IMAGEM: Embrapa Territorial

Geotecnologia e dados orientam ações na área rural do RS

Redação Sou Agro
Redação Sou Agro
IMAGEM: Embrapa Territorial

As enchentes do mês de maio no Rio Grande do Sul atingiram 21,5 mil imóveis rurais, sendo 84,5% de pequenos produtores. Entre 5 a 7 de maio, as inundações tinham impactado 12 unidades de conservação, 25 assentamentos e 3 comunidades quilombolas. Nas áreas atingidas pelas enchentes e deslizamentos de terra, existiam mais de 17 mil domicílios na área rural dos 120 municípios declarados em situação de emergência ou calamidade pública até 3 de junho.

Desde traçar um panorama geral da situação no estado até indicar os pontos de localização de domicílios onde podem estar pessoas em situação de vulnerabilidade em um município, dados gerados e compartilhados por instituições públicas têm sido utilizados no enfrentamento aos efeitos das enchentes e deslizamentos de terra no Rio Grande do Sul. Parte dos esforços da Embrapa voltados aos agricultores e à agricultura no estado está no tratamento desses dados com ferramentas de geotecnologia.

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A partir das manchas de inundação e deslizamentos fornecidas pela Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão do Governo Estadual (SPGG/RS) e pelo Programa Brasil MAIS (Meio Ambiente Integrado e Seguro) do Ministério da Justiça e Segurança Pública, a Embrapa Territorial (Campinas, SP) combinou dados públicos e oficiais para gerar informações solicitadas por diferentes organizações. Um dos pedidos de apoio veio do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-RS), que precisava identificar rapidamente onde poderiam estar famílias de agricultores atingidos pelas inundações e deslizamentos na área rural

A equipe de geoprocessamento da Embrapa Territorial, então, foi buscar, no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) as coordenadas geográficas dos domicílios visitados durante o censo populacional de 2022. A disponibilização do arquivo de pontos dos locais visitados pelos recenseadores foi uma novidade apresentada pelo IBGE a partir do censo agropecuário de 2017. No centro de pesquisa campineiro, o recurso vem sendo utilizado para análises de alcance territorial da produção e da preservação ambiental nas áreas rurais do Brasil. Dessa vez, os dados de localização dos domicílios em área rural foram processados de forma a serem identificados no interior da  da mancha de inundação e de deslizamentos de terra, nos municípios em situação de emergência ou calamidade pública.

 Encontrando pessoas

Com isso, as equipes do Senar passaram a ter na palma da mão, no celular, uma rota para chegar até os domicílios impactados. “A Embrapa forneceu para a gente arquivos em KMZ, que conseguimos importar diretamente para o Google Earth. Dividimos todo esse mapa em vários arquivos para que ficasse mais leve, mais ágil, para que cada supervisor conseguisse abrir no seu celular e para direcionar (os esforços) junto ao seu sindicato rural”, conta o coordenador de desenvolvimento e inovação do Senar/RS, Alexandre Padilha.

A partir dos dados, também foram gerados mapas e tabelas para a priorização de municípios a serem atendidos, conforme a parcela do território atingida pela mancha de inundação e deslizamentos, bem como pelo número de domicílios existentes nessa área.

O município de Nova Santa Rita foi o que teve a maior parte do território afetado (54,6%), enquanto Rio Pardo foi o que apresentou a maior quantidade de domicílios na área devastada (1.201). “Com isso, as pessoas conseguiram ser estrategicamente direcionadas para a ação”, diz Padilha. Chamada de SuperAção Agro Rio Grande do Sul, a iniciativa do Senar-RS mobilizou 300 técnicos e investiu R$ 100 milhões para assistência aos agricultores.

O analista da Embrapa Territorial Paulo Roberto Rodrigues Martinho tem atuado diretamente no processamento de dados para atender a essas demandas e pontua uma diferença do trabalho feito para o Senar/RS: “As outras análises são para apoio a políticas públicas, essa foi para a ação imediata de ir a campo e encontrar pessoas”.

 Panorama

O conceito e a metodologia por trás dos sistemas de inteligência territorial estratégica foram utilizados para apresentar um panorama das áreas de produção, algumas das principais culturas e infraestrutura atingidas no estado. “Para avaliar impactos e necessidade de ações para agropecuária, precisamos olhar para dentro das propriedades, mas também para o entorno, para as estruturas de armazenagem e escoamento da safra, para o recebimento de suprimentos para as pessoas e insumos para a produção”, ressalta o chefe-geral do centro de pesquisa, Gustavo Spadotti. Esse trabalho foi feito ainda no início de maio, quando só estavam disponíveis os limites da mancha da área atingida pelas enchentes entre os dias 5 e 7. Naquele momento, pode-se apurar que 85 armazéns, com capacidade de estocar 750 mil toneladas, estavam localizados nesse território. Ainda sem considerar os deslizamentos, foram identificados 49 bloqueios parciais e 42 bloqueios totais em rodovias.

Para chegar a esse panorama, apresentado com números e nos mapas, dados mantidos por diferentes instituições foram empregados: Agência Nacional de Águas (ANA)Companhia Nacional de Abastecimento (Conab)Departamento Autônomo de Estradas e Rodagem (DAER/RS)IBGE e Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa)Serviço Florestal Brasileiro (SFB/SICAR), entre outros.

A partir desse trabalho e das necessidades identificadas pela Diretoria-Executiva da Embrapa e pelos quatros centros de pesquisa localizados no estado, outras análises, com recortes territoriais menores, estão sendo realizadas, sempre com a informação mais atualizada disponível no momento. Um exemplo foi a análise territorial sobre o impacto das chuvas nas microrregiões de Lajeado e Encantado. A equipe está trabalhando com uma atualização da mancha de inundação e deslizamentos, baseada em imagens de satélite com datas de 14 e 15 de maio de 2024, e aguardando novas versões. “Nosso orientador é sempre a área da mancha mais atual, que é atualizada conforme a demanda”, lembra o analista Carlos Alberto de Carvalho, da Embrapa Territorial.

Além dos levantamentos de dados, a Embrapa está reunindo os sete centros de pesquisa da região Sul para articulações e ações no território gaúcho: Embrapa Clima Temperado,  Pelotas (RS); Embrapa Pecuária Sul, Bagé (RS); Embrapa Trigo, Passo Fundo (RS), Embrapa Uva e Vinho, Bento Gonçalves (RS); Embrapa Suínos e Aves, Concórdia (SC), Embrapa Florestas, Colombo (PR), e Embrapa Soja, Londrina (PR). A Embrapa irá atuar com o seu corpo técnico no diagnóstico sobre a situação do solo e da sua fertilidade nas diferentes localidades,em parceria com a Emater/RS e consultores associados.

(Com Embrapa Territorial)

(Redação Sou Agro/Sou Agro)

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