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Preço da soja despencando: quem vai pagar a conta?

Tatiane Bertolino
Tatiane Bertolino
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O preço da soja está despencando nos últimos dias no Paraná e a pergunta que fica é: quem vai pagar a conta? Primeiro nós vamos explicar aqui os fatores que fizeram com que o preço caísse tanto. Todos os dias, nós publicamos aqui as cotações agropecuárias.

Pois bem. No dia 13 de fevereiro o preço da saca da soja estava a R$ 161 em Cascavel, em média. Nesta segunda-feira (20), o valor estava em R$ 147. Despencou em pouco mais de um mês.

Conversamos com o economista Camilo Motter para saber os motivos disso. E ele explicou que vários são os fatores para que o preço siga em queda. “Primeiro é o recorde de produção, de cerca de 152 milhões de toneladas de soja. Embora a Argentina esteja com quebra da safra por questões climáticas e do problema que nós mesmos tivemos com isso, principalmente a seca no Rio Grande do Sul, a produção brasileira total repôs essa queda”, afirmou o economista.

O mercado interno é influenciado pelo mercado internacional e este é formado pela Bolsa de Chicago e também pelos prêmios nos portos brasileiros. “Embora o preço em Chicago não esteja tão ruim, os prêmios dos portos estão negativos agora, e isso faz com que o valor daqui caia bastante. Também temos fatores logísticos, problemas com estradas recentes e com a chuva, que dificultou carregamento nos portos”, listou.

A demanda internacional também está acomodada e, com isso, aumenta a oferta interna e o preço cai. “A China está comprando de forma menos intensa. Ela encontrou outras alternativas para alimentação do rebanho suíno. No ano passado, importou 92 milhões de toneladas de soja. Para este ano, previsão de 96 milhões de toneladas. Além disso, a produção interna do país asiático melhorou e hoje está em torno de 20 milhões de toneladas, o que deixa a situação por lá mais tranquila”, detalhou Motter.

Situação para o produtor rural

O produtor rural vendeu pouca soja antecipadamente por dúvida climática, principalmente. Os preços chegaram a R$ 200 em março do ano passado e se acomodaram ao longo do ano. Neste ano, quando o agricultor conseguiu ter certeza sobre a safra, esperou o reflexo dos problemas da seca no Rio Grande do Sul e a quebra de safra Argentina, com esperança que os valores aumentassem novamente.

“Porém, agora com a necessidade de esvaziar silos e fazer caixa, o agricultor está vendendo. A rentabilidade para o produtor diminuiu um pouco, considerando os altos custos de produção do ano passado. Já para as empresas, algumas ficam com margem até negativa, porque não conseguem repassar tudo”, comentou.

 

(Tatiane Bertolino/Sou Agro)

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