“Narrativas do MST distorcem realiade do Agro brasileiro”, diz FPA

A Frente Parlamentar do Agronegรณcio publicou um artigo criticando a conivรชncia do Governo Federal ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O texto rebate declarรงรตes utilizadas pelo grupo contra o Agronegรณcio Brasileiro. Confira o texto na รญntegra:
Com um histรณrico de invasรตes de propriedades privadas que se estende por mais de quatro dรฉcadas, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) continua a propagar informaรงรตes falsas sobre o setor agropecuรกrio brasileiro. Embora se autodeclare um movimento social, o grupo รฉ amplamente reconhecido por aรงรตes ilegais, muitas vezes toleradas ou atรฉ incentivadas por autoridades pรบblicas. A conivรชncia do Governo Federal, seja pela omissรฃo diante das infraรงรตes ou pelo repasse de recursos do Orรงamento, fortalece a atuaรงรฃo do movimento, que passou a usar a desinformaรงรฃo como instrumento para justificar suas aรงรตes.
Outra narrativa difundida pelo grupo รฉ a de que a maior parte dos alimentos consumidos pela populaรงรฃo vem exclusivamente da agricultura familiar. A afirmaรงรฃo distorce a realidade. A agricultura familiar no Brasil รฉ composta por pequenos e mรฉdios produtores rurais que integram toda a cadeia produtiva do agronegรณcio, contribuindo significativamente para o abastecimento interno. No entanto, รฉ importante distinguir esse grupo das รกreas de assentamentos controladas pelo MST, que apresentam baixos รญndices de desenvolvimento humano e baixa produtividade. Os dados mostram que o agro brasileiro รฉ um sรณ, formado por pequenos, mรฉdios e grandes produtores, todos fundamentais para garantir seguranรงa alimentar, geraรงรฃo de empregos e desenvolvimento sustentรกvel no paรญs.
O MST tambรฉm acusa o setor de usar defensivos agrรญcolas de maneira indiscriminada, argumentando que o modelo prioriza monoculturas voltadas ร exportaรงรฃo e, por isso, utiliza grandes quantidades de produtos quรญmicos. A realidade รฉ outra. O uso de defensivos no Brasil estรก diretamente ligado ร s condiรงรตes tropicais do paรญs, que favorecem a incidรชncia de pragas e doenรงas. Esses produtos tรชm alto custo para o produtor, que tende a racionalizar seu uso para reduzir despesas. Alรฉm disso, a adoรงรฃo de tecnologias e boas prรกticas de manejo tem contribuรญdo para o uso mais eficiente e responsรกvel desses insumos.
Em relaรงรฃo ร s questรตes ambientais, o movimento afirma que o modelo produtivo adotado pelo agro brasileiro degrada o solo e contamina os rios. No entanto, o Brasil possui uma das legislaรงรตes ambientais mais rigorosas do mundo. O Cรณdigo Florestal exige que os produtores rurais mantenham parcelas significativas de suas propriedades com vegetaรงรฃo nativa. Em รกreas de floresta, por exemplo, esse percentual pode chegar a 80%. Atualmente, 66,3% do territรณrio nacional permanece coberto por vegetaรงรฃo nativa, o que representa mais de 560 milhรตes de hectares โ uma รกrea maior que toda a Uniรฃo Europeia. Esses dados desmontam a tese de que o setor opera de forma predatรณria.
Outra crรญtica recorrente do MST รฉ a de que a pecuรกria brasileira seria uma das principais causas do desmatamento da Amazรดnia e do Cerrado, alรฉm de grande emissora de gases de efeito estufa. Relatรณrios da Organizaรงรฃo das Naรงรตes Unidas para Alimentaรงรฃo e Agricultura (FAO), de 2021, mostram que o Brasil produz carne com uma das menores emissรตes de COโ por quilo no mundo. Isso se deve ร modernizaรงรฃo do setor, com investimentos em nutriรงรฃo animal, genรฉtica e tรฉcnicas de manejo sustentรกvel que reduzem significativamente o impacto ambiental.
O movimento tambรฉm tenta desqualificar o setor ao alegar que a mecanizaรงรฃo reduziu drasticamente a oferta de empregos no campo. Os dados, no entanto, apontam o oposto. Segundo o Centro de Estudos Avanรงados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, o agronegรณcio emprega cerca de 28,2 milhรตes de pessoas, o que corresponde a aproximadamente 26% das ocupaรงรตes no Brasil. A modernizaรงรฃo impulsionou a produtividade e criou novas oportunidades de trabalho em toda a cadeia produtiva, desde a produรงรฃo primรกria atรฉ os setores de insumos, indรบstria e serviรงos.
Em temas mais tรฉcnicos, como o uso de organismos geneticamente modificados, o MST tambรฉm aposta na desinformaรงรฃo. Segundo o grupo, os transgรชnicos aumentam o uso de agrotรณxicos e causam perda de biodiversidade. A verdade รฉ que os cultivos transgรชnicos, como soja e milho resistentes a pragas, foram desenvolvidos justamente para reduzir a necessidade de defensivos quรญmicos. Antes de serem aprovados para o plantio e consumo, esses produtos passam por um processo de validaรงรฃo cientรญfica que dura, em mรฉdia, dez anos. Sรฃo avaliados aspectos ambientais, toxicolรณgicos, nutricionais e socioeconรดmicos, que garantem mais seguranรงa alimentar e menor impacto ao meio ambiente.
Outro ponto frequentemente explorado pelo MST diz respeito ร ocupaรงรฃo de terras. O movimento sustenta que invade รกreas improdutivas para produzir alimentos e garantir dignidade ร s famรญlias assentadas. No entanto, dados do Censo Agropecuรกrio do IBGE de 2017 mostram uma realidade diferente. A renda mรฉdia mensal dessas famรญlias รฉ de apenas R$ 453,56, valor equivalente a pouco mais de meio salรกrio mรญnimo no ano pesquisado. Alรฉm disso, muitas รกreas ocupadas pelo movimento nรฃo recebem apoio tรฉcnico ou crรฉdito rural, o que inviabiliza qualquer projeto produtivo. Em muitos casos, famรญlias assentadas relatam a obrigaรงรฃo de participar de manifestaรงรตes e ocupaรงรตes polรญticas, ao invรฉs de serem incentivadas a produzir e se desenvolver de forma autรดnoma.
O MST, portanto, constrรณi sua narrativa com base em distorรงรตes e omissรตes que nรฃo resistem ร checagem dos fatos. Ao atacar o agro brasileiro com falรกcias, o movimento busca legitimar aรงรตes que comprometem a seguranรงa jurรญdica no campo e desestimulam investimentos em produรงรฃo e inovaรงรฃo. O setor agropecuรกrio segue como um dos pilares da economia nacional, responsรกvel por gerar alimentos, empregos e desenvolvimento sustentรกvel em todas as regiรตes do paรญs.
(Por Agรชncia FPA)