Planejamento garante bons resultados na adubação nitrogenada do trigo

Emanuely
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Com a previsão de um inverno com maior incidência de chuvas na Região Sul, influenciado pelo fenômeno El Niño, o produtor precisa de planejamento para garantir os melhores resultados na adubação nitrogenada no trigo. Veja as orientações da pesquisa para não errar no manejo de nitrogênio (N) na lavoura.

Os fertilizantes compõem parte significativa dos custos de produção de grãos, historicamente representando entre 25% a 30% do investimento na lavoura. Contudo, a adubação nitrogenada está diretamente relacionada à produtividade no trigo: “A aplicação de N ao solo no cultivo do trigo é uma das práticas de manejo mais seguras em relação ao retorno econômico. As pesquisas demonstram que a eficiência no uso de N oscila entre 12 a 21 quilos de grãos para cada quilo de N adicionado”, esclarece o pesquisador da Embrapa Trigo, Fabiano De Bona.

A ureia é o principal fertilizante utilizado no trigo devido ao menor custo por unidade de nutriente dentre os adubos nitrogenados disponíveis no mercado. De forma geral, a quantidade de N utilizada na lavoura de trigo é de 60 a 120kg/N/ha, aplicando de 15 a 20kg/N/ha na semeadura e o restante em cobertura (perfilhamento e alongamento do colmo das plantas). A aplicação de N no espigamento geralmente não aumenta o rendimento de grãos e a força de glúten, mas pode favorecer o aumento no teor de proteínas.

Para o pesquisador da CCGL/RTC, Tiago Horbe, a dose na adubação nitrogenada pode variar em função do teor de matéria orgânica no solo, da cultura antecessora, do histórico de potencial produtivo do talhão e da expectativa de rendimento. Para avaliar os limites no retorno da adubação nitrogenada, os pesquisadores da RTC conduziram estudos nas últimas três safras em Cruz Alta, RS, com nove cultivares de trigo, com teto produtivo médio de 6.000 kg/ha, mostrando que a dose de nitrogênio de máxima eficiência técnica e econômica foi de aproximadamente 110 kg/N/ha.

Para o manejo mais adequado do N, o pesquisador da Embrapa Trigo Osmar Rodrigues recomenda fazer o diagnóstico da área onde vai ser cultivado trigo. “A resteva de milho, por exemplo, exige manejo diferenciado da resteva de soja. Como a palha de milho consome muito nitrogênio do solo para se decompor, é preciso aumentar a dose de nitrogênio na semeadura de trigo para repor esse nitrogênio consumido pela palha de milho. Depois que o trigo já emergiu, o manejo do nitrogênio em cobertura não exige ação diferenciada para resteva de milho e de soja”, explica o pesquisador.

A utilização de plantas de cobertura entre a colheita da soja e a semeadura do trigo, como nabo, milheto ou consorciação de espécies, além de promoverem a conservação do solo também ajudam na ciclagem de nutrientes como N, o que pode resultar em incremento na produtividade dos cereais de inverno. “Verificamos o aumento de 20% na produtividade do trigo cultivado após as plantas de cobertura em comparação com a situação de pousio entre a soja e o trigo”, conta Tiago Horbe, da CCGL/RTC.

Momento ideal

Os pesquisadores são unanimes em reconhecer que, para garantir o sucesso da aplicação do nitrogênio, mais importante do que a quantidade é o momento em que esse nutriente é disponibilizado para a planta.

Para o melhor aproveitamento da adubação nitrogenada, considerando possíveis perdas causadas pelo excesso de chuva, a estratégia indicada pela pesquisa é parcelar as aplicações de N em três momentos: na semeadura; entre duas folhas e o início do perfilhamento; e na fase reprodutiva (entre o perfilhamento e o início do alongamento). “O período entre a emergência até o alongamento das plantas constitui momentos decisivos para definir o potencial produtivo do trigo”, afirma o pesquisador Tiago Horbe.

Em caso de volumes elevados de chuva após a aplicação de N, ocasionando lixiviação ou escoamento superficial no talhão, o produtor deve fazer a compensação da dose na próxima aplicação.

Diferenças na resposta das cultivares

A resposta das cultivares à adubação nitrogenada pode ser diferente e interagir com o ambiente de produção, onde vários fatores afetam a dinâmica do N. Temperatura, disponibilidade hídrica, matéria orgânica, sequência de culturas utilizada na área, são alguns dos fatores que influenciam. Também, a eficiência de cada cultivar na utilização do nitrogênio deve ser considerada no manejo desse nutriente.

Um experimento conduzido na Embrapa Trigo*, na safra 2013, verificou as respostas de uma mesma cultivar (BRS Reponte) em diferentes ambientes e de diferentes cultivares em um mesmo ambiente (Passo Fundo, RS). “Os resultados mostraram que nem todas as cultivares respondem da mesma forma em aumento de rendimento de grãos quando há maior aporte de nitrogênio, variando em função da cultivar e, principalmente, em função do ambiente de cultivo”, explica o pesquisador da Embrapa Trigo, João Leonardo Pires.

Figura – Resposta da cultivar de trigo BRS Reponte ao aumento na dose de N em cobertura em diferentes ambientes na safra 2013 (A) e de diferentes cultivares em um mesmo ambiente (Passo Fundo, RS) na sara 2022 (B).

(Com EMBRAPA)

(Emanuely/Sou Agro)

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