“É uma das piores pragas que existe e compromete até 100% da lavoura”, diz produtor sobre traça do tomateiro
#souagro| A traça do tomateiro é uma antiga conhecida dos produtores da fruta. A praga que surgiu na América do Sul sempre gera preocupação por conta da destruição deixada nas lavouras que muitas vezes pode chegar a gerar perda de 100% de toda produção.
Nilton Rogerio Coladelo, é produtor de tomates em Assis Chateaubriand e segundo ele, a aflição é constante quando se fala em traça do tomateiro afinal a praga ataca a cultura durante todo o ciclo de produção, causando danos às folhas, aos ramos e aos frutos, que são broqueados pelas lagartas e perdem o seu valor comercial.: “Essa praga ela destrói a planta, então ela começa pela flor, depois ela come as folhas, o caule e, consequentemente, compromete a planta como um todo. Estraga tudo e estraga a parte de lucro que é o fruto. Aí a gente, como produtor, é alerta máximo na lavoura inteira, na cultura inteira, o ciclo todo”, afirma.
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Antes mesmo do plantio, os cuidados já são tomados pelos produtores, mas nem sempre é possível se livrar da praga considerada uma das piores para a cultura do tomate.
“Então, a gente, antes de plantar, já toma cuidado com ela. Então, a gente tenta fazer um vazio no antes de fazer o plantio. Esperamos alguns dias para ver se não tem nenhuma borboleta voando que ela deposita o ovo e depois nasce a lagarta. Então, assim, antes de plantar, a gente já está tomando cuidado, mas durante a o ciclo a gente tem várias formas de controle. Temos aí uma, acredito eu, uns cinco ou seis métodos de controle. Mas todos eles são passíveis de falha porque depende do clima, depende do momento. Então, assim todos eles podem acontecer de dar erro dar falha e pode comprometer a lavoura como um todo. Então, às vezes se a gente descuidar um pouquinho, você perde totalmente a lavoura. Você salva o mínimo, o mínimo de seus frutos que você tem para vender, então o prejuízo pode ser de 100% do que você tem de receita previsto. Você pode perder tudo”, detalha o produtor.
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A traça do tomateiro, não é uma preocupação apenas no Paraná. Ela preocupa em todo o Brasil, onde há cultivo do tomate, e realmente isso pode trazer grandes prejuízos as plantações.
“Não é só na região que aqui que tem incidência da traça. Ela é uma praga mundial, principalmente aqui na América do Sul. Então, a gente como, como tem essa cultura eu pesquisei bastante sobre ela. Então ela ataca toda a plantação, independente do lugar. Ela está espalhada no mundo inteiro. Está aí. Então, assim é uma das piores pragas que existe para o tomate ela compromete aí até 100% da lavoura. Se você a pessoa não cuidar e o clima não favorecer, ela compromete a lavoura como um todo”, diz Nilton.
“É recorrente a gente ter essa sazonalidade em relação a maior incidência da praga. Cerca de três anos atrás, nós tivemos algo semelhante que ocorreu no Brasil inteiro. Então, sazonalmente, isso tem ocorrido no Brasil. Mas a gente ainda não sabe quais fatores têm influenciado primordialmente. De modo geral, se consegue manter um controle razoável da praga. Infelizmente, o que a gente pode prever é que possam ter ocorrido em algum momento, situações em que houve um desequilíbrio na cultura por meio da aplicação equivocada de algum agrotóxico e que veio a causar, então, a explosão populacional da praga. É importante que o produtor tenha muito cuidado, inclusive entre safras”, explica Alexandre Pinho de Moura, pesquisador da Embrapa Hortaliças.
Também é importante que o produtor adote alguns cuidados, inclusive entre safras: “Algumas medidas são bem simples, como a destruição dos restos culturais contaminados e limpeza de todo o material utilizado na plantação, além dos cuidados durante toda a safra, como monitoramento da infestação e escolha correta dos produtos a serem aplicados”, recomenda o entomologista. Ele informa, ainda, que o uso associado de defensivos químicos com um inimigo natural da praga trouxe bons resultados em experimentos.
A Embrapa acompanha de perto toda essa preocupação dos produtores e também trabalha para manejos que possam diminuir a questão da traça do tomateiro nas lavouras. Recentemente, o pesquisador finalizou um projeto de pesquisa que avaliou o controle da traça-do-tomateiro por meio do uso exclusivo de agrotóxicos e pelo uso de agrotóxicos seletivos associado a um inimigo natural (controle biológico).
“O tratamento utilizando somente agrotóxicos foi eficiente, mas, quando associado ao uso do parasitoide, a redução da praga foi mais significativa, mantendo a infestação próxima dos níveis de controle – 20% de folhas atacadas e 5% de frutos ‘broqueados’”, relata o pesquisador.
(Com dados da Embrapa)