Foto ilustrativa: Embrapa

Consórcio de capim com crotalária aumenta produtividade da soja em até 20%

Débora Damasceno
Débora Damasceno
Foto ilustrativa: Embrapa

#souagro| Você sabia que o consórcio de gramíneas forrageiras com crotalárias (leguminosas de cobertura) resulta em um incremento de produtividade de até 20% no cultivo de soja? Pois foi isso que pesquisas da Embrapa Agropecuária Oeste (MS) realizadas em seis municípios de Mato Grosso do Sul, e validadas por produtores rurais, mostraram.

Além disso, ele também aumenta a quantidade e a qualidade de biomassa produzida pelas plantas e promove a fixação biológica de nitrogênio (FBN) no solo, aliando vantagens econômicas e ambientais.

 

A inclusão de leguminosas no sistema é também uma alternativa para a produção de palha e, no caso das crotalárias (dependendo da espécie), há possibilidade de pastejo nos sistemas integrados. “A FBN, proporcionada pelas leguminosas, impacta positivamente os custos de produção a médio prazo”, diz o pesquisador Rodrigo Arroyo Garcia.

As crotalárias utilizadas na pesquisa foram a C. junceaC. ochroleuca e C. spectabilis. Já as gramíneas forrageiras foram a Brachiaria ruziziensisBrachiaria brizantha (cv. Xaraés) e Panicum maximum (cultivares Tamani e Zuri).

Outra vantagem foi a produção expressiva de biomassa para um sistema de produção consorciado, ultrapassando 7 mil quilos por hectare (kg/ha) na safrinha, próximos dos cerca de 8 mil kg/ha do capim solteiro. Além da quantidade, a qualidade da biomassa também é relevante. Em alguns experimentos, a crotalária contribuiu com mais de 2 toneladas por hectare em cerca de cem dias.

 

Segundo o pesquisador Luís Armando Zago Machado, os dados foram obtidos em sistemas de produção com propósitos distintos e diferentes condições edafoclimáticas, “desde talhões de renovação de pastagem e implantação de sistemas integrados, até áreas com longo histórico de cultivo soja/milho”, explica.

Os seis municípios onde foram realizados os experimentos foram: Dourados, Naviraí, Rio Brilhante, Nova Andradina, Vicentina e Ponta Porã. “Em Dourados, Naviraí e Rio Brilhante, o consórcio de gramínea forrageira com crotalária foi uma alternativa para diversificação do sistema de produção de grãos na entressafra da soja. Nos outros municípios, o consórcio foi uma prática adicional para a renovação de pastagens”, complementa o analista Gessí Ceccon.

Produtores comprovam bons resultados na prática

O gerente técnico do Grupo Agropecuária Palmares, Franklyn Guimarães, diz que o Grupo trabalha com agropecuária há mais de 30 anos, na região de São Gabriel do Oeste, MS, e em Itiquira, MT. No total, são quatro propriedades de 8.500 hectares, 2.500 hectares, 2.200 hectares, e 1.400 hectares.

Em São Gabriel do Oeste, antes da introdução das pesquisas da Embrapa Agropecuária Oeste, o sistema de produção utilizado era o de sucessão de soja/milho, e de soja/braquiária. Atualmente, o consórcio entre Crotalaria Jjuncea e Crotalaria Oochroleuca com Brachiaria ruziziensis é adotado em 700 hectares na safrinha.

Segundo Guimarães, em 2022 foi plantada a primeira safrinha com a tecnologia da Embrapa, mas já foi possível observar bons resultados na melhoria do solo, com o aporte de nitrogênio pela FBN. “Os resultados parciais da solução tecnológica apontam para uma tendência de aumento da área na próxima safra da soja. Eu recomendo a outros produtores”, enfatiza.

(Leia a pesquisa completa da Embrapa)

(Débora Damasceno/Sou Agro)

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