Foto: Ronaldo Rosa

Novas cultivares de feijão apresentam qualidade superior do grão

Tatiane Bertolino
Tatiane Bertolino
Foto: Ronaldo Rosa

Grãos com alto valor de mercado, nutritivos, saborosos e com cozimento rápido estão entre os principais atributos das novas cultivares de feijão-caupi, conhecidas tradicionalmente como feijão-de-corda, que a Embrapa recomenda para o estado do Pará. As cultivares BRS Bené (grãos marrons graúdos), BRS Guirá (grãos pretos), BRS Utinga (grãos brancos graúdos) e BRS Natalina (tipo “manteiguinha”) são plantas com potencial produtivo, sanidade e bom porte e arquitetura.

Resultado de 40 anos de pesquisa em melhoramento genético de feijão-caupi, também conhecido como feijão da colônia, as cultivares BRS Bené, BRS Utinga e BRS Guirá apresentam porte ereto, semiereto e semi-prostrado, que se ajustam bem à colheita mecanizada e favorecem também a colheita manual. E a BRS Natalina, a primeira cultivar do tipo “manteiguinha” do Brasil.

“Trata-se de um importante aporte tecnológico para a agricultura em escala familiar e empresarial do Pará e de estados da Região Nordeste”, afirma o agrônomo Francisco Freire Filho, pesquisador aposentado da Embrapa Amazônia Oriental, que liderou o trabalho de melhoramento genético das cultivares .

Ele ressalta que as novas cultivares têm apelos comerciais diferentes e atendem às demandas de consumo e produção. “Os grãos têm excelente qualidade, bom tempo de panela e bons níveis de proteína, ferro e zinco. Todas elas têm níveis de produtividade bem superiores aos materiais atualmente utilizados no campo e se ajustam tanto para colheita mecanizada quanto manual”, detalha Freire.

Conheça cada cultivar
As cultivares lançadas pertencem a dois grupos: o caupi tradicional, subclasse cores (marrom, branco e preto); e o caupi da subclasse manteiga com grãos extrapequenos, conhecidos popularmente como “feijão manteiguinha”.

A BRS Bené, com grãos graúdos de cores marrons, tem produtividade média de 1,5 mil quilos por hectare e pode atingir até 2,5 mil kg/ha. Isso representa um aumento de quase 50% na produtividade atualmente atingida no campo. Na última safra (2021/2022), a produtividade média de feijão no Pará foi de 800 quilos por hectare, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Com porte ereto, arquitetura ajustada à colheita mecanizada e ciclo médio-precoce de 70 a 75 dias, a BRS Bené é tratada especialmente ao cultivo na “safrinha” de grãos nos pólos produtores do Pará, como alternativa ao milho, que demanda cerca de 30 dias a mais para completar o ciclo de cultivo. As vagens e os grãos são maiores que os tradicionais, com 24% de teor médio de proteína e tempo de cozimento de 13 minutos.

O tamanho graúdo e formato dos grãos também é um dos diferenciais da BRS Utinga, de cores branco-rugosa. A produtividade média dessa variedade é de 1,3 mil quilos por hectare, chegando até 2,3 mil kg/ha. Os grãos têm teor médio de proteína é de 25% e o tempo de cozimento é de 11 minutos. A arquitetura da planta, de porte semiereto, também é ajustada à colheita mecanizada e facilita a colheita manual.

A BRS Guirá, de grãos pretos, completa o grupo das cultivares tradicionais. É o primeiro feijão-caupi de cor preta recomendado para o estado do Pará. Os grãos apresentam teor de proteína de 29%, o que confere boa qualidade nutricional ao produto. A produtividade média é de 1,4 mil kg/ha, e pode chegar a 2,3 mil kg/ha. Outro diferencial do BRS Guirá é a resistência a quatro tipos de vírus que ocorrem no feijão-caupi.

Pioneira no Brasil
O feijão “manteiguinha” tem grão pequeno de cores creme e é uma tradição da culinária paraense. É produzido por agricultores familiares em diferentes regiões do Pará, mas principalmente na região oeste do estado, onde é conhecido como “feijão de Santarém”.

“Atualmente, os materiais cultivados pelos produtores são originários de sementes crioulas de ciclo longo, mais de 90 dias, com alta variabilidade genética e produtiva, além de grãos desuniformes”, conta Freire.

A BRS Natalina é a primeira cultivar do Brasil para o tipo “manteiguinha”. Ela foi selecionada a partir de linhagens pendentes dentro das melhores variedades crioulas, apresenta grãos uniformes, extrapequenos, cores creme, ciclo médio-precoce de 70 a 75 dias e potencial produtivo superior aos materiais crioulos utilizados pelos agricultores.

Outro destaque da variedade é o teor médio de 26% de proteína e cozimento rápido, sendo uma excelente opção para o mercado de proteínas vegetais. Além disso, a BRS Natalina apresenta maior nível de resistência a vírus em relação às variedades crioulas, conforme o trabalho realizado pela virologista da Embrapa  Alessandra de Jesus Boari .

O nome Natalina é uma homenagem à cientista Natalina Tuma da Ponte, que foi professora da antiga Faculdade de Ciências Agrárias do Pará (FCAP), atual Universidade Federal Rural da Amazônia ( UFRA ), e pesquisadora do Instituto Agronômico do Norte (IAN) e Instituto de Pesquisas e Experimentação Agropecuárias do Norte (Ipean), antecessoras da Embrapa Amazônia Oriental. “A doutora Natalina foi uma das pioneiras na pesquisa com feijão-caupi na Região Norte e no Brasil”, lembra Freire.

Com Embrapa

(Tatiane Bertolino/Sou Agro)

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