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Dificuldade na produção de silagem reflete no setor leiteiro
#souagro| A silagem de milho é muito utilizada na alimentação do gado leiteiro no Brasil. Como os alimentos representam o maior gasto para a produção de leite, a silagem acaba se tornando uma aliada do setor.
A silagem é produzida pela fermentação controlada de uma forragem. O milho representa uma das principais espécies de forrageiras utilizadas para ensilagem, por conta do alto valor nutritivo, elevado teor de açúcar solúvel e, principalmente, elevada produtividade.
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Por conta disso, se as lavouras estiverem sendo prejudicadas por conta das mudanças climáticas, automaticamente isso também afeta a qualidade da produção de silagem. Fernando Bracht é Médico Veterinário da B&M Consultoria Agropecuária e diz que as ótimas silagens de milho chegam a ter de 36 até 40 de amido, mas a média atual tem ficado perto de 34, 35. Só que os casos mais preocupantes estão com amido abaixo de 20.
“Os prejuízos foram grandes em relação a essa parte de capacidade nutricional da silagem. A gente teve com essas estiagens algumas que ficaram abaixo de 20, algumas melhores com 23 de amido. Algumas regiões pegaram geadas, então a falta de chuva fez a gente ter um desenvolvimento menor da planta, com menor capacidade de produção de volume de massa e comprometimento do grão, capacidade de produção de energia e amido que é fornecido pela espiga de milho. Então as safras já foram assim e algumas agora de safrinha que estavam próximas a serem feitas, algumas tiveram pegaram geada. Então isso aí vem comprometendo o resultado de capacidade de produção de volumoso”, disse Fernando.
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REFLEXOS NA PRODUÇÃO LEITEIRA
Como a silagem é utilizada na alimentação do gado leiteiro, essa dificuldade na produção vai refletir diretamente nos custos de produção do setor de leite: “Isso reflete diretamente na produção de leite, porque uma silagem que menor capacidade nutricional em relação a amido, vai precisar ser recomposta com concentrado, que é o milho que já está caro ou alguma outra fonte de amido. E no aspecto nutricional, na digestibilidade dessa própria planta. Porque o desenvolvimento dela já passou por situação de estresse e a característica nutricional dela é mais baixa”, detalhou Fernando.
Com todas essas dificuldades para obter resultados positivos na silagem do milho, toda qualidade do que foi produzido acabou sendo prejudicada e como isso gera custos além do esperado, automaticamente a produção leiteira fica mais cara e complicada.
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“A gente vem confrontando essa silagem sendo de baixa digestibilidade e de baixo teor nutricional. E com isso, o custo de produção aumenta, porque eu preciso tentar equilibrar essa dieta total para a vaca, atendendo a necessidade dela de mantença de produção, de reprodução com concentrado, que não é barato. Mesmo que eu chegue a uma determinada utilização de concentrado, não posso extrapolar muito se não eu saio do ponto de equilíbrio de saúde e a vaca começa a ter acidose em digestão e reflete em outros produtos e em outros resultados, comprometendo os processos e os números. Então, de qualquer maneira, mesmo que eu tente corrigir isso como a maior parte da dieta é volumoso, a média de produção fica mais baixa. É bem marcante isso e isso faz com que o custo do leite aumente”, finaliza Fernando
(Débora Damasceno/Sou Agro)
(Foto: Rehagro)