Com apoio técnico, criança com intolerância consome leite de vacas do sítio

Fernanda Toigo

Fernanda Toigo

Todo feliz, João Miguel agora pode beber seu leite a vontade - Foto por: Empaer

 

 

(Com Maricelle Lima Vieira | Assessoria Empaer/MT)

Com a ajuda da Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer), os pais de João Miguel de Oliveira, que tem intolerância à lactose, identificaram o leite de quais animais do rebanho o filho poderia consumir, sem risco de passar mal.

Foi feito um exame genético nas vacas para identificar quais teriam o genótipo A2A2 e que produzem o leite A2, que não tem um peptídeo (biomolécula) causador de alergia, presente no leite A1 e é uma alternativa para intolerantes à lactose.

Maria José Berto de Oliveira e Vanildo Correia de Oliveira procuraram ajuda da Empaer, que já prestava assistência técnica na propriedade de um parente próximo.

Maria José contou que, quando João Miguel nasceu, já houve o diagnóstico de alergia à proteína do leite, e que não sabia mais o que fazer. As diarreias do menino eram frequentes e uma tosse alérgica que assustava toda família.

“Foi uma fase muito difícil para nós. Era desesperador vê-lo naquela situação. No primeiro exame foi identificado que era intolerante à lactose. Vivendo no sítio e com rebanho de vacas no pasto foi um susto muito grande”, lembra a mãe.

Ela então decidiu falar com a médica veterinária da Empaer, Laura Peixoto de Arruda, que atendia o cunhado dela em outras demandas, e relatou à ela o que estava passando.

“Foi uma festa quando soubemos que tínhamos oito animais com essa característica. Foi Deus que mandou a doutora para a gente. Na época, fiquei muito emocionada e não sabia como agradecer. O João Miguel é filho único e vê-lo naquela situação nos entristecia muito. Saber que tínhamos a solução em casa, não tem nada que pague essa benção. Hoje, com dois anos e cinco meses, ele é uma criança saudável”, conta a mãe, emocionada.

 

Assistência técnica

A veterinária Laura Peixoto explicou que os produtores rurais podem fazer exame genético das vacas e saber quais animais produzem leite A2. Segundo ela, as raças zebuínas, geralmente, possuem maior frequência.

“É um nicho novo de mercado, com valor agregado. Os produtos produzidos a partir deste leite de genética original: leite A2, queijos A2, iogurtes A2, coalhada A2 – vem ganhando cada vez mais espaço das prateleiras dos supermercados, principalmente dos grandes centros urbanos”, afirmou.

Laura reforçou que o produtor tem como selecionar o rebanho para que todo o leite produzido seja deste tipo.

“Hoje em dia existe o selo Vacas A2A2 em produtos que garantem a rastreabilidade através de certificação.

“Na comunidade Paiol de Cáceres, foram duas famílias que resolveram investir e fazer as análises genéticas em 24 vacas, buscando um leite que não causasse intolerância à criança. Meu trabalho foi entrar em contato com laboratórios que fazem este tipo de análise, auxilie na coleta de DNA, no envio e interpretação dos resultados laboratoriais. Várias vacas das duas propriedades foram atestadas sendo de genética A2A2, possibilitando escolher o leite destas vacas”.

Sobre o leite A2

O leite A2 é o leite de uma vaca que contém a B-caseína de genética A2A2. A forma A1 surgiu devido a uma mutação genética no rebanho bovino em torno de 5 a 10 mil anos atrás. O leite comercialmente disponível geralmente é uma mistura de variantes A1 e A2.

Embora sejam semelhantes em termos nutricionais, a B-caseína A1 forma no intestino um peptídeo conhecido como BCM-7 que causa reações adversas nos seres humanos, predispondo ao desenvolvimento de alergia a proteína do leite. O BCM-7 também é estudado na medicina, pois parece implicar em outros distúrbios clínicos.

Já o leite A2, não forma este peptídeo, não apresentando nenhum efeito clínico nos seres humanos, ou seja, um alimento de melhor digestão, ajudando pessoas com reações alérgicas a proteína do leite. É uma alternativa principalmente para indivíduos que reportam desconforto gastrointestinal por consumo de leite de vaca não associado à lactose.

Nota técnica: Errata:

A intolerância da criança era à proteína do leite. A família pensou que se tratava de intolerância à lactose, mas a intolerância era à proteína do leite, visto que na tentativa de utilizar inicialmente um leite A2 UHT comprado em supermercado, a criança conseguiu se adaptar ao leite A2 e em seguida iniciou a investigação do próprio rebanho, o que obteve sucesso.
Muitas pessoas confundem a lactose (açúcar do leite) com a caseína (proteína do leite). A Intolerância à Lactose é diferente de Alergia à Proteína do Leite. O Leite A2 possui lactose. Os intolerantes à lactose precisam consumir este leite A2 e ingerir a enzima lactase ou procurar marcas que comercializam o leite A2 zero lactose.
Existem 3 tipos de intolerância à lactose: a intolerância primária ou congênita (uma falha na produção da enzima lactase em bebês), intolerância secundária (uma doença principal como infecções intestinais, vermes e outros agentes podem causar problemas na digestão da lactose e tratando a doença primária a intolerância à lactose desaparece) e a intolerância hipolactasia do tipo adulto, que pode iniciar após os 3 anos de idade, associado à raça, etnia, com a redução fisiológica da enzima lactase.
A alergia à proteína do Leite de Vaca (APLV) (alergia à caseína, albuminas e globulinas) pode causar reações tipo imediatas (semelhante a uma reação alérgica a qualquer substância), reações do tipo tardias (como uma intolerância) aparecendo horas ou dias após a ingestão do leite, tendo semelhança à intolerância à lactose ou reações tipo mistas, com manifestações dos dois tipos.
Na dúvida procure um médico para elucidar o seu problema e consumir o leite segundo orientação médica.

 

 

Autor: Fernanda Toigo

Fernanda Toigo

Fernanda Toigo. Jornalista desde 2003, formada pela Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Cascavel. Iniciou sua carreira em veículos de comunicação impressos. Atuou na Assessoria de Comunicação para empresas e eventos, além de ter sido professora de Jornalismo Especializado na Fasul, em Toledo-PR. Em 2010 iniciou carreira no telejornalismo, e segue em atuação. Desde 2023 integra a equipe de Jornalismo do Portal Sou Agro. Possui forte relação com o Jornalismo especializado, com ênfase no setor do Agronegócio.

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