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Entidades do agro organizam ato contra campanha do Bradesco

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Débora Damasceno
Débora Damasceno

Entidades do agronegócio mato-grossense repudiaram campanha de marketing do Bradesco e vídeo publicado pelo banco que sugeria redução no consumo de carne. Em nota o Sindicato Rural de Cuiabá pede respeito à pecuária nacional e ao trabalho realizado pelos pecuaristas do estado.

Acontece na próxima segunda-feira, 03 de janeiro, em várias localidades do Brasil, um ato simbólico contra a campanha divulgada pelo Bradesco, a “Segunda COM Carne”. Em Cuiabá, a capital do maior estado produtor de bovinos do país, o Sindicato Rural, a Associação de Criadores de Mato Grosso – Acrimat, a Nelore MT e a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu -ABCZ, realizarão um churrasco em frente a agência central do banco em repúdio às ações do banco.

 

Esta ação é resultado da indignação dos produtores rurais contra uma campanha publicitária do Bradesco na qual em um vídeo aparece uma jovem sugerindo reduzir o consumo de carne e adotar a prática de comer um prato sem carne pelo menos um dia da semana, às segundas feiras, no movimento que ficou conhecido como Segunda Sem Carne.

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Em nota de repúdio, o Sindicato Rural de Cuiabá se manifesta:

Com o maior rebanho bovino do país e com a grande responsabilidade de alimentar o planeta, não podemos admitir ações que denigram o trabalho da pecuária brasileira.

Nossos modelos de produção utilizam práticas sustentáveis, pastagens produtivas e integrações para a criação de bovinos que contribuem positivamente para o balanço de carbono. Por isso NÃO CONCORDAMOS com esta desinformação propagada pelo BRADESCO.

 

ABCZ

Em nota, a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), disse que “é inacreditável que uma instituição financeira preste um desserviço social como este, desaconselhando o consumo desta excelente fonte de proteína, cujos benefícios já foram cientificamente comprovados”.

IMAC

Também por nota, o Instituto Mato-Grossense da Carne (Imac), afirma que “os modelos de produção que utilizam pastagens produtivas para a criação de bovinos contribuem positivamente para o balanço de carbono, sequestrando como gasto desse gás que produção a pecuária emite. Dessa forma, podemos dizer seguramente que a pecuária brasileira já resolve seus problemas com carbono. Além disso, vale ressaltar, que nosso código florestal é exigente e foi construído a várias mãos, considerando órgãos de pesquisas nacionais e internacionais, terceiro setor, órgãos públicos e privados e amplamente discutido. A aplicação de nosso CF garante a preservação de mais de 60% do território brasileiro. Dessa maneira, não é aceitável associar a responsabilidade integral pela emissão de gases de efeito estufa com a pecuária brasileira, tão pouco faz sentido ou possui respaldo científico a sugestão de reduzir o consumo de carne bovina no Brasil.”

 

Nelore Brasil

A Associação dos criadores de nelore do brasil se posicionou fortemente em defesa da pecuária nacional, leia abaixo parte da nota da entidade assinada pelo seu presidente nabih amin el aour:

A ACNB vem publicamente manifestar seu repúdio contra às manifestações públicas, tendenciosas, e sem o devido conhecimento a respeito da cadeia produtiva da carne bovina brasileira. vimos ainda convidar os chamados “influenciadores”, organizações (incluindo cervejarias e instituições bancárias), e o público em geral, a conhecer em mais detalhes o sistema produtivo da carne bovina brasileira, responsável pela geração de receitas, e pela produção de alimentos para o brasil e diversos países do mundo.

 

Por natureza, os bois emitem gás metano, derivado de seu processo digestivo. porém, é fato que, especialmente no brasil, os bois são criados sempre ao ar livre, na maioria das vezes em pastagens, onde os gases emitidos e a água consumida são também absorvidos peo meio ambiente. Com isso, o potencial efeito prejudicial à natureza é minimizado, e em muitas situações, onde as pastagens são cultivadas e intensificadas, a produção de carne brasileira gera os chamados créditos de carbono.

A seleção genética implementada no rebanho bovino no país vem, ano a ano, propiciando o encurtamento do ciclo de produção e o aumento da eficiência produtiva, naturalmente, reduzindo a emissão de gases pela atividade pecuária. A atividade pecuária brasileira está ciente, e há tempos, comprometida com a sustentabilidade do planeta! Esperamos que outras atividades, especialmente urbanas, também se comprometam com este desafio.

 

Ministro chamou de “ridícula” a propaganda

Uma das pessoas que também ficou indignado com a campanha contra o Bradesco foi o ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles que, por meio de suas redes classificou a campanha do banco como “ridícula”.

“Que propagandazinha mais ridícula hein @Bradesco ! Não tem cabimento trabalhar contra a pecuária brasileira! Viraram a ONU agora ?!??! Adotar um Parque da Amazônia no programa #adoteumparque que é bom … até agora nada…!“

 

Estância Bahia

Em comunicado publicado nas redes sociais, a Estância Bahia Leilões anunciou o rompimento das relações financeiras com o banco Bradesco. A empresa, uma das principais do país no ramo de leilões, classificou a propaganda do banco nas redes sociais que associa a pecuária à destruição da camada de ozônio de “ato de insanidade”.

“Em respeito à pecuária brasileira e indignados com o ato de insanidade do Bradesco, que viola os nossos mais de 40 anos de relacionamento bancário, retiramos 100% de nossa movimentação financeira da instituição”, diz o texto assinado pelo empresário Maurício Cardoso Tonhá, proprietário da Estância Bahia Leilões.

 

A empresa, que tem sede em Cuiabá (MT), está presente nos principais Estados brasileiros. Conforme material publicitário em seu site na web, tem 15 mil clientes cadastrados, “com alto poder aquisitivo”, 260 leilões por ano e 310 mil animais comercializados.

SINDICATO RURAL DE CASCAVEL

O Sindicato Rural de Cascavel/PR também se manifestou, parte da carta de repúdio da entidade diz o seguinte: “O Sindicato Rural de Cascavel, representante dos produtores rurais de Cascavel pública sua indignação com a instituição financeira Bradesco, autora de uma campanha publicitária intitulada “Carbono Neutro consumo de carne bovina sob justificativa de que a pecuária de corte contribui para emissão dos gases de efeito estufa. O agro brasileiro é responsável por mais de 20 milhões de empregos, alimenta 1,5 bilhão de pessoas e gera, a partir do cultivo da terra, mais de 1/3 do PIB de nosso país. O Brasil pratica o plantio direto economizando água e impedindo a emissão de metano na produção de alimentos em larga escala, além de criar o boi verde.”

 

(FONTE: Agronews)

(Débora Damasceno/Sou Agro)