AGRONEGÓCIO
Colheita simultânea de culturas agrava problemas de armazenagem de grãos
As condições climáticas vêm “bagunçando” os períodos de plantio e colheita das culturas nos últimos anos. Com a safra de inverno deste ano não foi diferente, o atraso na colheita da soja fez com que o milho fosse plantado mais tarde do que o período tradicional. E coincidentemente a safra de trigo começou a ser colhida antes do esperado, fazendo com que as duas culturas de inverno fossem retiradas do campo ao mesmo tempo, fator que evidenciou um problema já existente e sem solução imediata: a armazenagem adequada dos grãos. “Essa coincidência foi muito prejudicial a todos nós produtores rurais. O milho que atrasou muito a colheita e o adiantamento da colheita de trigo, evidenciam o problema de armazenamento desses grãos. O Brasil não tem capacidade de armazenar tudo o que produz e a cada passo a mais que nós produzimos nós temos aumentado o nosso problema de armazenamento. Isso é o resultado da falta de políticas públicas, que lá atrás pudessem ter beneficiado a construção de armazéns”, argumenta Paulo Orso, presidente do Sindicato Rural de Cascavel.
Os prejuízos que o problema acarreta são inúmeros. “Essa colheita simultânea fez com que tenhamos filas enormes, congestionamento no armazenamento. Produtor perdendo milho na lavoura, trigo ficando na roça por excesso de chuva essa coincidência realmente foi um grande desafio de todos os produtores rurais”, lamentou o presidente.
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Quais são as soluções?
De imediato a falta de capacidade de armazenagem é um problema sem solução, mas para evitar que um cenário tão grave como vivemos hoje volte a se repetir é preciso planejamento, tanto do governo, quanto do próprio produtor. “Hoje existem programas estaduais e federais que oferecem benefícios ao produtor fazer o seu armazém, isso poderá minimizar esse impacto que nós tivemos dentro deste âmbito. Além desses programas, o Senar tem cursos pra que realmente capacite você na questão da armazenagem, então recomendamos que também faça uso disso. Produtor, você é um herói, mas programe-se, faça o investimento assertivo evitando depender do sistema existente”, conclui Orso.
O déficit é reconhecido pelo Governo Federal. Durante o lançamento do Plano Safra este ano, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, destacou o aumento de valores destinado ao incentivo para projetos de armazenagem e ressaltou que a infraestrutura de armazéns não acompanhou o crescimento das safras brasileiras. “Na medida que a safra é recorde, tem que ter mais armazém para guardar, para dar mais tranquilidade e prazo para que essa comercialização aconteça e o produtor seja mais competitivo”, disse.
O novo programa aumentou o montante ofertado para construção e ampliação de armazéns. Para estruturas com capacidade de até 6 mil toneladas, os juros são de 7% ao ano. Para demais armazéns, a taxa de juros é de 9,5%. O limite de financiamento é de R$ 50 milhões, para investimentos de armazenagem de grãos e até R$ 25 milhões para outros produtos. O prazo para pagamento é de 12 anos.
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Vantagens na armazenagem da própria produção
Apesar de ser um investimento significativo, as vantagens de ter a capacidade de armazenar a própria produção são inúmeras. A possibilidade de poder colher a lavoura no momento adequado da maturação da cultura sem depender da disponibilidade armazéns da região, por exemplo, traz mais segurança e liberdade ao produtor.
Outro benefício é a possibilidade de armazenagem até que haja condições favoráveis para a decisão da comercialização, levando em conta o preço da commodity, preço e disponibilidade de frete, câmbio, dentre outros. Reduzindo assim custos, minimizando perdas, economizando no transporte e melhorando a gestão da propriedade.
A garantia de local para armazenar os grãos, também abre a possibilidade ao produtor de plantar uma terceira safra em algumas regiões, no Paraná, por exemplo, trigo, após soja e milho.
A armazenagem também possibilita ao produtor comercializar produtos residuais destinados à ração e produzir renda adicional com isso.