Foto: Gabriel Faria
AGRONEGÓCIO

Pesquisa começa a medir a emissão de metano por bovinos em Mato Grosso

Foto: Gabriel Faria
Emanuely
Emanuely

#sou agro|  A Embrapa Agrossilvipastoril iniciou as estimativas para mensurar a emissão de metano entérico por bovinos em diferentes sistemas produtivos de criação de gado a pasto em Mato Grosso. A obtenção desses dados é o passo que falta para se fechar o balanço de emissões de gases causadores de efeito estufa na integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF).

A medição de metano usando metodologia de cangas e hexafluoreto de enxofre (SF 6 ), teve início neste mês de março, com cinco dias de coleta durante o verão. Nova coleta está prevista para o fim de abril/início de maio, na transição do período chuvoso para o seco. Outras duas coletas ocorrem no inverno seco e na primavera, quando retornam as chuvas.

Inicialmente estão sendo medidas as emissões em vacas de leite da raça girolando. A opção por esta categoria se deu pela maior facilidade de manejo e pela docilidade dos animais. As férias já estão acostumadas a ir ao curral duas vezes ao dia, permitindo a troca e verificação das cangas. São avaliações vacas em quatro diferentes sistemas silvipastoris, com níveis variados de sombra. O Comitê de Ética Animal da Embrapa Agrossilvipastoril não autorizou que a pesquisa fosse feita com férias em sistema de pasto a pleno sol.

De acordo com o pesquisador  Alexandre Nascimento, responsável pela pesquisa, a expectativa é que no fim do ano já seja possível ter informações para cruzamento com os dados sobre emissões de gases pelo solo e as taxas de sequestro de carbono no solo e nas árvores.

“Até o início do ano que vem esperamos ter uma quantidade de carbono equivalente suprida por kg de leite produzido. Pode ser um número maior ou menor do que aquela utilizada pelo IPCC [Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima], mas será um número nosso. Medido em nossa realidade de criação a pasto em uma região tropical no Brasil”, explica o pesquisador.

Atualmente os dados usados ​​para elaboração de relatórios de emissões dos países são aqueles gerados em países com as pesquisas mais avançadas. A maioria deles localizados em regiões temperadas. Dessa forma, o próprio IPCC incentiva que cada país mensure as emissões de seus sistemas produtivos por meio de pesquisas científicas.

No Brasil, a Embrapa Pecuária Sudeste, parceria na realização da pesquisa em Mato Grosso, foi pioneira na utilização desta metodologia de avaliação. O uso das cangas com hexafluoreto de enxofre traz maior liberdade e facilidade na coleta dos dados em criação a pasto. Diferentemente do uso de aparelhos como o GreenFeed, que demandam que o animal vá até o cocho para que a emissão seja medida. Os dados obtidos em Sinop poderão ser comparados com os dados obtidos em São Carlos.

A Embrapa Agrossilvipastoril pretende realizar as mesmas mensurações em gado de corte. Porém, para isso busca instituições parceiras. Devido aos animais serem mais ariscos, será necessário mais tempo e maior disponibilidade de mão-de-obra, uma vez que é preciso tolerar os animais com o manejo diário antes de colocar as cangas.

“Com essa pesquisa, nós inauguramos uma frente importante de pesquisas relacionadas ao metano entérico. Poderemos avaliar diferentes categorias de animais e também o efeito da dieta adotada na emissão do gás”, explica Alexandre Nascimento.

O metano é um dos três principais gases causadores do efeito estufa emitidos pela atividade agropecuária, ao lado do gás carbônico (CO 2 ) e óxido nitroso (N 2 O). Em 2021, durante Conferência do Clima realizada em Glasgow, na Escócia, foi assinado um acordo entre as partes para redução imediata das emissões desse gás. A pecuária é uma atividade que mais emite metano devido ao processo de fermentação entérica que ocorre no rúmen dos bovinos.

A pesquisa com sistemas ILPF em pecuária leiteira realizada pela Embrapa Agrossilvipastoril conta com parceria com a Coopernova, Prefeitura de Sinop, Empaer, UFMT e Embrapa Pecuária Sudeste.

(Com EMBRAPA)

(Emanuely/Sou Agro)