ESPECIAIS
Produtor dá exemplo de como o conhecimento transforma vidas de famílias no meio rural
Quando José Misael Santos Dantas resolveu investir na produção de ovos caipiras em Carnaúba dos Dantas (RN), município localizado a aproximadamente 220 quilômetros de Natal, logo tropeçou nas dificuldades ocasionadas pela falta de experiência e de conhecimento.
A família vivia uma situação financeira de altos e baixos e o produtor fazia planos para melhorar a renda. Seu pai, Sebastião, é pecuarista de leite, e Misael, 28, trabalhava em uma indústria. Percorria 80 quilômetros, uma parte de “chão batido”, para ir e voltar de moto todos os dias. “Era longe. Minha mãe ficava muito preocupada, querendo saber se eu ia chegar bem”.
A criação de gado era o carro-chefe da família. As galinhas eram poucas e para consumo próprio. No início, ele tentou conciliar o emprego na indústria com o trabalho no campo, mas a primeira compra de aves foi uma “ducha de água fria”. A maioria era de corte e não de postura (como se chamam as aves destinadas à produção de ovos). “Comprei um lote enganado de cem galinhas. Não tinha resultado e foi um começo bem difícil”, lembra Misael.
A mãe, Fátima, recorda toda a preocupação vivida na época com a agonia do filho diante da falta de resultados. “Algumas galinhas inclusive começaram a morrer. Isso me preocupava”. O pai também precisava fazer bicos para complementar a renda, construindo cerca e capinando. “Era difícil. Ainda tentava vender uns queijos com a produção de leite. Mas a renda era pouca. Foi então que o Misael teve a ideia de criar mais galinhas, mas a primeira tentativa não deu certo”, conta Sebastião.
Misael construiu o aviário em 2017. Com o passar dos anos, a falta de resultados na sua produção coincidia com o crescimento da atividade de um vizinho, o que despertou sua curiosidade para saber o segredo do amigo. Foi então que ele ouviu falar pela primeira vez do trabalho do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar).
“O vizinho contou que estava recebendo assistência do Senar. Fiquei curioso porque a produção dele estava ótima. Então conversei com um técnico que me recebeu super bem. Eu não tinha conhecimento da linhagem produtiva. Conversamos sobre nutrição, linhagem e resolvemos fazer um projeto”, explica Misael.
O técnico do Senar Cleiton Oliveira enxergou potencial no aviário de Misael e começou a auxiliar o avicultor. Contudo, algumas alterações estruturais precisavam ser feitas. A primeira delas era se desfazer do lote de aves de corte e adquirir a linhagem correta de galinhas poedeiras. “Vi nele um potencial enorme e o desejo de aprender para crescer”, diz.
E as orientações do Senar não se limitaram apenas à linhagem certa das aves. Cleiton também passou a orientá-lo na alimentação das galinhas, na gestão das finanças e na comercialização dos ovos caipiras. Com o tempo, a relação ficou cada vez mais próxima. “Cleiton praticamente virou da família”, conta Misael.
Os primeiros contatos, há um ano, logo animaram Misael e os resultados vieram mais rápido que o previsto. Com a Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) do Senar, a primeira meta, de 50 ovos/dia, foi facilmente batida. Hoje, a produção mais que dobrou, chegando a uma média de 130 ovos/dia.
“Consegui a renda que eu sempre almejei”, entusiasma-se Misael, que agora pode de fato traçar novos planos apenas com a produção e passou a colocar novos projetos em prática. Há três meses, deixou o antigo emprego na indústria e, com isso, a família também passou a ficar mais tempo junta.
Cleiton não disfarça a emoção ao falar sobre Misael e dos resultados na propriedade em pouco mais de um ano de ATeG. “Ele estava com as aves erradas e um aviário que não dava resultados. Era uma estrutura subutilizada. Foi necessário refazer todo trabalho. E hoje tenho orgulho do resultado. O propósito do Senar é ajudar e transformar vidas, não importa o tamanho do produtor ou sua atividade”.
Com os bons resultados na produção de ovos, Misael já enxerga os próximos passos e afirma que eles estão bem perto. Ele quer fazer mais um aviário e comprar um carro para levar as cartelas de ovos para vender na cidade e na vizinhança. Hoje, o transporte é feito de moto, a cada dois ou três dias, com a ajuda da irmã mais nova, Vitória.
A história de Misael mostra a capilaridade do Senar para atuar nas mais diversas regiões do país e a diferença que a ATeG pode fazer na vida dos produtores rurais e de suas famílias. “O Senar contribuiu muito. Foi o empurrão que faltava para o meu crescimento e para eu mudar de vida. Sem a assistência técnica, eu não teria nem comprado o segundo lote. Com planejamento estratégico e orientações, temos uma realidade mais concreta e um futuro de mais esperança”, diz o produtor.
Já Cleiton diz que que “para o crescimento do produtor, é preciso que haja essa confiança, essa relação próxima entre técnico e família para os resultados aparecerem.
As preocupações da mãe de Misael fazem parte do passado. “Agora ele está no rumo certo. O que está acontecendo é uma benção”, diz Fátima quando pensa nos resultados da produção rural do filho, que permitiram que ele passe mais tempo próximo da família.
(Com CNABRASIL)