Foto: Reprodução/Internet

Bioinsumos são grandes aliados para o controle da cigarrinha do milho no País

Tatiane Bertolino
Tatiane Bertolino
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Com pouco menos de meio centímetro, a Dalbulus maidis ou cigarrinha do milho, como é popularmente conhecida, é uma das pragas mais devastadoras das lavouras brasileiras. Estudos apontam que, aqui no Brasil, ela é observada nos cultivos de cereais desde 1930, tornando-se um dos maiores problemas do campo apenas em meados de 2015.

“Esse pequeno inseto tem um potencial de dano avassalador, podendo em alguns casos, dizimar as lavouras, caso não controlado efetivamente, causando aos produtores, grandes prejuízos financeiros”, destaca Bruno Arroyo, engenheiro agrônomo e gerente de desenvolvimento de mercado da Agrobiológica, empresa da holding Crop Care.

A cigarrinha já deixou de ser uma praga exclusiva das áreas de produção de sementes de milho, hoje, estando presente em praticamente todas as regiões produtoras e nas diferentes fases do cultivo do grão, tanto primeira quanto segunda safra. Os primeiros grandes danos causados por esse inseto foram observados nos estados de Goiás, Bahia e Minas Gerais.

Embora ela esteja presente no Brasil há muito tempo, o primeiro grande relato da praga foi registrado em 1985, em Minas Gerais. Porém, é possível encontrar descrições dos patógenos causadores do enfezamento datando de 1971, em São Paulo.

Há diversas espécies de cigarrinha do milho, sendo a Dalbulus maidis, que tem origem no México, a maior causadora de problemas na lavoura. Ela se alimenta da seiva da planta, mas, além disso, é a transmissora da bactéria causadora do enfezamento, logo nos ciclos iniciais do plantio.

Um dos danos causados é na capacidade fotossintética da planta, trazendo manchas e o tão conhecido enfezamento. Outra característica é que as plantas podem ficar mais suscetíveis à tombamentos, principalmente ao final do ciclo. Também há casos de fumagina, quando existe alta pressão da praga nas lavouras.

Em relação ao manejo da praga, Arroyo deixa um alerta aos produtores: evitar os milhos “tiguera”. Essa planta voluntária, que cresce em áreas de outros cultivos ou em períodos de pousio, serve de abrigo para a cigarrinha, o que facilita a reprodução do inseto. É algo simples, mas a prática pode reduzir os impactos de uma grande infestação da praga.

Os sintomas da presença da cigarrinha só são observados após cerca de duas a três semanas da contaminação. Por isso, é importante que o produtor observe muito bem a plantação e seja capaz de identificar a presença do inseto, podendo entrar com um manejo preventivo, uma vez que a praga já esteja instalada.

“O período mais crítico, é o que chamamos de V4 a V6, onde a planta está definindo seu potencial produtivo, portanto, durante essas fases, ela está mais sensível a sofrer os impactos. É nesse período que o produtor deve ficar em alerta máximo, mas também é importante se manter atento desde a emergência da planta até a V8, onde a planta já está maior, porém igualmente exposta”, informa.

Segundo o especialista, áreas onde há ciclos de plantio durante o ano todo, são as mais afetadas. “A cigarrinha é um inseto vetor e tem uma capacidade de migração muito maior em relação a outras pragas. E quando o problema não é tratado corretamente, as consequências incorrem em grandes perdas. Em alguns casos, até mesmo de todo o plantio”, complementa.

Ainda de acordo com Arroyo, assim que a praga se tornou um problema sério dentro das lavouras, os produtores recorreram aos inseticidas químicos, que funcionaram em algumas aplicações. Porém, devido ao clima, especialmente em regiões do centro-oeste, onde não há ocorrência de temperaturas amenas, que geralmente funcionam como um controle natural dessas pragas, o manejo se torna ainda mais desafiador.

“Com o tempo, duas ou três aplicações já não eram tão eficazes quanto antes. E aplicações em grande volume, acabaram criando insetos resistentes a certos princípios ativos. Foi observado que os químicos entregavam uma média de controle de aproximadamente 60%, o que é bom, mas muitas vezes não o suficiente. E foi aí que muitos decidiram adotar o uso combinado com defensivos biológicos”, detalha.

De acordo com uma projeção do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg), em 2022, houve um aumento de 100% na área tratada com defensivos agrícolas, contra pragas nas lavouras de milho de primeira e segunda safra.

Os biológicos, que passaram a ser usados recentemente, em combinação com os químicos, diminuem a resistência da praga, e aumentam a eficiência do controle, principalmente em plantações onde a incidência desses insetos já é muito alta.

Hoje, os biológicos são fortes aliados, especialmente no combate à cigarrinha do milho. Nesse cenário, o fungo Isaria fumosorosea é o princípio ativo mais utilizado atualmente. Mas, para uma ação mais assertiva de prevenção e eliminação da praga, outros agentes combinados em formulação, como metabólitos, esporos e estruturas já prontas do fungo no produto, tornam a aplicação mais eficiente, e oferecem um controle mais rápido, o que é um diferencial para o produtor.

O fungo age no inseto por contato, seja na fase de ninfa ou adulto. Ele causa uma espécie de infecção na cigarrinha, uma vez que o produto é lançado na lavoura. A Isaria fumosorosea, após o contato, forma uma colônia interna no inseto, servindo como fonte de multiplicação do fungo. Arroyo explica que, caso esse inseto venha morrer, ele pode esporular mais fungos no ambiente, infectando outros insetos. “Você continua tendo insetos contaminados no ambiente, o que ajuda em um controle residual a longo prazo, uma vez que a aplicação é combinada com produtos químicos”, complementa.

Esse tipo de tecnologia de formulação diferenciada é chamada de Bioshock, presente no produto Aptur, desenvolvido exclusivamente pela Agrobiológica. Hoje, cerca de 1,5 milhão de hectares são tratados com essa tecnologia, apenas para o controle da cigarrinha do milho.

“O Aptur não danifica a planta e o ambiente, e ainda ajuda o produtor a garantir um controle a longo prazo durante todo o plantio, seja no uso combinado com produtos químicos ou não. Isso ajuda a reduzir gastos com produtos, aplicações, e mão de obra, uma vez que o controle se torna mais eficiente, aumentando a rentabilidade do agricultor”, finaliza.

Com Assessoria

(Tatiane Bertolino/Sou Agro)

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