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AGRICULTURA

Chuva atrasa colheita da mandioca no PR e preços vão às alturas

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Débora Damasceno
Débora Damasceno

#souagro| A colheita da mandioca foi bastante prejudicada pelas chuvas que atingiram o Paraná nos últimos dias, por conta da dificuldade da entrada de maquinário nas lavouras. A pausa nas precipitações desde o último final de semana possibilitou avanço para 83% da área de 125 mil hectares. “Mas ainda está atrasada”, salientou o economista Methodio Groxko.

Os preços da mandioca em raiz têm se estabelecido em patamar alto, por volta de R$ 983 a tonelada, o que representa 93% a mais que no ano passado. A fécula e a farinha de mandioca também tiveram aumento, em índice de 80%.

 

“Passada a pandemia e as dificuldades, principalmente com mão de obra, a partir do segundo semestre do ano passado, os preços foram crescendo de forma acentuada e, em termos nominais, é o maior que a mandioca já experimentou nos últimos anos”, disse Groxko.

Preço da mandioca já é 80% maior que 2021; menor oferta é a principal causa do aumento

A menor área de raiz de mandioca cultivada nos últimos anos, principalmente por conta da maior atratividade de outras culturas, vem reduzindo a oferta da matéria-prima nas principais regiões produtoras do Centro-Sul do Brasil. No curto prazo, as recentes chuvas vêm limitando a colheita da raiz e reforçando a menor disponibilidade para o processamento industrial.

Diante disso, levantamento do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, mostra que, na primeira quinzena de outubro, houve redução de 45% no volume de raiz moída pela indústria de fécula frente ao da segunda quinzena de setembro. Enquanto isso, a demanda segue relativamente firme. Segundo pesquisadores do Cepea, em algumas regiões, observa-se disputa entre fecularias e farinheiras pela matéria-prima ainda disponível.

 

 

Nesse cenário, os valores de negociação da raiz de mandioca vêm registrando avanços expressivos, atingindo sucessivos recordes nominais. Considerando-se a “Média Cepea” (Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo), nesta parcial de outubro, o preço médio da raiz de mandioca posta na fecularia está em R$ 1.012,13/tonelada, 6,8% maior que o de setembro e expressivos 82% acima do registrado em outubro do ano passado, em termos nominais. Em termos reais (os valores mensais foram deflacionados pelo IGP-DI), a média mensal atual é a maior desde fevereiro de 2018.

Demandantes de raiz, agentes da indústria de fécula se mostram preocupados com o atual cenário. Os baixos volumes de moagem diminuem a eficiência técnica das indústrias, sobretudo pela elevada ociosidade, ao passo que os altos preços da matéria-prima apertam as margens.

O repasse das valorizações da raiz aos derivados acaba sendo parcial, tendo em vista que os maiores preços da fécula tendem a limitar o consumo e a estimular a substituição por outros amidos, especialmente o de milho. Em outubro, levantamento do Cepea mostra que o preço médio da fécula está em R$ 5.120,91/t, aumentos de 5% frente ao de setembro e de 71% em um ano.

(Débora Damasceno/Sou Agro  com AEN e Cepea)

(Foto: Envato)

 

(Débora Damasceno/Sou Agro)