BOVINOCULTURA
Preço pago ao produtor de leite continua caindo
Débora Damasceno
#souagro| O preço do leite de setembro e pago aos produtores em outubro registrou queda de 6,5% comparado ao do mês anterior, chegando a R$ 2,8481/litro na “Média Brasil” líquida do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP. Já em relação à média de outubro do ano passado, houve avanço real de 15,5%.
A inversão do movimento de alta, que durou de fevereiro a agosto, esteve atrelada ao enfraquecimento da demanda por lácteos – que vem pressionando as cotações ao longo de toda a cadeia – e ao aumento da oferta – tanto pelo incremento da produção quanto pelo crescimento das importações.
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Do lado da demanda, o consumo de lácteos continuou menor, tendo em vista a diminuição do poder de compra da população. Com vendas fracas e maior pressão dos canais de distribuição, os laticínios tiveram dificuldades em negociar os derivados.
Já do lado da oferta, houve crescimento da disponibilidade de lácteos, devido ao incremento das importações. De acordo com dados da Secex, em setembro, o volume importado de lácteos chegou a 203,5 milhões de litros em equivalente leite, avanço de 14,9% frente ao de agosto. Com isso, o déficit da balança comercial bateu recorde e se aproximou de 195,4 milhões de litros em equivalente leite em setembro.
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Além disso, a produção de leite tem se recuperado nos últimos meses, ainda que sobre uma base produtiva menor. O crescimento na produção de leite se deve aos maiores investimentos na atividade – os quais, por sua vez, foram viabilizados pelo aumento expressivo dos preços ao produtor (sobretudo entre junho e agosto) e pela queda nos custos de produção.
O Índice de Captação de Leite (ICAP-L) do Cepea se elevou em 2,2% de agosto para setembro, quinto avanço mensal consecutivo. Com isso, desde janeiro, o ICAP-L acumula incremento de 8,7%, e, desde setembro de 2021, de 10,9%.
Tipicamente, é de se esperar que, com a aproximação do fim da entressafra, a produção ganhe fôlego no último trimestre do ano – o que reforça a tendência sazonal de preços em queda. Contudo, existe divergência na expectativa do setor quanto à intensidade que esse movimento baixista pode atingir. O desafio que se coloca para a indústria é o de fazer reduções no campo sem perder fornecedores para concorrentes.
(Débora Damasceno/Sou Agro com Cepea)
(Foto: reprodução)
