Boletim Climático
O que esperar do inverno depois da grande onda de frio
O chamado inverno meteorológico, o período do ano compreendido entre 1º de junho e 31 de agosto, usado na climatologia para análise da estação fria, está prestes a chegar em sua metade com um marcado período quente e outro muito frio mais ao Sul do Brasil.
Junho foi um mês de temperatura acima a muito acima da média na maioria do Centro-Sul do país.
São Paulo, por exemplo, teve o junho mais seco e mais quente desde o começo das medições em 1943 na estação do Mirante de Santana e igualou o recorde mensal de máxima de 28,8ºC.
Em Porto Alegre, junho terminou também com temperatura acima da média e a cidade chegou a registrar no dia 14 a maior temperatura máxima no mês desde o começo das observações em 1910 com 32,4ºC na estação de referência climatológica do bairro Jardim Botânico.
O padrão mudou radicalmente mais ao Sul do Brasil no final de junho com o ingresso de uma potente massa de ar polar que trouxe frio muito intenso e marcas abaixo de zero com muita geada para o Rio Grande do Sul.
No último dia de junho, a temperatura caiu a 7,1ºC abaixo de zero no Sul gaúcho e quase -8ºC no Planalto Sul de Santa Catarina.
A primeira metade de junho viu uma sucessão de incursões de ar frio nas latitudes médias do continente com frio extremo na Argentina, Uruguai e Rio Grande do Sul.
Em Buenos Aires, que não havia registrado uma mínima sequer abaixo de zero em 13 anos, foram quatro dias de mínimas negativas. Várias estações do Centro da Argentina ou tiveram recordes de mínimas para julho, ou até absolutos, de toda a série histórica.
No Rio Grande do Sul, as duas primeiras semanas de julho transcorreram quase todo o tempo com frio e por vezes muito intenso a extremo. No dia 9, a temperatura desceu a impressionantes 9,1ºC abaixo de zero em Pinheiro Machado, no Sul do estado.
Com muitos dias frios e de tempo fechado, as máximas foram muito baixas. Em Porto Alegre, a média das máximas nos primeiros treze dias de julho ficou em 14,5ºC, assim 5,3ºC abaixo da média máxima histórica de julho, um desvio negativo que é muito raro de se observar e que escancara como foram frias as duas primeiras semanas do mês na capital gaúcha.
E O QUE O RESTANTE DO INVERNO RESERVA DE FRIO?
O período de muito frio das primeiras duas semanas de julho está chegando ao fim nesta semana, que vai marcar o começo de um período mais prolongado de chuva abaixo da média e temperaturas perto e acima das normais históricas no Rio Grande do Sul.
Na faixa central do Brasil, gradualmente, nos próximos dias, ar mais quente voltará a dominar o Centro-Oeste e parte do Sudeste com elevação da temperatura. Os dias vão ser de marcas agradáveis, mas com calor em muitos pontos do Centro-Oeste.
Salientamos que não há expectativa de nenhuma incursão de ar frio de forte intensidade no curto prazo e a segunda metade do mês deve ser marcada predominantemente por dias em que as temperaturas estarão perto ou acima da média.
No médio e no longo prazo, a tendência deve se manter com temperaturas mais acima da média no Centro-Oeste e no Sudeste do Brasil, enquanto mais ao Sul do país os dias terão marcas mais próximas da média, com algumas jornadas frias e outras de mais altas temperaturas, avançando sobre agosto.
As projeções semanais de anomalia de temperatura do modelo de clima do Centro Meteorológico Europeu até o dia 26 de agosto em que se constata a tendência de clima mais quente no Centro do Brasil e uma maior variabilidade de temperatura ao Sul do Brasil.
Sob o cenário que se apresenta, conforme a análise da MetSul, é extremamente improvável que se repita neste inverno um período ao mesmo tempo, de frio tão atipicamente intenso e prolongado como do final de junho e da primeira de metade de julho.
Por outro lado, é muito provável que no Sul do Brasil ainda sejam registrados episódios de frio, potencialmente até intenso em ou outro evento, mas que ocorrerão de forma mais pontual em meio a muitos dias de temperatura mais amena ou até elevada.
RISCO DE FRIO TARDIO
O Oceano Pacífico está na metade deste inverno meteorológico e deve assim seguir no curto prazo. A Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA), dos Estados Unidos, estima 70% de probabilidade de La Niña para o trimestre agosto a outubro.
A MetSul Meteorologia não prevê La Niña tão cedo e da mesma forma não acredita em probabilidades elevadas do fenômeno no curto e médio prazo, mas a tendência é que o Pacífico se resfrie na faixa equatorial nas próximas semanas.
Seja com La Niña ou neutralidade com anomalias negativas de temperatura do mar, há uma tendência histórica de frio tardio. Assim, a MetSul Meteorologia considera que existe uma probabilidade maior do que a média de frio tardio no final do inverno e na primavera, eventualmente até intenso, mas com episódios pontuais e de curta duração.
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Com Metsul