Foto: PF

Quadrilha que movimentou mais de R$ 100 milhões importando vinho ilegal é desarticulada pela PF

Débora Damasceno
Débora Damasceno
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#souagro| A Polícia Federal deflagrou nesta-quarta (9) a Operação Houdini, para desarticular um “esquema milionário de descaminho [desvio] de vinho de origem argentina”. Segundo a PF, mais de 100 policiais federais executam oito mandados de prisão preventiva e 28 mandados de busca e apreensão no Rio Grande do Sul, São Paulo e Bahia.

Descaminho é a importação ou exportação de produtos permitidos pela legislação brasileira, mas sem o pagamento de tributos. A PF informou que está cumprindo ordens judiciais visando o bloqueio de veículos, bens imóveis e contas bancárias.

 

 

“A investigação teve início em 2022, a partir da apreensão de uma carga de vinhos oriunda da Argentina, no município gaúcho de Horizontina, internalizados no Brasil sem a devida documentação legal”, informou a Polícia Federal.

Mapeamento

Durante as investigações, policiais mapearam os principais integrantes da organização criminosa e identificaram que, de dezembro de 2020 a abril de 2022, o grupo movimentou mais de R$ 100 milhões.

Segundo a PF, a entrada dos produtos no Brasil se dava pela fronteira noroeste do Rio Grande do Sul, em embarcações que utilizavam portos clandestinos na margem brasileira do rio Uruguai para descarregar a mercadoria. Na sequência, o vinho era transportado para São Paulo e Bahia, onde era comercializado.

 

“Durante as investigações, foram realizadas oito apreensões vinculadas à organização criminosa, totalizando mais de 17 mil garrafas de vinho”, finalizou a Polícia Federal.

 

PORQUE O VINHO ARGENTINO  É ATRATIVO?

Segundo a Receita Federal, o que torna o vinho argentino atrativo para praticar esse tipo de crime é o gap cambial – a desvalorização da moeda argentina frente à brasileira.  “A diferença cambial é gigantesca, então o importador regular que utiliza o câmbio oficial para suas importações acaba saindo em desvantagem em relação ao contrabandista”, explica o delegado da Receita Federal na região.

Grupos de Whatsapp, marketplaces digitais e até distribuidoras de bebidas e restaurantes são pontos de distribuição de vinho ilegal. Ao comparar os valores de algumas garrafas de vinho vendidas nestes grupos de Whatsapp com o de venda das mesmas garrafas no mercado nacional, percebe-se que o preço praticado pelos contrabandistas é muito abaixo do praticado pelas importadoras lícitas.

Em alguns casos, os vinhos dos contrabandistas têm um valor de venda até 72% menor do que os vendidos por importadores regularizados. De acordo com o delegado, “dificilmente você consegue achar vinho argentino sendo importado licitamente hoje, os importadores oficiais quase não trabalham com vinho argentino mais”.

Vinhos que são comprados na Argentina por R$30 – na cotação do câmbio paralelo – são vendidos pelos contrabandistas a R$150 em grupos de Whatsapp. Estes mesmos vinhos são vendidos por R$350 a R$800 no mercado lícito no Brasil. De acordo com um levantamento feito pela Receita Federal em Santa Catarina, o lucro obtido pelos contrabandistas já chegou a ser até cinco vezes maior do que o valor de compra do produto argentino.

Hoje em dia, devido a grande quantidade de contrabandistas no mercado, a margem de lucro é um pouco menor, chegando na casa dos 300%. “Essa margem tem caído porque agora é criminoso concorrendo com criminoso”, comenta o servidor da Receita Federal na região.

(Com Agência Brasil e PRF)

(Débora Damasceno/Sou Agro)

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