AGRICULTURA
Além da queda nos preços, dificuldade no armazenamento também preocupa produtores de milho
#souagro| Se tem algo que está preocupando o produtor rural nos últimos dias é o preço do milho. Na semana passada mostramos aqui no Sou Agro que no Paraná por exemplo, os preços estão abaixo do R$ 50 operando em uma média estadual de R$ 49.
No Mato Grosso a colheita da segunda safra de milho já começou e tem outra preocupação: o armazenamento. Pesquisadores do Cepea indicam que as dificuldades de armazenagem, devido à elevada produção de grãos nesta temporada, e os baixos preços preocupam agricultores do estado.
- Paraná completa dois anos do status de área livre de febre aftosa sem vacinação
- Quase dois anos livre da febre aftosa sem vacinação, Paraná quer abertura de novos mercados para proteína animal
Já quem compra, se mantém afastado das aquisições, à espera de desvalorizações mais intensas do cereal. No campo, o percentual de lavouras em maturação vem aumentando, e os trabalhos começam a avançar, favorecidos pela atual baixa umidade.
No geral, contudo, a colheita só deve ser intensificada a partir de meados de junho, quando a maior parte das regiões apresentará lavouras em final de desenvolvimento.
Em entrevista ao Portal Sou Agro, o analista Camilo Motter já havia detalhado essa preocupação com a logística e também armazenamento.
“Olhando para frente falar em preço, com a entrada da safra brasileira no mercado, nós podemos ter aqueles velhos problemas logísticos, que nós temos sempre que é falta espaço nos armazéns por tanto necessidade de vendas, com uma certa celeridade para desocupar e abrir espaço para avançar com a colheita. Esse é um ponto. O segundo ponto é que, numa situação dessa de logística e logística atrofiada, nós vamos ter elevação do preço dos fretes e lembrando que também ainda temos dado atraso nos embarques de soja. Temos a competição pela exportação também com a soja. Então a gente vai ter um período em que o milho vai entrar no mercado, vamos precisar exportar, mas ainda temos grandes volumes de soja para serem exportados. Eu acredito que esse ano a gente vai avançar com outubro e novembro, ainda com embarques de soja e, claro, com o milho tentando ganhar espaço nos armazéns portuários e vamos ter esse conflito que sempre acaba pressionando ainda mais os preços”, disse Camilo.
AS CAUSAS
Além disso, o especialista também explicou quais às causas da baixa nos preços: “Nós estamos vivendo hoje o que poderíamos chamar de uma tempestade perfeita. Então, vários fatores combinados acabaram pressionando os preços do milho e da soja e de várias commodities. Aí perdemos de 30 a 40% do seu valor, ou até mais, no caso do milho, mais de 40% de perda do seu valor desde o início do ano para cá. No caso do milho a gente tem uma combinação de fatores negativos. Uma safra de verão que chegou a 28 milhões de toneladas há números ainda chegam até 30 milhões. E o caso da safrinha já se fala em entre 100 e 102 milhões de toneladas. Portanto, na combinação entre as duas safras, vamos ter um recorde ao redor de 130 milhões de toneladas. Lá fora também o plantio da safra se encaminha muito até agora, eles estão em 80 a 90% da safra de verão já semeada e caminha pelas projeções iniciais, para uma produção recorde entre 385 e 390 milhões de toneladas. Isso significa mais estoques ao final de cada temporada. Os preços internacionais, com isto se acomodaram muito e vêm se acomodando também sob a perspectiva de grande safra americana. Mas também porque a demanda pelo produto norte americano está muito aquém do esperado. Na mesma época do ano passado já tinham embarcado mais de 40 milhões de toneladas de milho e neste ano estamos com cerca de 25 milhões de toneladas embarcadas até o momento”, detalha Camilo.
(Com dados Cepea)