Estudo mostra os impactos da tecnologia para tornar a pecuária ainda mais eficiente

O estudo conduzido pela Fundação Medicina Veterinária (FUMVET), em parceria com a GlobalGen Saúde Animal, demonstrou que a adoção da IATF na pecuária proporciona ganhos significativos em produtividade e sustentabilidade. A comparação entre a IATF e a monta natural dos touros revelou uma redução expressiva na emissão de gases de efeito estufa (GEE), com uma diminuição de até 49% na produção de carne bovina e 37% na de leite. A tecnologia melhora a eficiência reprodutiva do rebanho, permitindo maior aproveitamento genético e reduzindo a pegada de carbono por quilo de alimento produzido.
A Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) é uma técnica reprodutiva utilizada na pecuária para otimizar a fertilização de bovinos. Diferente da inseminação artificial convencional, a IATF permite que as fêmeas sejam inseminadas em um período programado, sem a necessidade de identificar o cio individualmente.
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A técnica envolve protocolos hormonais que sincronizam a ovulação das vacas, garantindo maior eficiência no manejo e aumentando a taxa de prenhez do rebanho. Além disso, a IATF contribui para o melhoramento genético dos animais, padronizando a produção de bezerros e reduzindo o tempo de abate.
Metodologia do estudo
O estudo avaliou dois cenários distintos: um baseado na monta natural e outro na IATF, considerando um ano zootécnico completo. A metodologia seguiu os princípios da Avaliação do Ciclo de Vida (ACV), conforme as normas internacionais ISO 14040/44/67 e o IPCC (2019), garantindo rastreabilidade e comparabilidade dos resultados em nível global. A análise incluiu emissões desde a produção dos insumos até o momento em que a carne e o leite saem da fazenda, convertendo todos os dados para quilogramas de dióxido de carbono equivalente (kg CO2eq).
Impactos da IATF na produção e pegada de carbono
Na pecuária leiteira, a inseminação artificial foi aplicada a 595 mil vacas em lactação, resultando em um aumento de 36% na produção de leite e na redução da pegada de carbono de 1,44 para 1,06 kg CO2eq por quilo de leite corrigido (FPCM). Esses ganhos foram atribuídos à redução da idade ao primeiro parto, à diminuição do intervalo entre partos e às melhorias genéticas obtidas com a técnica.
No setor de carne bovina, 4 milhões de vacas foram sincronizadas com IATF, aumentando a produtividade em 27% e reduzindo a pegada de carbono de 41,46 para 27,91 kg CO2eq/kg peso vivo. A idade ao primeiro parto caiu de 48 para 24 meses, a taxa de desmame cresceu de 60% para 80% e os bezerros passaram a ganhar mais peso, contribuindo para uma pecuária mais eficiente e sustentável.
Relevância da eficiência reprodutiva
Os pesquisadores reforçam que a eficiência reprodutiva é essencial para a sustentabilidade da pecuária. Menos vacas são necessárias para gerar a próxima geração de bezerros, reduzindo a demanda por recursos naturais e diminuindo as emissões de metano dos rebanhos. Além disso, a tecnologia se adapta a sistemas de manejo avançados, como a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), aumentando ainda mais os benefícios ambientais.
Regionalização e certificação sustentável
A pesquisa destacou a importância da adaptação dos dados às condições brasileiras, considerando a diversidade dos biomas nacionais. Para garantir resultados representativos, os pesquisadores utilizaram bancos de dados nacionais e informações de propriedades das principais regiões produtoras. Essa abordagem fortalece a inserção da pecuária brasileira em cadeias globais que exigem rastreabilidade e permite sua participação no mercado emergente de créditos de carbono.
O estudo evidencia que a biotecnologia da IATF não apenas aumenta a eficiência produtiva, mas também reduz significativamente a pegada de carbono da pecuária. Como resultado, a técnica pode desempenhar um papel fundamental na certificação sustentável e na construção de uma pecuária mais alinhada às exigências globais por alimentos responsáveis.
(Com Forbes Agro)30