficos. Isso pode comprometer o sistema imunológico deixando o animal mais propenso a doenças, reduzir o ganho de peso e pode ainda causar modificações muito severas até no próprio cérebro dos indivíduos.

Por isso, uma das características importantes em uma granja é a relação entre os tratadores e os animais. “É preciso que o manejo seja feito com calma, atividades como vacinação ou coleta de sêmen, precisam ser planejadas para ocorrer na maior tranquilidade possível e que no geral as interações entre todos, sejam positivas”, acrescentou Zanella.

No Brasil uma das granjas parceiras nesses estudos junto a USP é a TopGen, marca especializada em genética suína, com sede em Jaguariaíva/PR. Durante o período de análises na propriedade, avaliou-se a possibilidade de redução de estresse no plantel de várias formas. Uma delas, foi com foco no enriquecimento ambiental. Foi disponibilizado feno para as fêmeas suínas na fase final de gestação, possibilitando que elas pudessem manipular e “fuçar” o feno. Com o experimento, observou-se melhora na qualidade do sono delas e ainda proporcionou comportamento mais dócil dos leitões nascidos.

(Com assessoria TopGen)

 

(Débora Damasceno/Sou Agro)

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