Febre do maruim começa a preocupar no Sul do País
O mosquito maruim, que tem tirado a paz dos catarinenses não tem nenhuma relação com Aedes aegypti e nem com o famoso borrachudo. O Maruim é uma espécie que precisa de matéria orgânica em decomposição para se desenvolver. Os criadouros são diferentes tipos de matéria orgânica em decomposição, seja topo de bananeira, topo de palmáceas, esterqueiras e a própria lama.
“No caso do maruim, a partir do criadouro, ele pode chegar à pessoas que estejam a uma distância de até mil metros. Mas se observarmos que em todos os lados dos 360 graus tem matéria orgânica em decomposição, pode-se afirmar que o Maruim está presente na rotina. Basta ter temperatura acima dos 28 graus para estarem se reproduzindo e adultos aparecendo e picando. As fêmeas precisam sugar sangue. São hematófagas para produzir ovos e esse ataque se dá a qualquer mamífero: equinos, bovinos, animais domésticos e humanos, causando alergia, coceiras e trazendo desconforto muito grande”, observa Wilson Reis Filho, Pesquisador da Epagri da Estação Experimental de Itajaí.
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Um dos temores é a febre do maruim, o que já é um problema no Norte do País e agora um receio também do Sul. Segundo o Ministério da Saúde, em 2023 832 pessoas foram diagnosticadas com a doença. Neste ano, o número de casos confirmados já subiu para 3.354. O estado do Amazonas concentra a maioria dos casos, com 2.528. Seguido por Rondônia 574, Acre 108, Bahia 31. Na região Sul, todos os estados já confirmaram casos, sendo quatro no Paraná, três em Santa Catarina e três no Rio Grande do Sul.
A cidade de Jaraguá do Sul ainda não registrou nenhum caso da doença, mas pelo nível da infestação de maruins, o medo é grande. Como a proliferação do mosquito está fora do controle, se a doença chegar, alcançará níveis proporcionais.
A infestação de Maruins não é um problema novo em Santa Catariana, mas se agrava em algumas épocas. “Isso acontece por influência de fatores de temperatura, umidade e sobretudo em algumas regiões onde bananeiras são mais comuns. O mosquito maruim também é chamado de mosquito do mangue ou mosquito pólvora. Ele se cria até na lama do mangue, em buracos de caranguejo. A medida que as cidades foram ficando mais próximas do mangue, as fêmeas do maruim foram tendo mais sangue a disposição, picar mais pessoas e se reproduzir mais. Ao mesmo tempo houve ampliação no cultivo da bananeira e na atividade de criação de gado, que oferecem aos mosquitos as esterqueiras como criadouro. Tudo foi contribuindo para aumentar a população”, explica o pesquisador da Epagri.
Sobre formas de controle, Wilson destaca a limpeza, redução de matéria orgânica, menos criadouros nas proximidades onde há concentração populacional . “Uma pesquisa feita em 2020 apontou que a larva de um maruim precisa de um PH acima de 9 para se desenvolver. Ou seja, qualquer coisa que se faça para deixar mais ácido, freia o desenvolvimento da larva. Mas ainda não existe nada oficialmente registrado para o controle do maruim. Tudo precisa ser estudado”.
O trabalho mostrou que 60% da população do maruim é proveniente dos cepos de bananeira, mas não justifica dizer que a cultura é culpada pela proliferação do mosquito. Ele estaria se reproduzindo em qualquer fonte de decomposição.
O pesquisador destaca ainda que todas as formas de controle que vierem a surgir, por mais eficazes que sejam, precisarão ser repetidas todos os anos. “A ideia é se estudar um componente biológico da natureza que fizesse voltar o equilíbrio populacional do maruim, são ações de implementação e um estudo a longo prazo. Agora o que se pode orientar à população é o uso de repelente, óleo de eucalipto, citronela, telas nas janelas até que se tenha solução mais definitiva”, observa Wilson Reis Filho.