Foto: Faep

União de esforços resulta em mudança no zoneamento agrícola para o feijão e produtores do PR comemoram

Débora Damasceno
Débora Damasceno
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#souagro| Uma união que trouxe bons resultados aos produtores de feijão do Sudoeste paranaense. Os agricultores de Dois Vizinhos são tradicionais produtores de feijão safrinha. É uma lavoura que vem depois da soja verão. Como o grão que faz dupla com arroz tem ciclo mais curto, dá tempo de colher a soja em março, plantar o feijão na mesma área e colher até junho, para escapar da geada. Mas uma mudança no Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), tinha colocado em xeque essa prática.

No dia 21 de setembro de 2022, o Mapa publicou o Zarc válido para a safra 2022/23. Nessa portaria constavam novas datas-limite para o plantio de feijão em Dois Vizinhos e outros municípios da região. Por esse documento, só estariam dentro do Zarc semeaduras de feijão feitas até 28 de fevereiro. “Com esse prazo, a nossa safrinha desse ano estaria inviável. Fez muito frio em setembro e outubro, plantamos a soja mais tarde e eu calculo que a gente vá colher só em março”, prevê o presidente do Sindicato Rural de Dois Vizinhos, Darci Smaniotto.

 

Nas previsões do sindicato local, caso essa medida continuasse em vigor, deixariam de ser cultivados em torno de 8 mil hectares de feijão safrinha no município, prejudicando uma importante fonte de renda para diversos produtores. Diante da situação, Smaniotto bateu à porta da FAEP, em setembro, para pedir ajuda. “Os técnicos da FAEP me orientaram sobre o que fazer, como levantar dados técnicos e o histórico do clima da região para enviar ao Mapa”, compartilha Smaniotto.

Segundo Ana Paula Kowalski, técnica do Departamento Técnico e Econômico (DTE) do Sistema FAEP/SENAR-PR, o pedido foi para permitir o plantio até 20 de março, para cultivares do Grupo I. “Os dados históricos da região demonstram que o risco de geada no final do outono, início do inverno em pouco ou nada afeta a qualidade e rendimento de grãos, pois a cultura já se encontra no fim do ciclo. A Embrapa, responsável por um amplo estudo nesse sentido, atualizou seus critérios e, com isso, chegou a uma redução do período sensível à geada, o que resultou em ampliação da janela de plantio em diversos municípios do Paraná e Santa Catarina”, explica.

 

O resultado do processo foi que o sindicato pediu uma revisão do Zarc e, em 7 de dezembro de 2022, o Mapa publicou uma nova portaria, permitindo o plantio de feijão até 20 de março. “Estamos animados. Andamos pelas empresas e todo mundo está feliz por termos vencido essa batalha. Eu mesmo vou dedicar uns 80 hectares de safrinha, a maior parte de feijão carioca”, diz Smaniotto. “Mas no prato, gosto mesmo é de um feijãozinho preto”, diverte-se.

Alerta

Ana Paula orienta os sindicatos rurais, para quando observarem inconsistências no zoneamento de seu município e região, sigam o exemplo de Dois Vizinhos. “No município, houve uma articulação dos produtores associados, cooperativas, Secretaria

Municipal de Agricultura, IDR-Paraná e profissionais de agronomia. Tão importante quanto esta articulação, foi a elaboração de um laudo técnico consistente embasando o pedido, que é indispensável para que ocorra a análise do Mapa, conforme regras estabelecidas em 2020”, orienta.

(Com Faep)

(Débora Damasceno/Sou Agro)

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