AGRICULTURA
Soja: preço sobe e falta de chuva preocupa
A valorização do dólar frente ao Real elevou o interesse de compradores externos pela soja brasileira, cenário que acirrou a disputa entre agentes dos mercados doméstico e internacional e elevou os prêmios de exportação.
Esse movimento, por sua vez, foi repassado aos preços internos. Entre 10 e 17 de dezembro, o dólar se valorizou 1,23% frente ao Real, fechando a R$ 5,682 na sexta-feira (17).
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Também de 10 a 17 de dezembro, os Indicadores ESALQ/BM&FBovespa – Paranaguá e CEPEA/ESALQ – Paraná subiram 3,23% e 3,7%, com respectivos fechamentos de R$ 171,42/sc e de R$ 168,07/sc de 60 kg na sexta-feira (17).
No campo, a escassez de chuvas tem gerado temores de queda na produtividade no Sul do Brasil. Já no Norte e Nordeste do Brasil, é o excesso de precipitações que preocupa os sojicultores.
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A estiagem no sul do país
Lembrando que a falta de chuva é uma das piores situações de seca já registradas em todos os tempos no sul do país e se o cenário não mudar, caminha para ser a pior dos últimos anos. No Paraná, em Cascavel, por exemplo o mês mais seco do histórico foi em dezembro de 2018, quando choveu apenas 23,4 milímetros. Um dos municípios mais castigados pela seca é Palotina. Por lá, a última chuva robusta ocorreu no fim de outubro, as informações são do Simepar.
O meteorologista “Nessa época, depende muito da umidade proveniente da Amazônia. Temos um padrão de circulação, que em determinados momentos traz a umidade da Amazônia para regiões específicas”, comenta. “Para os próximos dias, temos um indicativo desse ingresso de umidade um pouco mais expressivo em direção ao Sudeste do Brasil. É um problema, principalmente para o agricultor, porque a tendência, com esse cenário, é de chover mais naquela região do que no Sul”. Conforme Samuel Braun, “infelizmente, as perspectivas não são muito boas para dezembro, com possibilidade de fechar o mês abaixo da média”.
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Perdas significativas
A estiagem tem castigado o Sul do Brasil, em especial, o oeste paranaense, onde todas as culturas como soja e milho se encontram em fase de frutificação, o engenheiro agrônomo Modesto Daga, atual vice-presidente do Sindicato Rural de Cascavel, diz que a situação é preocupante: “As perdas já são significativas, principalmente com relação ao milho”, resume.
Sobre a soja como medida de emergência, sindicatos rurais do oeste paranaense se unem para reivindicar junto à Câmara Técnica de Grãos da FAEP (Federação da Agricultura do Estado do Paraná) e o Governo do Paraná, a flexibilização quando à possibilidade de replantio da soja e também a instauração de estado de emergência nos municípios mais críticos.
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“Iniciamos um debate com os produtores rurais em Palotina sobre a possibilidade de replantio de áreas cultivadas com soja severamente afetadas pela seca. Seria soja sobre soja. Também, nessa reunião, ventilamos a possiblidade de acionar os governos municipais para a deflagram estado de emergência, uma situação necessária para dilatar o prazo de pagamento dos financiamentos da safra contraídas junto às instituições bancárias, mas para isso, é preciso superar várias etapas”, comenta o vice-presidente do Sindicato Rural de Palotina, Edmilson Zabotti.
Sobre o replantio, a intenção é dizimar toda a área da soja já comprometida e fazer um novo replantio. Caso haja a sinalização positiva do Governo do Estado e demais órgãos responsáveis será a primeira vez que isso vai ocorrer nesta fase da cultura no Paraná. O obstáculo, no caso, é a legislação vigente.
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Os produtores de proteína animal precisam do milho e do farelo de soja para atender a carência nutricional diária dos animais. Outro agravante envolve os produtores com contratos futuros de soja. A entrega seria em março, mas a intenção é negociar com as empresas a dilatação desse prazo, caso o replantio da soja seja concretizado. O problema principal são as chuvas mal distribuídas sobre o Paraná, criando um paradoxo climático de região para região.
(Débora Damasceno/ Sou Agro com Cepea)