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História especial: trabalhador rural e instrutor se reencontram em curso do SENAR-PR após 30 anos

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Débora Damasceno
Débora Damasceno

O trabalhador rural Odair José da Costa chegou entusiasmado à sala em que faria o curso “Tratorista agrícola”, do SENAR-PR, na fazenda em que trabalha em Tamarana, Norte do Paraná. Há quase 30 anos, ele já tinha concluído a mesma capacitação, mas decidiu refazer o treinamento para se atualizar, principalmente porque os maquinários agrícolas vêm se modernizando ano a ano. Mal chegou à aula, Costa teve uma surpresa: percebeu que o instrutor era o mesmo de três décadas atrás. Um reencontro proporcionado pela busca do conhecimento.

“A hora que ele falou o nome, eu lembrei na hora. Parece que passou um filme na minha cabeça”, diz Costa, de 47 anos. “Eu jamais imaginei que iria encontrar um instrutor que me deu aula quase 30 anos atrás”, acrescenta. Quando fez o curso em 1994, Costa era um jovem de 18 anos que já trabalhava no setor agropecuário. Na época, ele queria segmentar sua atuação, voltando à operação de máquinas agrícolas, de tratores e pás-carregadeiras. “Eu queria seguir para esse lado, porque sempre tinha oferta de emprego. E o SENAR-PR ajudou muito com esse curso”, relembra. Há 16 anos, Costa é funcionário da Agropecuária Lafracchi, em Tamarana.

“Como as coisas estão se modernizando, a fazenda sempre traz cursos para a gente se atualizar. Eu já fiz de aplicação de agrotóxicos e um de gestão [o ‘Kaizen’]”, aponta.

Com um longo histórico no quadro do SENAR-PR, o instrutor do curso foi Edson Luiz Limper. Em 1993, ele era professor da Rede Estadual de Ensino, ministrando aulas em colégios agrícolas. Na época, foi convidado a fazer uma capacitação do SENAR-PR em um centro de treinamento da New Holand. Em seguida, surgiu o convite para um novo curso, no Centro de Treinamento Agropecuário (CTA) de Ibiporã, do SENAR-PR. No entanto, era uma “pegadinha”.

“Chegando lá, tinha uma turma para eu dar aulas de tratorista. Era uma armadilha do administrador do CTA, que tinha me convidado. Eu até me assustei, mas assumi a responsabilidade e dei o curso”, relembra Limper. “Eu via um brilho nos olhos de quem estava em sala de aula. Em seguida, eu participei da primeira turma de formação de instrutores e não parei mais de ministrar cursos”, avalia.

Certificado do primeiro curso concluído por Odair José da Costa, na década de 1990

Na época, em menos de um ano, Limper trocou os colégios agrícolas pelas capacitações do SENAR-PR. Faz questão de manter contatos com alunos, mesmo depois das aulas, prestando orientações, tirando dúvidas e trocando ideias sobre novidades e inovações no mercado agropecuário.

Quando Odair José da Costa o reconheceu, o instrutor imediatamente relembrou do aluno. Costa – que mora na fazenda onde as aulas ocorriam – foi até sua casa e pegou o antigo diploma, emitido em 1994. Os dois fizeram questão de tirar uma foto, para celebrar o reencontro. “Foi um prazer duplo. Primeiro, por ter feito a formação dele no passado e ver que ele se deu bem na profissão. E agora, por poder fazer a reciclagem”, define o instrutor.

(Débora Damasceno/Sou Agro)