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Mercado de carbono: como o Brasil se destaca no setor?

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Débora Damasceno
Débora Damasceno

#souagro| A emissão de carbono tem sido um assunto muito debatido nos últimos tempos. Na COP-26, por exemplo, o Brasil foi protagonista no assunto. Com todas essas discussões, o governo tem expectativa de que o novo mercado global de carbono movimente em torno de US$ 50 bilhões ao ano, sendo que a estimativa do governo é que US$ 10 bilhões sejam destinados ao carbono que o Brasil vai exportar. Além disso, o Brasil anunciou que pretende reduzir em até 50% as emissões de gases de efeito estufa até o ano de 2030. Para entender o assunto, ouvimos o engenheiro agrônomo e professor da PUC-PR, Edson Kaefer.

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Mercado de carbono: como o Brasil se destaca no setor?

MERCADO DE CARBONO O QUE É?

Muito se fala no mercado de carbono, mas afinal o que ele é e como funciona? O professor Edson Kaefer detalha o setor: “Esse mercado de carbono foi um termo criado durante a ECO 92 que ocorreu no Rio de Janeiro em 1992 e que ao longo de diferentes Conferência das Nações Unidas sobre as mudanças climáticas foram debatidas. Aí esse termo crédito de carbono e o mercado de carbono foi ganhando forma. Cada país hoje tem uma meta em reduzir a emissão de gases de efeito estufa e aí sempre mencionando especialmente o CO2, e o gás metano também entra nesse processo. Então esse termo foi gerado sobre basicamente CO2, mercado de carbono.”

 

Como ele funciona?

“Se faz uma conta no geral, quanto se deve reduzir mundialmente a emissão de CO2. E é aí que cada país em função do histórico de emissão de CO2 que tem uma meta para a redução desse gás. Para diminuir os gases do efeito estufa especialmente CO2. Mas alguns países têm maior dificuldade em atingir essas metas. E aí criou-se um mecanismo que permite que esses países que produzem mais e que têm maior dificuldade adquiram créditos de carbono de países que produzirão abaixo de sua meta. Ou seja, aqueles que limitaram a sua produção de carbono e aí surgiram então o mercado de carbono.”

 

BRASIL E AS ENERGIA RENOVÁVEIS

E quais são os potenciais brasileiros e suas energias renováveis? “A gente já sabe e ouvimos falar muito do etanol que é a produção do álcool a partir da cana, do biodiesel, energia eólica que é a produção de energia a partir do vento, energia fotovoltaica que é a que tem crescido muito ultimamente, que é a produção de energia a partir da luz solar. Isso sem falar obviamente das hidrelétricas”, detalha o professor.

 

ENERGIAS RENOVÁVEIS NO AGRO

A agricultura tem um grande potencial quando falamos em energias renováveis: “Quando a gente olha para a agricultura e para o lado do Agro, a gente tem a chamada agricultura de baixo carbono. Uma agricultura de baixo carbono é outra responsável por diminuir a emissão dos gases de efeito de estufa especialmente CO2, porque a agricultura de baixo carbono é basicamente a utilização do plantio direto sobre a aliada. Então ao invés de remover o solo no momento de preparar esse solo para o plantio, se faz a semeadura direta sobre a aliada de uma cultura antecessora anteriormente plantada.”

“Isso faz com que várias operações sejam evitadas. Vários implementos agrícolas deixam de ser utilizados para remover o solo porque não há mais necessidade. Isso reduz em muito o uso de combustíveis fósseis. Além de diminuir, por exemplo, a infestação de plantas daninhas e pragas uma série de coisas. E aí você deixa de utilizar pesticidas, inseticida, fungicida e herbicida. Isso faz com que se diminua sua produção e logo isso gera menos emissão de CO2. O Brasil especialmente na parte de suinocultura e em reaproveitamento ou aproveitamento dos dejetos suínos, transformando esses dejetos em gás metano em um gás para ser utilizado na cozinha evitando que esse metano seja liberado para a atmosfera, além de outras enormes possibilidades que existem”, explica o professor.

 

Como o Brasil pode alcançar a meta de redução de emissão de carbono?

A meta assumida pelo Brasil é reduzir em até 50% as emissões de gases de efeito estufa até 2030. Será possível?:“Não é algo simples de se alcançar. De acordo com especialistas, para que o país alcance as metas de reduções ele precisa seguir uma estratégia baseada em três pilares. Primeiro seria a precificação de mercado, segundo investimento em energias renováveis e terceiro a preservação ambiental. Sobre a precificação as informações elas revelam que ela está mais ou menos bem estabelecida, mas ainda existem gargalos como é o caso da contabilização dupla de carbono para quem vende e para quem compra.”

“Por outro lado, segundo o Banco Mundial, a precificação de carbono para a mitigação das mudanças climáticas gera importantes contribuições. Em relação ao investimento em energias renováveis, embora o Brasil seja bem encaminhado, se a gente pode então colocar um exemplo de uma equação que saiu recentemente de que a energia fotovoltaica, aquela produzida pela energia solar já corresponde à produção de energia de uma Itaipu, mesmo assim pode avançar muito ainda. Já a preservação ambiental eu avalio como sendo o ponto mais fraco especialmente se considerarmos os atuais níveis alarmantes de desmatamento da Amazônia”, detalha o professor Edson.

 

Qual a importância da extensão do mercado de carbono para o Brasil?

De acordo com especialistas em economia do meio ambiente, a principal vantagem competitiva do Brasil é a capacidade de ofertar de 30 a 50 % de todas as oportunidades de mercado de carbono no mundo.

“E essa capacidade ela se dá principalmente pela grande quantidade de ativos ambientais. O que faria do país um grande credor. Em relação a esses ativos ambientais, o Brasil tem, por exemplo, uma ampla cobertura florestal, ou seja, algo em torno de 60% da nossa área ainda está com cobertura vegetal. Além disso, é o país com maior biodiversidade do planeta e outra coisa é a maior disponibilidade hídrica do mundo. Então em relação às condições basicamente naturais, o Brasil pode avançar muito, ele tem potencial para uma série de ações e que tornam ele um dos principais atores, um dos principais players nesse mercado de carbono. Um dado importante é que o relatório de Estado e tendência de precificação de carbono do Banco Mundial divulgado neste ano, diz que a precificação do carbono gerou US$ 53 bilhões de dólares em receitas no ano passado, em 2020 e este valor ele representa, portanto uma alta de 17% em relação ao registrado no ano anterior, então este é um mercado em franco crescimento.”, finaliza o professor.

 

(Débora Damasceno/ Sou Agro)

 

 

 

 

(Débora Damasceno/Sou Agro)