Todo feliz, João Miguel agora pode beber seu leite a vontade - Foto por: Empaer

Com apoio técnico, criança com intolerância consome leite de vacas do sítio

Redação Sou Agro
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Todo feliz, João Miguel agora pode beber seu leite a vontade - Foto por: Empaer

 

(Com Maricelle Lima Vieira | Assessoria Empaer/MT)

 

Com a ajuda da Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer), os pais de João Miguel de Oliveira, que tem intolerância à lactose, identificaram o leite de quais animais do rebanho o filho poderia consumir, sem risco de passar mal.

Foi feito um exame genético nas vacas para identificar quais teriam o genótipo A2A2 e que produzem o leite A2, que não tem um peptídeo (biomolécula) causador de alergia, presente no leite A1 e é uma alternativa para intolerantes à lactose.

Maria José Berto de Oliveira e Vanildo Correia de Oliveira procuraram ajuda da Empaer, que já prestava assistência técnica na propriedade de um parente próximo.

Maria José contou que, quando João Miguel nasceu, já houve o diagnóstico de alergia à proteína do leite, e que não sabia mais o que fazer. As diarreias do menino eram frequentes e uma tosse alérgica que assustava toda família.

“Foi uma fase muito difícil para nós. Era desesperador vê-lo naquela situação. No primeiro exame foi identificado que era intolerante à lactose. Vivendo no sítio e com rebanho de vacas no pasto foi um susto muito grande”, lembra a mãe.

Ela então decidiu falar com a médica veterinária da Empaer, Laura Peixoto de Arruda, que atendia o cunhado dela em outras demandas, e relatou à ela o que estava passando.

“Foi uma festa quando soubemos que tínhamos oito animais com essa característica. Foi Deus que mandou a doutora para a gente. Na época, fiquei muito emocionada e não sabia como agradecer. O João Miguel é filho único e vê-lo naquela situação nos entristecia muito. Saber que tínhamos a solução em casa, não tem nada que pague essa benção. Hoje, com dois anos e cinco meses, ele é uma criança saudável”, conta a mãe, emocionada.

Assistência técnica

A veterinária Laura Peixoto explicou que os produtores rurais podem fazer exame genético das vacas e saber quais animais produzem leite A2. Segundo ela, as raças zebuínas, geralmente, possuem maior frequência.

“É um nicho novo de mercado, com valor agregado. Os produtos produzidos a partir deste leite de genética original: leite A2, queijos A2, iogurtes A2, coalhada A2 – vem ganhando cada vez mais espaço das prateleiras dos supermercados, principalmente dos grandes centros urbanos”, afirmou.

Laura reforçou que o produtor tem como selecionar o rebanho para que todo o leite produzido seja deste tipo.

“Hoje em dia existe o selo Vacas A2A2 em produtos que garantem a rastreabilidade através de certificação.

“Na comunidade Paiol de Cáceres, foram duas famílias que resolveram investir e fazer as análises genéticas em 24 vacas, buscando um leite que não causasse intolerância à criança. Meu trabalho foi entrar em contato com laboratórios que fazem este tipo de análise, auxilie na coleta de DNA, no envio e interpretação dos resultados laboratoriais. Várias vacas das duas propriedades foram atestadas sendo de genética A2A2, possibilitando escolher o leite destas vacas”.

Sobre o leite A2

O leite A2 é o leite de uma vaca que contém a B-caseína de genética A2A2. A forma A1 surgiu devido a uma mutação genética no rebanho bovino em torno de 5 a 10 mil anos atrás. O leite comercialmente disponível geralmente é uma mistura de variantes A1 e A2.

Embora sejam semelhantes em termos nutricionais, a B-caseína A1 forma no intestino um peptídeo conhecido como BCM-7 que causa reações adversas nos seres humanos, predispondo ao desenvolvimento de alergia a proteína do leite. O BCM-7 também é estudado na medicina, pois parece implicar em outros distúrbios clínicos.

Já o leite A2, não forma este peptídeo, não apresentando nenhum efeito clínico nos seres humanos, ou seja, um alimento de melhor digestão, ajudando pessoas com reações alérgicas a proteína do leite. É uma alternativa principalmente para indivíduos que reportam desconforto gastrointestinal por consumo de leite de vaca não associado à lactose.

(Com Maricelle Lima Vieira | Assessoria Empaer/MT)

Nota técnica: Errata:

A intolerância da criança era à proteína do leite. A família pensou que se tratava de intolerância à lactose, mas a intolerância era à proteína do leite, visto que na tentativa de utilizar inicialmente um leite A2 UHT comprado em supermercado, a criança conseguiu se adaptar ao leite A2 e em seguida iniciou a investigação do próprio rebanho, o que obteve sucesso.
Muitas pessoas confundem a lactose (açúcar do leite) com a caseína (proteína do leite). A Intolerância à Lactose é diferente de Alergia à Proteína do Leite. O Leite A2 possui lactose. Os intolerantes à lactose precisam consumir este leite A2 e ingerir a enzima lactase ou procurar marcas que comercializam o leite A2 zero lactose.
Existem 3 tipos de intolerância à lactose: a intolerância primária ou congênita (uma falha na produção da enzima lactase em bebês), intolerância secundária (uma doença principal como infecções intestinais, vermes e outros agentes podem causar problemas na digestão da lactose e tratando a doença primária a intolerância à lactose desaparece) e a intolerância hipolactasia do tipo adulto, que pode iniciar após os 3 anos de idade, associado à raça, etnia, com a redução fisiológica da enzima lactase.
A alergia à proteína do Leite de Vaca (APLV) (alergia à caseína, albuminas e globulinas) pode causar reações tipo imediatas (semelhante a uma reação alérgica a qualquer substância), reações do tipo tardias (como uma intolerância) aparecendo horas ou dias após a ingestão do leite, tendo semelhança à intolerância à lactose ou reações tipo mistas, com manifestações dos dois tipos.
Na dúvida procure um médico para elucidar o seu problema e consumir o leite segundo orientação médica.

 

(Redação Sou Agro/Sou Agro)

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