Superar gargalos em ferrovia pode dobrar volume de cargas por trem
O ex-presidente da Appa (Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina), Luiz Henrique Dividino, é autor de um estudo, encomendado pela Fiep, que, caso implementado, pode dobrar o volume de cargas transportadas por trem que chegam anualmente ao Porto de Paranaguá. Dividino participou dias atrás de reunião do POD, na Acic, em Cascavel, e falou das sugestões que podem dar mais fôlego ao modal férreo no Estado.
Uma síntese da reunião com Dividino foi apresentada pelo vice-presidente do Programa Oeste em Desenvolvimento, Alci Rotta Júnior, em recente encontro do Conselho Deliberativo da Caciopar, na Aciac, em Assis Chateaubriand. Para um público formado por presidentes de Aces e líderes associativistas, Alci informou que as intervenções vão melhorar o transporte ferroviário e gerar mais demanda ao Porto de Paranaguá, que recebe 24% das cargas nacionais destinadas ao exterior – pelo de Santos passam 65%.
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Os gargalos na malha ferroviária, principalmente no Centro-Sul e Sul do Estado, limitam o transporte pelo modal e tornam o processo lento e demorado. Das 65 milhões de toneladas recebidas em 2023 pelo Porto de Paranaguá apenas 13 milhões chegaram por trem. E desse total, apenas 900 mil toneladas seguiram ao litoral a partir do Oeste do Paraná. Hoje, segundo o vice-presidente do POD, um vagão demora sete dias entre partida e destino, com percurso de apenas 600 quilômetros.
Com as obras sugeridas no estudo elaborado por Dividino, eliminando trechos que tornam a operação lenta, o aumento no transporte por trem subiria de 13 milhões para 26 milhões de toneladas/ano. O Oeste, em vez de 900 mil, teria então condições de empregar o modal para escoar seis milhões de toneladas. As intervenções deverão ser apresentadas ao governo do Estado e então à Rumo, empresa que busca antecipar a renovação de contrato férreo no Estado. “A Ferroeste segue como prioridade, mas a solução apresentada, em uma fração do tempo, pode trazer grandes benefícios à nossa região e às exportações”, informou Alci.
No entanto, há desafios para implementar as mudanças. Uma delas é o fato de o porto estar no perímetro urbano de Paranaguá, o que cria congestionamentos, transtornos e riscos aos moradores. Atualmente, 91% do porto pertence ao Estado e esse é outro ponto complexo da equação, segundo especialistas que analisam a questão. Por outro lado, além de ampliar o volume de cargas, tirando grande número de caminhões das rodovias, haveria redução de custos com frete. As alterações propostas também combateriam outro problema, que é a espera de cerca de 60 navios para carregar. A demora gera custos adicionais e torna a operação ainda mais cara, reduzindo a competitividade dos produtos paranaenses.
Rodovias
Alci falou ainda, na reunião do Conselho Deliberativo da Caciopar, sobre a concessão de rodovias no Paraná. Os lotes 1 e 2 já têm empresas definidas. Os lotes 5 e 6 afetam diretamente o Oeste. O que se busca, conforme ele, é tarifa acessível e retomada de obras consideradas estratégicas. A expectativa é que um bom número de empresas participe da licitação, o que reduziria a tarifa paga pelos usuários. O POD é formado por representantes de mais de 60 entidades e assuntos como infraestrutura são debatidos em câmara especializada.
(Com Caciopar)