Foto: Canva/Sou Agro

E o El Niño, será que vai dar uma trégua ou vai continuar preocupando o produtor rural?

Débora Damasceno
Débora Damasceno
Foto: Canva/Sou Agro

Os modelos de previsão apontam para estágio de maturidade, estabilidade e resfriamento consistente do El Niño para os próximos três meses. É o que aponta o Boletim trimestral do Conselho Permanente de Agrometeorologia Aplicada do Estado do Rio Grande do Sul (Copaaergs), coordenado pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi). As previsões apresentadas pelo boletim são baseadas no modelo estatístico do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

O prognóstico indica chuvas irregulares, com tendência a ficarem próximas da média ou ligeiramente acima da média no trimestre janeiro-fevereiro-março na maioria das regiões. Áreas com aglomerado de nuvens de tempestade podem se formar em regiões do Oeste e de fronteira entre o Uruguai e Argentina, que devem ficar com precipitação acima da média.

 

Eventos com tempestades, rajadas de vento forte e queda de granizo devem ocorrer no estado, ainda sob a influência do El Niño, que perderá intensidade. O mês de março pode apresentar chuvas em excesso e mais frequentes, com a passagem de frentes frias e a formação de áreas de instabilidade.

Entre janeiro e fevereiro, as temperaturas devem ficar acima da média, especialmente na metade norte do Rio Grande do Sul. Nesse período, o ar quente e úmido será uma constante, o que leva a condições de abafamento. Já no mês de março, com retorno das chuvas mais abrangentes e passagem de frentes frias, a tendência é de temperaturas um pouco abaixo da média, especialmente no sul do estado.

O boletim do Copaaergs é elaborado a cada três meses por especialistas em Agrometeorologia de 13 entidades públicas estaduais e federais ligadas à agricultura ou ao clima. O documento também lista uma série de orientações técnicas para as culturas do período.

Arroz

  • Intensificar o sistema de drenagem das áreas de lavoura, desobstruindo drenos, bueiros e vertedouros de barragens;
  • Efetuar a semeadura dentro do período recomendado pelo Zoneamento Agroclimático;
  • Iniciar a irrigação definitiva quando as plantas estiverem no estádio de 3 a 4 folhas, fazendo a aplicação da adubação nitrogenada em cobertura, preferencialmente em solo seco, antes da entrada de água;
  • Atentar para a possível ocorrência de baixa luminosidade, que reduz a resposta da cultura à adubação nitrogenada;
  • Ter cuidados especiais com o possível aumento na incidência de doenças, devido às prováveis condições meteorológicas favoráveis à sua ocorrência.

Culturas de primavera-verão

  • Escalonar a época de semeadura e utilizar genótipos de diferentes ciclos ou diferentes grupos de maturação sempre respeitando o zoneamento agrícola e calendário de semeadura;
  • Para cultura da soja, em semeaduras tardias deve-se utilizar cultivares de ciclo médio e tardio;
  • Preparar a semeadura da safrinha de forma escalonada;
  • Monitorar a lavoura quanto à ocorrência de doenças, em função do prognóstico de chuvas acima da média;
  • Atentar para o controle de pragas no milho, especialmente a cigarrinha.

Hortaliças

  • Considerando a possibilidade de chuvas acima da média, ter cuidado com excesso de umidade do solo, utilizando sistemas de drenagem, uso de camalhões;
  • Quando necessário irrigar, proceder pela manhã, dando preferência à irrigação por gotejamento;
  • Para cultivos em ambiente protegido (túneis e estufas), realizar o fechamento ao final do dia e proceder à abertura pela manhã o mais cedo possível, evitando aumento excessivo da temperatura do ar no ambiente interno dos abrigos;
  • Dar ênfase ao monitoramento de doenças, principalmente daquelas favorecidas pelo molhamento da parte aérea ou excesso de umidade no ar e/ou no solo;
  • Atentar para a possibilidade de baixa disponibilidade de radiação, especialmente em ambientes protegidos, garantindo maior transparência das coberturas com limpeza adequada, retirada de malhas de sombreamento.

Fruticultura

  • Muita atenção ao manejo fitossanitário, com o monitoramento de doenças, principalmente daquelas favorecidas pelo molhamento da parte aérea ou excesso de umidade no ar e/ou no solo;
  • Pelas condições que favorecem maior pressão de doenças, é importante realizar a rotação de produtos nos tratamentos fitossanitários, visando minimizar os riscos de resistência dos patógenos, garantindo maior eficiência do manejo;
  • Preservar a cobertura verde nos pomares, por meio de espécies cultivadas ou espontâneas, especialmente para proteção do solo, evitando a erosão e perdas de solo e nutrientes;
  • Se possível, investir em sistemas de proteção antigranizo para áreas novas e, em caso de ocorrência de danos por granizo, recomenda-se procurar a assistência técnica para análise e ajuste adequado de manejo;
  • Em relação a áreas protegidas de uva de mesa, atentar para a possibilidade de baixa disponibilidade de radiação, garantindo maior transparência das coberturas com limpeza adequada.

Pastagens

  • No manejo de plantas forrageiras, promover a manutenção da cobertura de solo e de boa disponibilidade de forragem, através de cargas animais adequada;
  • Reduzir a carga animal na pastagem após a ocorrência de grande volume de chuva, de forma a evitar danos à pastagem pelo excesso de pisoteio;
  • Em virtude do prognóstico de chuvas acima da média climatológica, atentar para as instalações e o entorno para evitar formação de barro, o que pode ocasionar problemas de casco, especialmente em vacas de leite;
  • Devido ao prognóstico de temperaturas do ar acima da média climatológica, principalmente na metade norte do estado, o produtor deve ficar atento, pois pode acarretar estresse térmico aos animais, principalmente para vacas de alta produção de leite.

(Com Governo do RS)

(Débora Damasceno/Sou Agro)

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