PECUÁRIA
Prevenção de doenças em caprinos leiteiros é uma necessidade, diz pesquisa
#souagro| Um estudo sobre a prevalência de doenças infecciosas em rebanhos de caprinos leiteiros aponta a necessidade de um plano de biosseguridade para prevenção, controle e monitoramento das enfermidades mais presentes, reduzindo os riscos de mortes, perdas produtivas e até mesmo problemas de saúde pública. A pesquisa foi feita na divisa entre os estados da Paraíba e Pernambuco (região que concentra cerca de 70% da produção de leite de cabra do País), mas é válida para chamar atenção de todos os estados onde há criação dos animais.
A elaboração das bases do plano deverá acontecer nos dois primeiros meses de 2023, em uma proposta participativa, reunindo produtores rurais, instituições públicas e privadas em sua construção. A proposta é de integrar ações de assistência técnica, capacitação, rede de laboratórios para diagnóstico das doenças, melhoria de serviços de vigilância epidemiológica, além de treinamentos sobre educação sanitária e boas práticas para produtores rurais.
A proposta de um plano deverá articular produtores rurais e instituições, públicas e privadas, envolvidas com o segmento caprinocultura leiteira, com o objetivo de mitigar a presença de microrganismos causadores das doenças no ambiente das propriedades rurais. “Ele será baseado em um conjunto de ações integradas, visando estabelecer melhoria no manejo geral, sanitário e bem-estar dos rebanhos. Essa implantação deve ser baseada em capacitação, educação continuada e na adesão voluntária, com as devidas responsabilidades estabelecidas”, afirma Rizaldo Pinheiro, também pesquisador de Sanidade Animal da Embrapa.
Os cientistas reforçam que a conscientização e engajamento de técnicos e do setor produtivo na adoção de boas práticas é fundamental, pois os cuidados com manejo sanitário e nutricional podem reduzir bastante a incidência das doenças infecciosas nas propriedades . Outro aspecto a ser considerado é a compra de animais provenientes de outros rebanhos, que, se não forem observadas as recomendações de manejo, pode levar aos rebanhos animais doentes que contaminem os demais.
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Perdas produtivas
Resultados preliminares do estudo foram compartilhados com os agricultores das propriedades analisadas e com gestores públicos dos municípios envolvidos, por meio de laudos, boletins técnicos e reuniões realizadas nos últimos meses de 2021. Uma das preocupações compartilhadas nesses encontros foi o impacto das doenças na produção do leite caprino da região da divisa, que possui um rebanho com cerca de 130 mil cabeças, e produção de nove milhões de litros por ano, aproximadamente. Os pesquisadores destacam que as manifestações dessas doenças podem resultar em problemas na produção e qualidade do leite, distúrbios reprodutivos, morte de animais, além de comprometer o comércio do leite e seus derivados. “Algumas doenças como a Agalaxia Contagiosa e a Artrite Encefalite Caprina causam a mastite, o que ocasiona alteração físico-química e biológica do leite determinando comprometimento da qualidade e deterioração do produto”, acrescenta Pinheiro. Esse compartilhamento de informações sobre prevalência de doenças nos rebanhos da região e a proposta de um plano de biosseguridade foram considerados contribuições importantes, na visão de agentes públicos e produtores rurais participantes dos encontros. Segundo Grazielle Sobrinho, produtora rural de Livramento (PB), as informações sobre as enfermidades apresentadas pela Embrapa a ajudaram exatamente em um momento em que ela ingressa na atividade da caprinocultura leiteira. “Nem sempre a gente tem como identificar as doenças, por falta de recursos e de técnicos mais experientes no assunto”, frisa ela. (A pesquisa completa da Embrapa está AQUI)