AGRICULTURA
Produção de hortaliças no Brasil é considerada dinâmica, mas alto custo ainda é desafio
A cadeia produtiva de hortaliças é bastante dinâmica e apresenta vários desafios, mas também várias oportunidades, principalmente para quem trabalha com pesquisa. O Brasil tem produção o ano inteiro nas diferentes regiões, e há diferentes níveis de tecnologia, de produtividade e de fluxo de caixa para investimento, o que é um desafio, pois precisamos desenvolver tecnologias e informações para os diferentes perfis de produtores e de sistemas de cultivo (convencional, orgânico, cultivo protegido, hidroponia, etc).
“Um tema bastante importante que temos trabalhado, inclusive em políticas públicas, se refere ao incentivo ao aumento do consumo de hortaliças, que ainda é baixo no Brasil em relação a outros países – sendo acentuado pelo cenário econômico, inflação e baixo poder aquisitivo da população no cenário recente. Temos feito ações junto com diferentes órgãos para tentar melhorar essa situação, não apenas pela qualidade nutricional da população, mas também para alavancar toda a cadeia produtiva”, afirma o chefe-geral da Embrapa Hortaliças, Warley Marcos Nascimento .
Um ponto que tem chamado a atenção da Embrapa Hortaliças junto com as diferentes frentes de hortaliças é o aumento expressivo dos custos de produção, principalmente no cenário recente. Para muitos, os atuais níveis estão inviáveis, e nossas pesquisas visam a diminuição destes gastos, seja disponibilizando materiais genéticos mais tolerantes (que demandem menos utilização de defensivos), com um sistema eficiente de irrigação onde se reduz o uso de água, ou pela mecanização/automatização de alguns processos produtivos.
“Apesar das várias frentes, o carro-chefe da Embrapa Hortaliças é o desenvolvimento de novos cultivares. Temos trabalhado com desenvolvimento de cultivares tolerantes ou resistentes a estresses bióticos (como fungos, bactérias, vírus e nematoides) e abióticos (alta temperatura e baixa temperatura, por exemplo), materiais que tenham maior longevidade (como melão para exportação e tomate com maior vida útil). Nossos trabalhos têm ocorrido, inclusive com as empresas de sementes, para desenvolver novos materiais para as condições tropicais, materiais biofortificados ou funcionais – como tomate com maior teor de licopeno ou batata doce com maior teor de carotenoide – e também materiais especiais (coloridos, ornamentais ou com arquitetura diferenciada de plantas)”, ressalta.
Outro tema que é preciso avançar é a balança comercial das hortaliças, que atualmente é negativa – se considerarmos as importações de cebola, alho, batatas pré-fritas e outros produtos. “E queremos que o Brasil tenha balança comercial positiva! Para isso, temos que ter tecnologia de armazenamento, cadeia de frio e outras ações que, de certa forma, atenderão em um futuro próximo o mercado internacional”, comenta.
A palavra da moda é sustentabilidade, e nesta temática, a Embrapa tem atuado em: produção integrada, produção orgânica, fabricação ou pesquisa de bioinsumos, uso eficiente da água, controle biológico, sistema de plantio direto de hortaliças, tratamento de efluentes e reuso de água. Várias frentes visando uma produção mais sustentável, para que o produtor esteja legalizado e para que a população receba um produto sustentável e com menor risco de contaminação química ou biológica.
“Além das pesquisas realizadas na Embrapa, temos uma importância muito grande no processo de capacitação de produtores, técnicos e estudantes. Praticamente todo mês temos algum tipo de capacitação feita por nossos técnicos e pesquisadores, além de uma série de cursos online também disponíveis, principalmente depois da pandemia”, reforça.
Com Embrapa