Foto: Reprodução/Agência Catarinense de Notícias
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Milhos melhorados geneticamente viram cerveja em SC

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Redação Sou Agro
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O milho Variedade Polinização Aberta (VPA) da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), que já provou seu valor para a agricultura familiar catarinense resistindo a estiagens e doenças, virou cerveja. A cervejaria Cozalinda lançou, no dia 30 de novembro, em Florianópolis, a série de cervejas El Camino del Maíz, feitas a partir das variedades Fortuna e Colorado.

Os milhos VPA foram desenvolvidos pelo Centro de Pesquisa para Agricultura Familiar (Epagri/Cepaf). São resultados de melhoramento genético em campo, sem alteração de genes em laboratório, diferente dos transgênicos e híbridos. São rústicos e não exigem grandes investimentos em tecnologia, como adubação e defensivos. O custo da semente também é bem mais acessível em comparação com outras disponíveis no mercado.

A nova cerveja de milho teve a chicha como inspiração. Trata-se de um bebida ancestral de milho feita ainda hoje por povos originários de diversos países sul-americanos, presente na vida de populações no Brasil, Argentina, Chile, Equador, Bolívia, Colômbia e no Peru, onde é mais popular.

Com o milho Fortuna, se fez uma Chicha Contemporânea e uma Frutillada Contemporânea com adição de goiaba, erva doce e anis estrelado. Para o milho Colorado, uma Chicha Contemporânea e uma Frutillada Contemporânea também.

Procura começou em 2020

Diego Simão, co-fundador e cervejeiro da Cervejaria Cozalinda, conta que em 2020 ele começou a procurar sementes de milho crioulo em Santa Catarina. Ele precisava de uma boa produção de sementes para iniciar o milharal que daria origem às suas cervejas, mas não encontrou um produtor de crioulas que pudessem atendê-lo nessa demanda.

Em 2021 ele conheceu as variedades desenvolvidas pela Epagri. As sementes foram plantadas numa fazenda em Goiás e, apesar da diferença com o clima catarinense, tiveram bom desempenho. No primeiro ciclo ele plantou 30kg de sementes dos milhos Fortuna, Colorado e Catarina e colheu 1,2t. A variedade Catarina teve uma produção muito irregular e foi retirada do experimento.

No segundo ciclo, Diego colheu 18 toneladas de Fortuna e 24 toneladas de Colorado, investindo somente em adubação e controle de lagarta, já que seu objetivo é aproximar-se o máximo possível da produção orgânica. Os grãos foram para malteação no início de 2023, na empresa Maltes Catarinense.

Bom desempenho em Goiás

Felipe Bermudez, pesquisador e melhorista genético de milho na Epagri/Cepaf, explica que as variedades desenvolvidas pela Empresa costumam ter bom desempenho no clima de Goiás, embora não alcancem toda a produtividade que teriam em Santa Catarina. Apesar disso, o baixo custo das sementes dos milhos da Epagri e sua resistência a uma das pragas mais comuns dessa cultura são atrativos para os produtores da região central do país.

(Por Agência Catarinense de Notícias)

(Redação Sou Agro/Sou Agro)