Vale passa a usar controle ambiental à base de plástico PET
A Vale vai começar a utilizar em escala industrial um supressor de poeira à base de plástico PET na Unidade Tubarão, em Vitória (ES). O novo produto é fruto de 10 anos de pesquisa da empresa em parceria com a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). O plástico passa por um processo de reciclagem química que o transforma em resina, para ser aplicada em pilhas de minério de ferro e carvão, formando uma película protetora que evita a emissão de poeira.
O supressor de poeira é um controle ambiental comumente usado nas operações da empresa e pode ser feito de várias matérias-primas, como glicerina, mas a produção a partir da reciclagem do plástico é inédita e patenteada pela Vale e pela Ufes. Desde 2013, universidade e empresa realizaram testes e validações técnicas em escalas de laboratório e piloto que atestam a eficiência do produto.
Além de garantir a eficiência no controle ambiental, o supressor sustentável tem potencial para retirar do meio ambiente todos os meses mais de 1 milhão de garrafas PET para a produção no Espírito Santo, que deve chegar a 400 mil litros/mês em 2024. O número pode chegar a até 2 milhões de garrafas em 2026, com a expansão prevista para outras operações, que vai demandar 780 mil litros de supressor no total.
Além de garrafas, o processo de produção do supressor sustentável também é capaz de aproveitar outros materiais considerados de baixa reciclabilidade, como o plástico PET utilizado em bandejas e garrafas de todas as cores, como as pretas de bebidas energéticas, que hoje vão para os aterros sanitários.
“O novo supressor é um exemplo de geração de valor compartilhado, pois oferece benefícios para diversos setores da sociedade: fruto de parceria com a universidade, além de manter a eficiência do controle ambiental e a qualidade do minério, é biodegradável, evita que milhões de garrafas virem lixo e gera renda para catadores de material reciclável”, destaca o diretor de Pelotização da Vale, Rodrigo Ruggiero.
O reitor da Ufes, Paulo Vargas, comemora o resultado da parceria: “Fazer a pesquisa científica se tornar realidade é um dos grandes objetivos que podemos alcançar. Sabemos que a ciência é central para o desenvolvimento econômico e social, e ela se torna efetiva quando encontra parcerias que ajudam a criar condições para que se torne aplicável, entre no circuito produtivo, e alcance a coletividade na forma de melhorias sociais e ambientais. O supressor sustentável, desenvolvido a partir de pesquisas realizadas pelo professor Eloi Alves da Silva Filho, do Departamento de Química da Ufes, em parceria com a Vale, é um exemplo dessa sinergia profícua e multiplicadora, que muito orgulha a nossa universidade”, frisa.
Modelo de negócio traz nova empresa ao ES
Para viabilizar a produção em larga escala, a Vale apostou no desenvolvimento de fornecedores parceiros com o sub-licenciamento da patente. A empresa Biosolvit vai instalar uma fábrica para fornecer o supressor. Para isso, serão investidos cerca de R$ 30 milhões ao longo dos próximos anos.
“É uma enorme satisfação ter sido escolhido como parceiro da Vale neste projeto. O aspecto mais importante é o impacto socioambiental. O reaproveitamento das garrafas PET é de extrema relevância, principalmente, se levarmos em consideração que a degradação destes polímeros ultrapassa os 100 anos. O ganho social também é muito representativo, já que nos dá a oportunidade de contribuir para a geração de renda dos catadores. Para nós, isso torna o projeto magnífico e representa um passo importante em direção a um futuro mais sustentável e ecologicamente consciente”, destaca o CEO da Biosolvit, Guilhermo Queiroz.
A planta da Biosolvit será instalada em Cariacica, em um condomínio destinado à implantação de empresas que atuam na área ambiental. O espaço tem aproximadamente 2,7 mil metros quadrados. Os serviços de terraplanagem e adaptação do espaço já começaram, e a empresa está contratando os equipamentos necessários. A previsão é que a produção local seja iniciada no primeiro semestre de 2024. Até lá, outra empresa, a IQX, situada em São Paulo, vai fornecer o produto para a Vale.
A expectativa é ampliar a operação da Biosolvit com a construção de uma fábrica em Minas Gerais, em local a ser definido por estudos técnicos. “Além da pesquisa e desenvolvimento com a Ufes, desenhamos um modelo de negócios que inclui o ecossistema industrial de inovação, trazendo para a produção empresas com competências complementares às nossas, como a Biosolvit e a IQX, ao mesmo tempo em que promovemos impacto social a partir de contratos de fornecimento da matéria prima entre as associações e produtores. É a nossa transformação cultural na prática”, destaca o gerente de Inovação da Vale, Vinícius Romano.
Iniciativa estimula coleta seletiva e fortalece associações de catadores
A maior parte do plástico utilizado para fazer o supressor sustentável será fornecida pelas associações de catadores de material reciclável da Grande Vitória. Como forma de colaborar com o fortalecimento dessas associações, a Vale desenvolveu o projeto Reciclo, que nos últimos três anos tem realizado ações para melhorar a estrutura física, a gestão e a comercialização do material, além de incentivar a coleta seletiva em condomínios e empresas.
Ao todo, 580 pessoas, entre catadores e seus familiares, já foram beneficiadas pelas ações do Reciclo, realizadas com 12 associações em seis municípios do Espírito Santo.
Mais de 60 mil pessoas passaram a contar com a coleta seletiva em condomínios e empresas, com 156 novos pontos instalados.
O Reciclo propiciou o aumento da renda dos catadores em cerca de 45%, chegando à média de R$ 1.338,00 por pessoa. Isso foi possível a partir da articulação de parcerias com o ecossistema e do investimento de R$ 1,7 milhão em equipamentos, obras e capacitações, que possibilitaram o aumento da quantidade de material reciclável coletado, que em 2021 era de 168 toneladas por mês e chegou à média de 357 toneladas por mês este ano. O índice de PET coletado aumentou em 77% desde 2021, atingindo a média atual de quase 14 toneladas por mês.
O trabalho foi realizado em parceria com a Rede de Economia Solidária dos Catadores Unidos do Espírito Santo (Reunes), formada por associações e cooperativas de catadores de materiais recicláveis. “O Reciclo foi a ponte para a mudança das associações para um novo tempo. Estamos vivendo a primavera da reciclagem, com mais estrutura e organização nas associações. Realizamos o sonho da venda coletiva para a indústria e o Reciclo ajudou a materializar um sonho, que é a Reunes, para trazer mais dignidade para as famílias de catadores”, afirma o presidente da Reunes, Lucio Heleno dos Santos.
(Por Imprensa Vale)