Reajuste no preço do tabaco cobre aumento do custo de produção

Fernanda Toigo

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Foto: Reprodução/FAEP

A FAEP acompanhou, ao longo de janeiro, rodadas de negociação das sete integradoras do tabaco, que definiram preços do produto para a safra 2023/24. As Comissões para Acompanhamento, Desenvolvimento e Conciliação da Integração (Cadecs) reúnem representantes das empresas, das federações de produtores rurais, de trabalhadores e da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra). Os produtores obtiveram reajustes que cobrem, pelo menos, o aumento dos custos de produção.

Em uma das empresas, o protocolo assinado em 16 de janeiro prevê reajuste linear de 8% no preço do tabaco da variedade Virgínia. Com isso, o quilo do produto classificado como BO1 (de melhor qualidade) passou a ser comercializado a R$ 22,46. A proposta cobre o aumento dos custos de produção, com ganho real de 2,94%. Na variedade Burley, o reajuste estipulado foi de 6,56%. Como o custo de produção tinha caído 1,77%, o ganho real foi de 8,33%.

Nas outras seis integrações, as empresas não aceitaram a contraproposta apresentada pelos produtores e as partes não firmaram acordo. Com isso, deve prevalecer a tabela apresentada anteriormente pelas integradoras, com reajustes superiores a cinco pontos percentuais, que cobrem o aumento dos custos de produção aferido desde a última safra.

“É importante destacar a importância da Cadec, que garante que haja uma negociação com as empresas e que dá ao produtor a oportunidade de ser ouvido. Além disso, a Cadec dá segurança jurídica à negociação. Ou seja, os acordos firmados na comissão têm que ser cumpridos. A empresa não pode, eventualmente, alegar alguma mudança de conjuntura e pagar menos do que foi estabelecido”, explica Bruno Vizioli, técnico do Departamento Técnico e Econômico (DTE) do Sistema FAEP/SENAR-PR. “Antes das Cadecs, todo o poder ficava nas mãos das empresas”, resume.

Cadecs abrem porta para negociação

Há mais de duas décadas atuando na cadeia do tabaco, a produtora Elenir Belin também destaca a necessidade da manutenção do diálogo entre as empresas e os fumicultores. Ela e o marido, Maurício Belin, cultivam 19 hectares em Prudentópolis, na região Centro-Sul do Paraná. A fumicultora comparou o momento atual com o período antes da Lei da Integração, que instituiu as comissões de negociação.

“Antes não tinha espaço para negociação. Agora, está mais justo e mais fácil negociar”, aponta. “Na safra passada, o custo de produção estava muito pesado. Nesta safra atual, deu uma aliviada e o preço melhorou. O que está difícil é mão de obra, que tem pesado”, avalia a produtora.

O fumicultor Alberione Pontarolo, por sua vez, faz a ressalva de que as negociações precisam ser antecipadas para antes da safra. Hoje, por exemplo, ele estima que 90% do tabaco da região de Prudentópolis – onde ele atua há mais de 30 anos – já tenham sido colhidos.

“No caso da soja, por exemplo, o produtor sabe que a saca custa ‘x reais’. No nosso caso, os produtores ficamos em um impasse, porque plantamos sem ter definidos os valores da safra. O produtor fica meio no escuro”, diz. Na integração da região de Pontarolo, as negociações terminaram sem acordo. “Aqui, estamos comercializando com valores antigos. Lá na frente, se tiver um acordo, a empresa fará um pagamento retroativo, compensando a diferença”, explica.

Nas Cadecs, os produtores são representados, além da FAEP, pela Farsul e pela Faesc. A Fetaep, Fetag e Fetasc representam os trabalhadores rurais. Para Vizioli, as comissões são uma forma de os fumicultores participarem ativamente das decisões da cadeia produtiva e manifestar seus anseios. “A Cadec é o canal por meio do qual o produtor pode ser ouvido, enviar suas demandas, para que os representemos nas negociações com as empresas”, afirma o técnico do Sistema FAEP/SENAR-PR.

(Por FAEP)

Autor: Fernanda Toigo

Fernanda Toigo

Fernanda Toigo. Jornalista desde 2003, formada pela Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Cascavel. Iniciou sua carreira em veículos de comunicação impressos. Atuou na Assessoria de Comunicação para empresas e eventos, além de ter sido professora de Jornalismo Especializado na Fasul, em Toledo-PR. Em 2010 iniciou carreira no telejornalismo, e segue em atuação. Desde 2023 integra a equipe de Jornalismo do Portal Sou Agro. Possui forte relação com o Jornalismo especializado, com ênfase no setor do Agronegócio.

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