Foto: Maurício Tonetto/Governo do RS

“Um processo longo, mas o pessoal é muito resiliente”, diz extensionista da Emater sobre recomeço dos produtores rurais do RS

Débora Damasceno
Débora Damasceno

As chuvas intensas que causaram enchentes e deixaram estragos em dezenas de cidades gaúchas provocaram 49 mortes no Rio Grande do Sul, segundo o último boletim da Defesa Civil do estado. Nove pessoas ainda estão desaparecidas e 106 cidades foram afetadas.

A maior tragédia climática da história dos gaúchos deixou um rastro de destruição. No agronegócio as perdas também foram gigantes, inclusive trouxemos aqui no Sou Agro um relatório preliminar que apresenta perdas relacionadas a infraestrutura, produção primária, pecuária e pastagens elaborado pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater). No agro, conforme o relatório, as condições climáticas adversas afetaram 50 municípios, 665 localidades e 10.787 propriedades.

 

Sobre o assunto, Célio Alberto Colle que é Extensionista Rural, Emater/RS explicou em entrevista um pouco de como está sendo esse trabalho por lá: “O agronegócio é muito importante e nós temos mais ou menos duas regiões que a gente classificou no momento de levantamento de perdas. A Emater é sempre acionada porque nós temos escritórios e equipes em todos os municípios do Estado e a medida que a gente consegue de imediato atender e levantar informações, até para ter um pouco do conhecimento do que aconteceu. Então, no primeiro momento a gente dividiu essa região que foi mais afetada pelo ciclone que é a região do Vale do Taquari e também o Vale do Caí. Então a gente levanta no primeiro momento a parte da infraestrutura, galpões, casas, armazéns, a parte de animais, a parte das culturas e, principalmente, o número de estabelecimentos rurais que tiveram danos de forma geral. As chuvas, o nível de precipitação chegou até 500 milímetros numa maneira geral no Estado, salvo algumas regiões. Você imagina uma precipitação de 400 a 500 milímetros. Só para exemplificar, a cada milímetro de chuva é um litro de água por metro quadrado. Então, se você tem 400 milímetros, são 400 litros em um metro quadrado”, detalha.

Agora o trabalho de reconstrução é dividido em etapas. Os levantamentos ainda estão sendo feitos para entender como o estado vai proceder para auxiliar essas famílias rurais.

“Aí nós tivemos perdas de solos, nós temos um problema no sistema de estrutura produtiva que vai impactar muito de longo prazo. Essa região é uma região que tem uma região de muita produção de aves, suínos, a produção de leite, que são cadeias assim que tem pequenos produtores, etc.  Então nós estamos nessa segunda fase, nessas regiões especificamente, nós estamos fazendo levantamentos particulares em cada propriedade, cada CPF para você analisar. Perdeu o solo, perdeu animais, perdeu infraestrutura, perdeu galpão, perdeu casa. Porque a gente tem várias frentes de rede de apoio que o governo do Estado está, está fazendo, está acompanhando. No segundo momento tem que recompor máquinas e as máquinas nesse caso na recomposição de solos e assim por diante. Então nós levantamos esses dados e encaminhamos hoje aqui no estado, na parte rural, a gente tem duas Secretaria de Desenvolvimento Rural e a Secretaria da Agricultura, que a gente tem encaminhado os nossos dados, nosso levantamento para a Secretaria de Desenvolvimento Rural e depois, a partir daí eles vão organizando os programas de apoio”, detalha.

O extensionista também fala sobre os produtores rurais que nunca desistem. Ele explica que dessa vez foi uma situação muito atípica e muitas áreas foram afetadas, inclusive a produtividade do solo, mas que ele sabe que os produtores vão se reerguer.

“As perdas são enormes, todas as cadeias, a produção. Mas nesse aspecto, naquele grupo dos agricultores, naquela região é diferente, porque perdeu a estrutura produtiva. Você perdeu muitas vidas, né? Então aí tem um efeito ainda psicológico. Então a gente tem diferentes situações, tem diferentes cenários.  É uma situação completamente adversa então é um processo que vai ser um processo longo de melhoria da infraestrutura em determinados lugares de reconstrução. Mas vai acontecer sim, o pessoal é muito resiliente”, finaliza.

ASSISTA A ENTREVISTA COMPLETA:

(Débora Damasceno/Sou Agro)

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