Foto: Divulgação/Iagro

Morte de animais pelo frio: como acontece e por que a carne não pode ser consumida?

Débora Damasceno
Débora Damasceno

Mostramos aqui no Sou Agro que milhares de animais morreram de frio no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Foram mais de 1.070 cabeças de gado que tiveram hipotermia em fazendas nos dois estados em dois dias.

Mas surgiram muitas dúvidas com relação a como foi possível isso acontecer. Pois bem, vamos pensar que normalmente nesses estados às temperaturas são muito altas e quando há um frio tão severo, os animais não resistem.

 

POR QUE OS ANIMAIS MORREM DE FRIO?

Daniel Ingold, diretor-presidente da Iagro explica que: “Essa mortalidade de bovinos é originada pela inversão térmica, em que animais com o corpo quente foram expostos a temperaturas mínimas muito baixas durante o dia, acompanhados também de chuva, garoa e ventos.”

Casos como esses não são registrados desde 2010, segundo o Iagro no entanto podem acontecer com animais que estão acostumados com temperaturas mais altas. “Talvez mais animais morram de hipotermia, nos próximos dias”, explicou Daniel.

A morte de gado por hipotermia acontece por uma série de fatores, como explica o pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Haroldo Pires de Queiroz. A falta de abrigo unida a queda de temperatura e umidade em excesso é uma das principais causas, mas a situação nutricional do animal também é um fator.

gado morre frio
Divulgação: Iagro

“Estudos técnicos comprovam que a hipotermia é causa de mortalidade quando bovinos mal nutridos, com pouca disponibilidade e qualidade de forragem e ausência de abrigo, são expostos a uma mudança climática brusca com queda de temperatura combinada com chuvas e ventos fortes”, disse o técnico da Embrapa.

O QUE FAZER PARA EVITAR AS MORTES?

Em um artigo, Haroldo Pires explicou que as mortes na região poderiam ser evitadas se os produtores rurais adotassem boas práticas no manejo do gado. Isso inclui uma melhor nutrição do rebanho

Além disso, é preciso redobrar para os animais de raça zebus e azebuados, porque eles têm pele e pelos mais finos e uma menor capacidade de produzir calor do que os gados de raça europeia ou cruzados com europeus. A maioria do rebanho da região é de raça zebuína.

Acesso a abrigos e outras áreas de proteção, como pequenos bosques ou capões, também é fundamental para evitar que animais morram por conta do frio. O pesquisador pontua que, sem uma área de proteção adequada, o gado corre o risco de se deitar em locais frios e úmidos, sem nenhum isolante térmico, o que faz ele perder calor corporal e morrer mais rápido.

POR QUE A CARNE DOS ANIMAIS NÃO PODE SER CONSUMIDA?

Outra questão que gera dúvidas é sobre o consumo da carne destes animais. Olha só de acordo com instrução normativa do Ministério da Agricultura, os animais mortos na propriedade rural não podem ser destinados ao consumo humano nem animal. Seja em morte por frio ou raios.

frio
Foto: Divulgação/Iagro

As carcaças devem ser queimadas ou enterradas, fora das áreas utilizadas para o manejo da exploração pecuária e afastado das demais instalações da propriedade. Isso porque o gado morto pode ficar por horas longe de condições sanitárias ideais e estando sujeito a contaminações.

Daniel Ingold da Iagro faz o alerta: “de jeito nenhum os animais mortes devem ser comercializados. O animal tem que ser cremado ou enterrado”.

ALERTA AOS PRODUTORES

A Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal – IAGRO, emitiu um comunicado de alerta aos produtores:

“Devido às baixas temperaturas que têm afetado o Estado de Mato Grosso do Sul nos últimos dias, é fundamental que os produtores fiquem atentos a possíveis mortalidades em sua propriedade, decorrentes da hipotermia. Propriedades com ocorrência de mortalidade, acima dos parâmetros esperados, devem procurar a Iagro mais próxima para reportar esta situação. É de extrema importância que a Iagro realize a inspeção veterinária dessas ocorrências; Caso não seja possível, será necessário um laudo veterinário particular. O produtor deve informar a mortalidade imediatamente à IAGRO e realizar a baixa do seu estoque. Em caso de dúvidas ou necessidade de orientação adicional, entre em contato conosco através do WhatsApp: 67 999619205 ou pelo e-mail: [email protected]. Contamos com a colaboração de todos para monitorar e controlar essa situação, visando a preservação da saúde e bem-estar dos animais em nosso Estado”, disse a nota.

RELEMBRE OS CASOS

Os casos foram registrados em Nhecolândia, umas das 11 microrregiões do bioma e Rio Verde de Mato Grosso e também em Corumbá, Mato Grosso do Sul. O prejuízo estimado passa de R$ 3 milhões.

(Sou Agro com Agências)

(Débora Damasceno/Sou Agro)

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