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AGRICULTURA

Fim dos terraços contribui para processo erosivo

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Vandre Dubiela
Vandre Dubiela

 

A importância dos murunduns ou terraços no combate à erosão hídrica e sua contribuição no manejo da água e na produtividade das lavouras são partes da pesquisa desenvolvimento na fazenda–escola da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).

O projeto “Monitoramento Hidrossedimentológico em Microbacia Hidrográfica e Encosta no Alto Rio Tibagi, Paraná” avalia o impacto do Sistema de Plantio Direto no escoamento, erosão e produtividade de grãos na escala de encosta e de bacia hidrográfica. A iniciativa é do grupo de pesquisa em Conservação do Solo e da Água da Universidade Estadual de Ponta Grossa, em conjunto com a Universidade Federal do Paraná (UFPR), Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná) e Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais (Cescage). Ainda, o projeto de longa duração faz parte do Programa Rede de Agropesquisa Paraná, que conta com apoio financeiro do Senar-PR e da Fundação Araucária.

A pesquisa, iniciada em março de 2019, parte da análise de duas megaparcelas instaladas em uma microbacia hidrográfica severamente degradada pelo uso do Sistema de Plantio Direto de forma inadequada. A partir de então passou-se a monitorar 36 pontos dos atributos do solo, além do caminho da água, ou seja, a perda de nutrientes, o processo erosivo e seu impacto na produtividade das lavouras. Em uma megaparcela foram instalados terraços, enquanto na outra não. “Existe um equívoco por parte dos agricultores que acham que Plantio Direto resolve qualquer problema de erosão. Primeiro que o produtor não vê, pois a palha fica em cima, mas a erosão acontece por baixo.

Em algumas situações muito extremas, a palha é transportada pela intensidade da enxurrada. O problema não é só a perda de solo, mas da água dentro do sistema, pois temos um agravante nesta escassez hídrica que é a água que não penetra para carregar lençol freático”, avalia a coordenadora do projeto, Neyde Fabíola Balarezo Giarola, do Departamento de Ciências do Solo e Engenharia Agrícola da UEPG.

O que ocorreu na região foi que, com a adoção em larga escala do Plantio Direto nas lavouras, os produtores foram abandonando a prática do terraceameto, que tem grande importância ao frear o escoamento superficial da água da chuva, possibilitando sua posterior infiltração no terreno. “Temos várias evidências que mostram que os terraços estão fazendo falta no manejo de solo paranaense”, pondera Neyde. Ainda segundo ela, a pesquisa conduzida na fazenda da UEPG sofreu, nestes primeiros anos, com a estiagem severa que incide sobre o Paraná.

“Estamos esperando que chuvas mais intensas e mais contínuas aconteçam para que possamos, de fato, começar as avaliações com, no mínimo, 10 chuvas ou enxurradas por ano. Porém, por conta da seca, só tivemos dois eventos como esse em 2021”, explica a coordenadora do projeto.

“Dos dois eventos de chuva, um não serviu. Estamos baseados em um resultado, o que é muito pouco. Precisamos de chuva para continuar o trabalho. Mesmo assim, as primeiras avaliações, que são visuais, indicam que a perda de nutrientes foi menor na parcela com terraços”, avalia Neyde.

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Outro fator observado foi a produtividade do milho, superior na parcela com terraços, segundo ela, provavelmente devido ao volume de água conservado na área. “Ainda não tem os dados todos levantados. Mas pela especulação nossa, deve ser isso”, completa.

A pesquisadora também atenta que a convivência dos terraços com os maquinários agrícolas atuais é possível e deve ser buscada. “As áreas podem ser ajustadas para que as máquinas possam passar por todos os locais. Plantamos milheto em cima dos terraços, para depois entrar com o milho, com objetivo de estabilizá-los.

Na parcela com os terraços, toda área está sendo cultivada, só no primeiro ano, quando o terraço foi instalado [e ainda estava instável], que isso não aconteceu, mas hoje a máquina passa em cima dos terraços”, explica.

 

Fonte: Faep/Senar

 

(Vandre Dubiela/Sou Agro)