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“Tivemos um primeiro navio com entrega de grãos, mas isso ainda não é nada”, diz presidente da Ucrânia

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Débora Damasceno
Débora Damasceno

#souagro| No começo da semana falamos aqui no Sou Agro sobre o primeiro navio carregado com grãos que deixou o porto ucraniano de Odesa para o Líbano na segunda-feira (01). Foi a primeira saída desde o começo do conflito entre Rússia e Ucrânia em 24 de fevereiro. O navio estava carregando 26.527 toneladas de milho para Trípoli, no Líbano, após um acordo de exportação de grãos e fertilizantes mediado pela Organização das Nações Unidas (ONU) entre Moscou e Kiev no mês passado – um raro avanço diplomático em uma guerra prolongada. No dia, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, disse: “O dia de alívio para o mundo, especialmente para nossos amigos no Oriente Médio, Ásia e África, pois o primeiro grão ucraniano deixa Odesa após meses de bloqueio russo”.

Mas nesta quarta-feira (03), o presidente da Ucrânia, Volodymr Zelenskiy, minimizou a importância do envio do primeiro carregamento de exportação de grãos do país desde a invasão russa. Ele disse que a Ucrânia estava transportando uma fração da safra que tem que vender para ajudar a salvar sua economia abalada pela guerra.

 

Os comentários pessimistas, feitos em vídeo para estudantes na Austrália, ocorreram quando uma inspeção do navio foi concluída na Turquia, antes de a embarcação seguir para seu destino final no Líbano, sob um acordo para aliviar uma crise alimentar global.

Mas Zelenskiy, falando por meio de um intérprete, disse que é necessário mais tempo para ver se outros embarques de grãos acontecerão: “Recentemente, graças à parceria da ONU com a Turquia, tivemos um primeiro navio com entrega de grãos, mas isso ainda não é nada. Esperamos que seja uma tendência que continue”, declarou aos alunos.

 

Segundo ele, a Ucrânia tinha que exportar um mínimo de 10 milhões de toneladas de grãos para ajudar urgentemente a reduzir seu déficit orçamentário, que está em $ 5 bilhões por mês.

A Turquia disse que três navios podem deixar os portos ucranianos diariamente, após a partida do Razoni, enquanto o ministro da Infraestrutura da Ucrânia afirmou que mais 17 navios foram carregados com produtos agrícolas e estavam esperando para zarpar.

Conhecida como celeiro da Europa, a Ucrânia espera exportar 20 milhões de toneladas de grãos mantidos em silos e 40 milhões de toneladas da colheita em andamento, inicialmente de Odessa e das proximidades de Pivdennyi e Chornomorsk.

 

Economia em coma

“A guerra está quase matando a economia. Está em coma”, acrescentou Zelenskiy. “O bloqueio dos portos pela Rússia é uma grande perda para a economia.”

Zelenskiy alertou repetidamente que Moscou pode tentar obstruir as exportações, apesar de ter assinado o acordo do mês passado.

A Rússia, que bloqueou os portos da Ucrânia depois de iniciar em 24 de fevereiro o que chamou de “uma operação militar especial”, disse que quer ver mais ações para facilitar as exportações de seus próprios grãos e fertilizantes. O país classificou a saída do primeiro navio de grãos da Ucrânia como positiva.

A Rússia nega responsabilidade pela crise alimentar, dizendo que as sanções do Ocidente, que considera a guerra uma apropriação de território ucraniano por Moscou não provocada ao estilo imperialista, desaceleraram suas exportações.

 

(Débora Damasceno/Sou Agro com Reuters)

(Foto: Reuters)

(Débora Damasceno/Sou Agro)