“Narrativas do MST distorcem realiade do Agro brasileiro”, diz FPA

Fernanda Toigo

Fernanda Toigo

Foto: FPA

A Frente Parlamentar do Agronegรณcio publicou um artigo criticando a conivรชncia do Governo Federal ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O texto rebate declarรงรตes utilizadas pelo grupo contra o Agronegรณcio Brasileiro. Confira o texto na รญntegra:

Com um histรณrico de invasรตes de propriedades privadas que se estende por mais de quatro dรฉcadas, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) continua a propagar informaรงรตes falsas sobre o setor agropecuรกrio brasileiro. Embora se autodeclare um movimento social, o grupo รฉ amplamente reconhecido por aรงรตes ilegais, muitas vezes toleradas ou atรฉ incentivadas por autoridades pรบblicas. A conivรชncia do Governo Federal, seja pela omissรฃo diante das infraรงรตes ou pelo repasse de recursos do Orรงamento, fortalece a atuaรงรฃo do movimento, que passou a usar a desinformaรงรฃo como instrumento para justificar suas aรงรตes.

Entre as inverdades divulgadas pelo MST, uma das mais recorrentes รฉ a de que o agronegรณcio brasileiro รฉ voltado majoritariamente ร  exportaรงรฃo e nรฃo contribui para alimentar a populaรงรฃo. Essa alegaรงรฃo ignora dados concretos da produรงรฃo nacional. O Brasil produz anualmente mais de 10 milhรตes de toneladas de carne bovina, sendo que cerca de 80% desse volume รฉ consumido internamente. No caso do frango, a produรงรฃo ultrapassa 15 milhรตes de toneladas, abastecendo tanto o mercado interno quanto o externo. Portanto, รฉ falso afirmar que o agro brasileiro ignora o abastecimento nacional.

Outra narrativa difundida pelo grupo รฉ a de que a maior parte dos alimentos consumidos pela populaรงรฃo vem exclusivamente da agricultura familiar. A afirmaรงรฃo distorce a realidade. A agricultura familiar no Brasil รฉ composta por pequenos e mรฉdios produtores rurais que integram toda a cadeia produtiva do agronegรณcio, contribuindo significativamente para o abastecimento interno. No entanto, รฉ importante distinguir esse grupo das รกreas de assentamentos controladas pelo MST, que apresentam baixos รญndices de desenvolvimento humano e baixa produtividade. Os dados mostram que o agro brasileiro รฉ um sรณ, formado por pequenos, mรฉdios e grandes produtores, todos fundamentais para garantir seguranรงa alimentar, geraรงรฃo de empregos e desenvolvimento sustentรกvel no paรญs.

O MST tambรฉm acusa o setor de usar defensivos agrรญcolas de maneira indiscriminada, argumentando que o modelo prioriza monoculturas voltadas ร  exportaรงรฃo e, por isso, utiliza grandes quantidades de produtos quรญmicos. A realidade รฉ outra. O uso de defensivos no Brasil estรก diretamente ligado ร s condiรงรตes tropicais do paรญs, que favorecem a incidรชncia de pragas e doenรงas. Esses produtos tรชm alto custo para o produtor, que tende a racionalizar seu uso para reduzir despesas. Alรฉm disso, a adoรงรฃo de tecnologias e boas prรกticas de manejo tem contribuรญdo para o uso mais eficiente e responsรกvel desses insumos.

Em relaรงรฃo ร s questรตes ambientais, o movimento afirma que o modelo produtivo adotado pelo agro brasileiro degrada o solo e contamina os rios. No entanto, o Brasil possui uma das legislaรงรตes ambientais mais rigorosas do mundo. O Cรณdigo Florestal exige que os produtores rurais mantenham parcelas significativas de suas propriedades com vegetaรงรฃo nativa. Em รกreas de floresta, por exemplo, esse percentual pode chegar a 80%. Atualmente, 66,3% do territรณrio nacional permanece coberto por vegetaรงรฃo nativa, o que representa mais de 560 milhรตes de hectares โ€” uma รกrea maior que toda a Uniรฃo Europeia. Esses dados desmontam a tese de que o setor opera de forma predatรณria.

