Aumento nos custos do frete reflete nas vendas de frutas
#souagro| O aumento nos custos relacionados ao frete e a outros insumos provocou a alta de preços e a queda da comercialização das frutas tipicamente consumidas nas festas de fim de ano. Outro fator relevante é a inflação mundial, que impactou especialmente o preço das frutas importadas. A análise é do 12º Boletim do Programa Brasileiro de Modernização do Mercado Hortigranjeiro (Prohort), divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), nesta sexta-feira (16). Esta edição traz um capítulo especial com a avaliação da comercialização das frutas natalinas.
Frutas de caroço, como o pêssego e a ameixa, mantiveram preços com poucas oscilações no ano, mas com crescimento consistente em relação ao ano de 2021. No caso do pêssego, a quantidade total comercializada nas Ceasas caiu 16%, o que não pode ser explicado apenas por causa da diminuição da produção. A redução na renda da população e nas importações em relação a 2020, o câmbio desvalorizado e o aumento dos custos dos insumos no exterior também têm influência relevante no cenário.
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Já a ameixa observa tendência de alta nos preços, apesar das muitas oscilações. O mercado dessa fruta enfrenta dificuldades semelhantes às do pêssego, embora a produção interna agregada comercializada nas Centrais de Abastecimento tenha aumentado 9%. O volume importado foi um pouco maior em relação a 2021 e menor em relação a 2020, e boa parte disso pode ser explicado pelo leve aumento da produção interna. Mesmo com pequenas variações de preços, a ameixa e o pêssego continuam, em alguns locais, como opções de consumo para a população, competindo com frutas como a maçã, que teve quebra de safra esse ano e está com preços mais elevados no varejo.
Outra fruta muito consumida nesta época do ano é a cereja, que o Brasil compra principalmente da Argentina e do Chile. Com a desvalorização do real e consequente absorção da inflação internacional, o produto chegou com preços elevados no atacado. Já a romã, cultivada no Brasil em São Paulo, Bahia e Pernambuco, observou queda próxima de 90% nas importações em relação a 2020, o que mostra a redução da comercialização no país na esteira das instabilidades econômicas e da contenção da renda da população.
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No caso do damasco, fruta que há tempos possui valor de comercialização alto e que tende a permanecer assim, as vendas nos entrepostos atacadistas tiveram queda de 31% até novembro de 2022, em relação ao mesmo período do ano passado, e as importações tiveram pequena queda de 3,85%. Por fim, na contramão das demais espécies, a uva deve chegar nos mercados de atacado e varejo com preços acessíveis, apesar da queda de 7% na comercialização considerando o agregado das Ceasas analisadas.
Frutas
A banana e o mamão apontaram baixa nos preços em alguns mercados, apesar da alta na média ponderada. O preço da banana chegou a cair 10,45% na Ceasa de São José (SC), na grande Florianópolis, e 7,97% em Brasília DF. Contudo, na média ponderada entre todas as Centrais de Abastecimento (Ceasa) analisadas, a fruta teve alta de 5,34%, fechando o período com cotação de R$3,70/kg. Não houve uma grande região abastecedora nacional. A banana nanica teve leve aumento da oferta e a banana prata registrou oferta controlada e demanda regular. As exportações caíram por causa da menor produção nacional, da concorrência com outros países e do menor consumo em alguns mercados externos.
No caso do mamão, o preço chegou a cair 26,54% em Rio Branco (AC) e 11,3% em Goiânia (GO), porém, a média ponderada indicou alta de 0,83%, com cotação de R$5,19/kg. A queda em alguns entrepostos justifica-se principalmente pela demanda fraca, pelos altos preços cobrados nos períodos anteriores e pela presença de frutas mais baratas no mercado após a normalização do abastecimento com o desbloqueio das estradas. As exportações de mamão caíram, acompanhando a menor produção nacional.
Quanto às demais frutas, foi observado um aumento geral de preços, em especial para laranja (+4,41%) e melancia (+8,13%). Quanto à laranja, a alta das cotações e oferta controlada pela grande demanda industrial foram a tônica mensal. As exportações caíram, porém, há boas perspectivas de retomada para o próximo ano, em razão dos problemas na produção da Flórida e da expectativa de expansão em mercados asiáticos e europeus.
Já a melancia teve a alta de preços justificada pelo declínio da colheita em Ceres (GO) e início da safra em diversas microrregiões de São Paulo e no sul baiano, em meio a uma demanda regular. Parte da safra baiana foi antecipada para minimizar o efeito das intensas chuvas nas regiões produtoras. As exportações caíram, embora tenham sido satisfatórias.
Hortaliças
O preço da cenoura manteve-se em queda na maioria das Centrais de Abastecimento analisadas, repetindo a tendência dos meses anteriores. Porém, o movimento preponderante para a alface, batata, cebola e tomate foi de alta nos preços. O maior aumento foi para a cebola (+37,18%) e para o tomate (+18,79%). No caso da cebola, a tendência de alta vem sendo observada desde novembro de 2021, culminando com o maior nível de preços da série em novembro de 2022. Já o tomate, deve-se considerar que, desde setembro, a oferta está estável (tendo o pico da oferta ocorrido em agosto deste ano). O quadro de chuvas nas regiões produtoras dificulta a colheita e retarda a maturação do fruto, afetando negativamente a oferta.
(Com Conab)