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Mercado de carbono: como o Brasil se destaca no setor?
#souagro| A emissão de carbono tem sido um assunto muito debatido nos últimos tempos. Na COP-26, por exemplo, o Brasil foi protagonista no assunto. Com todas essas discussões, o governo tem expectativa de que o novo mercado global de carbono movimente em torno de US$ 50 bilhões ao ano, sendo que a estimativa do governo é que US$ 10 bilhões sejam destinados ao carbono que o Brasil vai exportar. Além disso, o Brasil anunciou que pretende reduzir em até 50% as emissões de gases de efeito estufa até o ano de 2030. Para entender o assunto, ouvimos o engenheiro agrônomo e professor da PUC-PR, Edson Kaefer.
VEJA O VÍDEO:
MERCADO DE CARBONO O QUE É?
Muito se fala no mercado de carbono, mas afinal o que ele é e como funciona? O professor Edson Kaefer detalha o setor: “Esse mercado de carbono foi um termo criado durante a ECO 92 que ocorreu no Rio de Janeiro em 1992 e que ao longo de diferentes Conferência das Nações Unidas sobre as mudanças climáticas foram debatidas. Aí esse termo crédito de carbono e o mercado de carbono foi ganhando forma. Cada país hoje tem uma meta em reduzir a emissão de gases de efeito estufa e aí sempre mencionando especialmente o CO2, e o gás metano também entra nesse processo. Então esse termo foi gerado sobre basicamente CO2, mercado de carbono.”
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Como ele funciona?
“Se faz uma conta no geral, quanto se deve reduzir mundialmente a emissão de CO2. E é aí que cada país em função do histórico de emissão de CO2 que tem uma meta para a redução desse gás. Para diminuir os gases do efeito estufa especialmente CO2. Mas alguns países têm maior dificuldade em atingir essas metas. E aí criou-se um mecanismo que permite que esses países que produzem mais e que têm maior dificuldade adquiram créditos de carbono de países que produzirão abaixo de sua meta. Ou seja, aqueles que limitaram a sua produção de carbono e aí surgiram então o mercado de carbono.”
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BRASIL E AS ENERGIA RENOVÁVEIS
E quais são os potenciais brasileiros e suas energias renováveis? “A gente já sabe e ouvimos falar muito do etanol que é a produção do álcool a partir da cana, do biodiesel, energia eólica que é a produção de energia a partir do vento, energia fotovoltaica que é a que tem crescido muito ultimamente, que é a produção de energia a partir da luz solar. Isso sem falar obviamente das hidrelétricas”, detalha o professor.
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ENERGIAS RENOVÁVEIS NO AGRO
A agricultura tem um grande potencial quando falamos em energias renováveis: “Quando a gente olha para a agricultura e para o lado do Agro, a gente tem a chamada agricultura de baixo carbono. Uma agricultura de baixo carbono é outra responsável por diminuir a emissão dos gases de efeito de estufa especialmente CO2, porque a agricultura de baixo carbono é basicamente a utilização do plantio direto sobre a aliada. Então ao invés de remover o solo no momento de preparar esse solo para o plantio, se faz a semeadura direta sobre a aliada de uma cultura antecessora anteriormente plantada.”
“Isso faz com que várias operações sejam evitadas. Vários implementos agrícolas deixam de ser utilizados para remover o solo porque não há mais necessidade. Isso reduz em muito o uso de combustíveis fósseis. Além de diminuir, por exemplo, a infestação de plantas daninhas e pragas uma série de coisas. E aí você deixa de utilizar pesticidas, inseticida, fungicida e herbicida. Isso faz com que se diminua sua produção e logo isso gera menos emissão de CO2. O Brasil especialmente na parte de suinocultura e em reaproveitamento ou aproveitamento dos dejetos suínos, transformando esses dejetos em gás metano em um gás para ser utilizado na cozinha evitando que esse metano seja liberado para a atmosfera, além de outras enormes possibilidades que existem”, explica o professor.
Como o Brasil pode alcançar a meta de redução de emissão de carbono?
A meta assumida pelo Brasil é reduzir em até 50% as emissões de gases de efeito estufa até 2030. Será possível?:“Não é algo simples de se alcançar. De acordo com especialistas, para que o país alcance as metas de reduções ele precisa seguir uma estratégia baseada em três pilares. Primeiro seria a precificação de mercado, segundo investimento em energias renováveis e terceiro a preservação ambiental. Sobre a precificação as informações elas revelam que ela está mais ou menos bem estabelecida, mas ainda existem gargalos como é o caso da contabilização dupla de carbono para quem vende e para quem compra.”
“Por outro lado, segundo o Banco Mundial, a precificação de carbono para a mitigação das mudanças climáticas gera importantes contribuições. Em relação ao investimento em energias renováveis, embora o Brasil seja bem encaminhado, se a gente pode então colocar um exemplo de uma equação que saiu recentemente de que a energia fotovoltaica, aquela produzida pela energia solar já corresponde à produção de energia de uma Itaipu, mesmo assim pode avançar muito ainda. Já a preservação ambiental eu avalio como sendo o ponto mais fraco especialmente se considerarmos os atuais níveis alarmantes de desmatamento da Amazônia”, detalha o professor Edson.
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Qual a importância da extensão do mercado de carbono para o Brasil?
De acordo com especialistas em economia do meio ambiente, a principal vantagem competitiva do Brasil é a capacidade de ofertar de 30 a 50 % de todas as oportunidades de mercado de carbono no mundo.
“E essa capacidade ela se dá principalmente pela grande quantidade de ativos ambientais. O que faria do país um grande credor. Em relação a esses ativos ambientais, o Brasil tem, por exemplo, uma ampla cobertura florestal, ou seja, algo em torno de 60% da nossa área ainda está com cobertura vegetal. Além disso, é o país com maior biodiversidade do planeta e outra coisa é a maior disponibilidade hídrica do mundo. Então em relação às condições basicamente naturais, o Brasil pode avançar muito, ele tem potencial para uma série de ações e que tornam ele um dos principais atores, um dos principais players nesse mercado de carbono. Um dado importante é que o relatório de Estado e tendência de precificação de carbono do Banco Mundial divulgado neste ano, diz que a precificação do carbono gerou US$ 53 bilhões de dólares em receitas no ano passado, em 2020 e este valor ele representa, portanto uma alta de 17% em relação ao registrado no ano anterior, então este é um mercado em franco crescimento.”, finaliza o professor.
(Débora Damasceno/ Sou Agro)