Outra crรญtica recorrente do MST รฉ a de que a pecuรกria brasileira seria uma das principais causas do desmatamento da Amazรดnia e do Cerrado, alรฉm de grande emissora de gases de efeito estufa. Relatรณrios da Organizaรงรฃo das Naรงรตes Unidas para Alimentaรงรฃo e Agricultura (FAO), de 2021, mostram que o Brasil produz carne com uma das menores emissรตes de COโ‚‚ por quilo no mundo. Isso se deve ร  modernizaรงรฃo do setor, com investimentos em nutriรงรฃo animal, genรฉtica e tรฉcnicas de manejo sustentรกvel que reduzem significativamente o impacto ambiental.

O movimento tambรฉm tenta desqualificar o setor ao alegar que a mecanizaรงรฃo reduziu drasticamente a oferta de empregos no campo. Os dados, no entanto, apontam o oposto. Segundo o Centro de Estudos Avanรงados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, o agronegรณcio emprega cerca de 28,2 milhรตes de pessoas, o que corresponde a aproximadamente 26% das ocupaรงรตes no Brasil. A modernizaรงรฃo impulsionou a produtividade e criou novas oportunidades de trabalho em toda a cadeia produtiva, desde a produรงรฃo primรกria atรฉ os setores de insumos, indรบstria e serviรงos.

Em temas mais tรฉcnicos, como o uso de organismos geneticamente modificados, o MST tambรฉm aposta na desinformaรงรฃo. Segundo o grupo, os transgรชnicos aumentam o uso de agrotรณxicos e causam perda de biodiversidade. A verdade รฉ que os cultivos transgรชnicos, como soja e milho resistentes a pragas, foram desenvolvidos justamente para reduzir a necessidade de defensivos quรญmicos. Antes de serem aprovados para o plantio e consumo, esses produtos passam por um processo de validaรงรฃo cientรญfica que dura, em mรฉdia, dez anos. Sรฃo avaliados aspectos ambientais, toxicolรณgicos, nutricionais e socioeconรดmicos, que garantem mais seguranรงa alimentar e menor impacto ao meio ambiente.

Outro ponto frequentemente explorado pelo MST diz respeito ร  ocupaรงรฃo de terras. O movimento sustenta que invade รกreas improdutivas para produzir alimentos e garantir dignidade ร s famรญlias assentadas. No entanto, dados do Censo Agropecuรกrio do IBGE de 2017 mostram uma realidade diferente. A renda mรฉdia mensal dessas famรญlias รฉ de apenas R$ 453,56, valor equivalente a pouco mais de meio salรกrio mรญnimo no ano pesquisado. Alรฉm disso, muitas รกreas ocupadas pelo movimento nรฃo recebem apoio tรฉcnico ou crรฉdito rural, o que inviabiliza qualquer projeto produtivo. Em muitos casos, famรญlias assentadas relatam a obrigaรงรฃo de participar de manifestaรงรตes e ocupaรงรตes polรญticas, ao invรฉs de serem incentivadas a produzir e se desenvolver de forma autรดnoma.

O MST, portanto, constrรณi sua narrativa com base em distorรงรตes e omissรตes que nรฃo resistem ร  checagem dos fatos. Ao atacar o agro brasileiro com falรกcias, o movimento busca legitimar aรงรตes que comprometem a seguranรงa jurรญdica no campo e desestimulam investimentos em produรงรฃo e inovaรงรฃo. O setor agropecuรกrio segue como um dos pilares da economia nacional, responsรกvel por gerar alimentos, empregos e desenvolvimento sustentรกvel em todas as regiรตes do paรญs.

(Por Agรชncia FPA)

Autor: Fernanda Toigo

Fernanda Toigo

Fernanda Toigo. Jornalista desde 2003, formada pela Faculdade de Ciรชncias Sociais Aplicadas de Cascavel. Iniciou sua carreira em veรญculos de comunicaรงรฃo impressos. Atuou na Assessoria de Comunicaรงรฃo para empresas e eventos, alรฉm de ter sido professora de Jornalismo Especializado na Fasul, em Toledo-PR. Em 2010 iniciou carreira no telejornalismo, e segue em atuaรงรฃo. Desde 2023 integra a equipe de Jornalismo do Portal Sou Agro. Possui forte relaรงรฃo com o Jornalismo especializado, com รชnfase no setor do Agronegรณcio.

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